Angel with a shotgun

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- Eu vou voltar de noite ou amanhã de manhã. Nesse tempo você está responsável por proteger essas pessoas, Carl. - Rick dizia com a mão no ombro dele. Eu estava um pouco afastada mas perto o suficiente para ouvir a conversa dos dois. - É só continuar fazendo o que você faz de melhor. - Carl apenas assentiu e Rick o braçou, se despedindo. Ele deu um beijo na testa de Judith, que estava com a Carol, e se virou pra mim.
- Não deixa ele se meter em encrenca, Sam. Você sabe como ele é explosivo. - Rick disse com um meio sorriso. Por canto de olho eu vi Carl revirando os olhos, mas sorrindo, eu sabia que por trás daquela pose de durão tinha um garotinho sensível.

Ver todos eles ali me fez ficar com um aperto no coração. Por mais que eu não quisesse, eu estava me apegando muito a todos eles, principalmente a Daryl, Maggie, Rick, e por incrível que pareça, a Carl. Saber que todos ali estavam indo na direção de milhares de walkers, e que eles poderiam correr o risco de serem pegos até mesmo por pessoas, me fez ter certeza que agora eles eram a família que eu nunca tive. Eles me acolheram quando eu estava sozinha e, querendo ou não, com medo. Eu devia a minha segurança e minha felicidade a eles, por que nesses dois dias que estou aqui, eles conseguiram me fazer sorrir e sentir coisas que eu só senti pelo meu irmão.

Meu irmão, eu ainda tinha esperanças de encontrá-lo, e, quando as coisas se estabilizassem por aqui eu iria procurá-lo. Daryl me lembrava muito ele, os dois eram corajosos, fortes e me faziam sentir segura. Mas a coisa mais marcante que eu observava neles, era que ambos tinham a necessidade de proteger todo mundo, sem exceção. Meus olhos começaram a se encher de lágrimas, e eu fiz a única coisa que tinha vontade no momento. Corri na direção de Daryl, que estava arrumando as coisas na sua moto, e o abracei. Ele ficou surpreso no começo, assim como todo mundo ali, mas depois retribuiu o abraço.
- Por que você tá chorando, fantasminha? - só aí que eu percebi que tinha algumas lágrimas no meu rosto.
- Eu não sei, eu só não quero perder vocês. - eu disse o soltando. - Por favor toma cuidado. - eu dizia baixo. Ele deu um meio sorriso assentiu.
- Você não vai nos perder, Sam. Eu prometo pra você.
Eu o abracei de novo, já parando de chorar, e quando me soltei dele vi que todo mundo olhava pra gente. Eu fiquei com vergonha, mas por não por estar demonstrando que via Daryl como alguém extremamente importante pra mim, mas por estar chorando na frente de muitas pessoas, elas pensariam que eu era fraca. Sai de perto dele e fui para perto de Maggie, que me abraçou de lado.

Rick nos olhou pela última vez e entrou no carro, saindo pelo portão de Alexandria. Carol se virou com Judith e foi em direção a casa de Rick junto com Maggie.
- Você vem, Sam? - ela me perguntou a alguns passos de distância.
- Não, eu vou ficar por aqui mesmo. - disse com um sorriso.
Ajeitei minha arma na cintura e olhei pra Carl. Ele parecia pensativo, com a cabeça baixa e o rosto escondido pelo chapéu. Estava começando a ir na direção dele, mas Enid chegou correndo e foi falar com ele. Eu não ia com a cara daquela menina, primeiro que ela já me odiava sem eu ter feito nada, e segundo que Carl parecia feliz com ela, talvez até se abria com ela, e por isso não dizia nada pra mim. Bufei e dei meia volta, encontrando Ron olhando os dois de longe com o punho cerrado. Comecei a ir na direção dele, o que estava acontecendo ? Eu sei que perder o pai não deve ter sido fácil, mas não era justo ele culpar o Carl por isso.
- Hey, Ron. - eu disse chegando perto dele.
- Ah, oi, Sam. - ele disse tirando os olhos dos dois pombinhos que conversavam animadamente perto do portão. - Tudo bem?
- Eu estou bem. Mas parece que você não. O que houve? - eu perguntei chegando mais perto . Ele só revirou os olhos e mostrou Carl e Enid com a cabeça.
- Enid era minha namorada, ou quase isso, mas desde que ele chegou ela não sai do pé dele. Ridículos. - ele disse com raiva.
- Ah, entendi. - eu não sabia o que falar, nunca tive um namorado ou algo do tipo, não sei o que é sentir esse ciúmes. - Vai ver ela só quer fazer você sentir ciúmes, chamar sua atenção.
- Você acha? - ele perguntou com uma voz esperançosa, me olhando.
- Aham, claro. - eu disse meio incerta.
- Quer dar uma volta? - ele perguntou do nada.
- Ah, pode ser. - eu disse com um sorriso sem graça.

Monster // Carl GrimesWhere stories live. Discover now