Capítulo 5

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O homem chamava-se Pedro tinha sido um dos melhores arqueiros do antigo lorde. Honestamente Aleistar não se lembrava de o ter expulsado e descobriu que efectivamente não o tinha feito. Pedro tinha abandonado o clã porque o seu irmão tinha sido preso, e desse sim, Aleistar se lembrava.

Dreck era um homem complexo, passado alguns dias a trabalhar ao lado dos soldados ingleses rebelou-se e matou 3 homens até ter sido apanhado. Dreck foi julgado pela lei inglesa, que se revelou mais ténue que a escocesa, como tal dele foi feito exemplo para todos os outros que pensassem em se rebelar.

As famílias dos soldados ingleses gritavam que sangue so podia ser pago com sangue mas Aleistar manteve-se firme e apos uma tortura em praça publica prendeu Dreck.

Dreck era um homem fiel aos seus ensinamentos, um coitado tal como Pedro. Contudo o sofrimento de Pedro por alguma razão parecia culpa de Aleistar, talvez por o ter observado em primeira mão. De acordo com Enzo ele não tinha que se sentir assim, pois ele próprio obedecia a ordens superiores e tinha que ser rígido. Se fosse a dobrar as regras por cada caso triste perderia o controlo do povo e o respeito do seu exército.

E deus sabia que Aleistar fazia de tudo para não se culpar, mas á noite o pior dos seus pesadelos sempre encontrava uma forma de o atormentar. Mas a dor de Pedro não seria mais uma para Aleistar levar.

-Pedro – o homem a custo levantou o olhar – perdoe-me nunca esperei que isso viesse a acontecer.

-Milorde a culpa não foi sua, eu que roubei! – a feição de Pedro mostrava a sua dúvida e incompreensão do pedido de Aleistar.

Aleistar estava a falar demasiado mas agora não conseguia se calar, cada palavra aliviava-lhe a alma.

-Roubou porque destrui a sua famila, a verdade é que não sei como agir entre este povo, são tao diferentes dos ingleses mas ao mesmo tempo tão iguais, não são nada do que esperei..

-Lorde – Interrompeu Pedro

-Espere deixe-me terminar. Quero-lhe pedir primeiro que me perdoe e segundo que me dei uma oportunidade como seu lorde, regresse não para ser um agricultor mas sim meu conselheiro, represente o seu povo e ajude-me a tomar as melhores decisões para ele.

A mulher de Pedro, que até agora mantinha a cabeça baixa enquanto balançava o menino, olhou para Aleistar com os olhos a lacrimejar e nesse momento ele pude ver, para além das feridas da mulher, a sua verdadeira e pura beleza, ela era linda! Não pelo seu cabelo loiro como sol ou lábios carnudos e sim pela emoção que seus olhos transmitiam e sinceridade, eles lembravam a Aleistar o cristal que tinha tanto de único como frágil. Pedro tinha tudo o que Aleistar em tempo sonhara ter.

-Obrigado Milorde! Muito obrigado por essa oportunidade, Mereda vamos voltar para casa meu amor!

O momento era para lá de emocionante, mesmo todo quebrado Pedro abraçava e beijava incansavelmente a sua mulher e filho que estavam no seu colo. Ele era um homem sortudo e agora Aleistar também por ter alguém como ele a seu lado. Um homem como Pedro não traia, tanto por honra como por ter mais a perder que a ganhar, o seu ponto fraco era demasiado grande para arriscar e ele sabia-o. A decisão de Aleistar tinha sido instintiva mas a correta e ele sabia-o.

Em silêncio Aleistar abandonou o quarto mesmo a tempo de ouvir o murmúrio do momento que no lugar de o irritar o intrigou e muito.

Jade estava no estábulo a ajudar o velho Odín com os seus animais. Ela estava apaixonada por um deles o lusitano preto chamado Dyn, ele era um espirito lindo e lembrava-lhe de uma lenda que o avo costumava-lhe contar, algo sobre os grandes herói do mundo que quando morriam os deuses lhes davam a honra de reencarnarem num cavalo. Porque um cavalo, o seu avo nunca chegou a lhe contar, acabou morrendo para uma das várias doenças que o frio trazia.

-Ele é algo de especial não acha irmã?

Essa voz, Jade reconhecia era o ladrão, o bastardo o nojento que julgava-se Lorde.

-Sim! – a sua resposta sai mais bruta que ela pretendia.

-Algo errado? Estava a ter um momento de comunicação com Deus e interrompi-a?

Ele estava a gozar com Deus e divertia-se, e os animais eram os escoceses.

-Goza com deus!? Como se atreve! É uma falta de res...- Jade foi interrompida pelo riso alto e sedutor de Aleistar.

-Oh irmã desculpe não foi minha intenção acredite. – ele tentava controlar o seu riso mas não conseguia era estranho mas Jade não queria que ele parasse de rir era harmonioso o som. – Simplesmente não percebo como alguém pode se perder para um hábito.

Aleistar estava próximo a ela, demasiado próximo, e isso não devia de a incomodar. No fundo Jade queria acreditar que era raiva que ela sentia, mas deu por si a apreciar a rigidez das feições dele e a sua barba por aparar, tal como os seus olhos qual seria a cor deles.

-Gosta do que vê, irmã? – o ar que saia da boca dele acariciavam a face de Jade, agora sim demasiado perto.

Jade imediatamente desviou se e fugiu do estábulo, embora ela sentisse que por mais que fugisse nunca esqueceria aquele momento.

Quando pensou estar a salvo no meio da floresta tirou aquela peça horrível que lhe escondia o cabelo e refrescou-se num riacho.

Ela não sabia quanto tempo tinha estado lá até se levantar para se arrumar e voltar á cidade até se voltar para trás e o ver lá, deitado encostado a uma árvore a observa-la.

-Mas que ..

Ele levantou-se de uma forma calma e assertiva que Jade considerou sensual, desde quando ela o achava sensual. Ele era um animal, ele destruiu a sua família, porque seu cérebro não percebia isso.

-Levou bastante tempo não? Já imaginou se eu fosse outra pessoa que lhe quisesse matar?

-Porque alguém tentaria matar uma freira? Ou observar? A menos que seja um tarado não acha, lorde?

Outra vez lá estava o som mais melódico que Jade já tinha ouvido, a gargalhada daquele bicho.

-Talvez, ou talvez aquele tarado só queira garantir que não fosse morta primeiro, não concorda senhorita Campbell?

Ela não queria acreditar no que tinha ouvido, como ele tinha descoberto, seria alguma piada de mau gosto. Jade lutava para controlar a sua respiração, ela estava no meio do nada com o homem que tencionava matar e ele sabia disso e estava aqui a falar com ela calmamente. Instintivamente ela começou a procurar soldados na floresta mas nada só eles no meio da vegetação.

Ela tentava formar palavras contudo mal conseguia levar ar aos pulmões quanto mais falar e sua expressão a denunciava de certo.

Aleistar que antes pareceu se divertir com o olhar confuso de Jade agora parecia legitimamente preocupado e rapidamente aproximou-se dela mas só a tempo de lhe amparar a queda quando esta desmaiou.

Marina já estava preocupada Jade já tinha desaparecido a horas e ela tinha que lhe contar que o velho Odín tinha dito a uns homens quem elas eram de verdade e que agora era preciso ter o dobro do cuidado. Ela sabia que não deviam ter confiado em ninguém mas Jade era uma cabeça dura e acreditava demasiado nas pessoas. Odín tal como quase toda a gente naquela sala importavam-se mais com fama e dinheiro que honra, fidelidade e família qualquer cego conseguiria ver isso mas não Jade, ela é o pior tipo de cego que existe. Aquele que tem a realidade á frente dos olhos contudo não a vê porque esta tem a sua mente pressa a um objectivo que o resto perde a importância. Deus fizesse Marina estar enganada mas isso seria a destruição de Jade.

Umas mulheres começaram a falar com Marina, pela terceira vez no dia pediam lhe que reza-se por uns enfermos, era isso a pior parte do disfarce. Ver aqueles pobres a lhe pedirem ajudar e ela saber que é uma impostora e que nada pode fazer por eles, contudo ela rezava não por eles mas por si própria, podia ser que Deus se sentisse bem humorado e a perdoa-se de todos os seus crimes, como se eles tivessem perdão.

Como já se mostrava hábito os seus pensamentos foram interrompidos pelos gritos das mulheres quando um homem, com uma capa a tapar-lhe a face, entrou todo encharcado na pousada com uma mulher também coberta ao colo. Imediatamente Marina a reconheceu como Jade e depois se apercebeu que quem a carregava era Aleistar. Que havia se passado... 

A Bastarda (Livro 1  da Série Os Campbell)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora