- Eu não consigo, preciso respirar, preciso de ar. - disse ofegante, minhas pálpebras queriam se fechar, minha mente viajou para outro lugar, meu coração disparou, embora meus sentidos estivessem se perdendo aos poucos.

Morfeu se virou para mim segurando meus ombros e encarando meus olhos, suas mãos quentes, mesmo cobertas pela luva roxa, me confortavam, me traziam um certo alívio de estar com ele.

- Você precisa pensar em alguma maneira de explodir aquilo ali amor. - disse Morfeu devagar, acompanhei seu olhar para a parede de espinho atrás dele. Entrei em pânico, não tinha volta, era como se as paredes feitas de árvores e galhos estivessem se estreitando aos poucos ao nosso redor. Não existia mais luz solar.

- Não consigo, nós vamos morrer. - arfei quando percebi que de fato a floresta ao nosso redor nos espremia, sua intenção era nos sufocar.

- Não, não vamos. Se você se lembrar das nossas brincadeiras, lembre Alyssa. - sussurrou ele segurando meu queixo delicadamente, seu olhar era cheio de admiração, eu não fazia ideia do motivo, as suas jóias ficaram verdes escuras, depois brancas e clarearam para um azul fraco e sublime. Seus cabelos chicoteavam em seu rosto alvo, em um tom escuro, sua boca rosada como de um desenho bem feito. Respirei fundo e abri os olhos observando ele.

- Você pode nos tirar daqui Morfeu, eu não consigo, nos tire daqui. - implorei quase chorando, minha garganta se fechava, assim como a floresta ao nosso redor.

- Não posso... - admitiu Morfeu me balançando pelos ombros, seu olhar ardia em expectativa. - Não tenho  sangue humano e intraterreno em mim, apenas esse pode nos tirar daqui, eu te conheço amor, sei que pode...

Balancei a cabeça negando, minhas lágrimas cederam quando senti as árvores espinhosas nas minhas laterais me apertarem um pouco, olhei para a nossa única esperança, coberta por espinhos, nossa única saída.

Fechei os olhos direcionando todo meu poder naquele ponto, a energia surgia em mim com força, mas meu medo reprimiu ela assim que lancei uma bola de poder roxo fumegante na parede espinhosa que era nossa saída. A parede de espinhos nem se moveu, nem se quer vibrou. Nada.

Congelei sentindo meu pulmão ser reprimodo cada vez mais, Morfeu estava imprensado em mim, suas mãos ainda seguravam meus ombros, fitei seus olhos esperando ver a decepção, mas ele ainda estava determinado, eu vi a fé que ele tinha em mim.

- Sinto muito, nós vamos morrer. - disse com a voz fraca em desistência.

- Não cheguei tão longe para morrer agora. - disse Morfeu firme, ele me passou uma segurança real, me lembrei de quando éramos crianças e eu confiava nele para me ensinar a voar. - Você só precisa esvaziar a cabeça, precisa de um pouco mais de emoção.

- Como assim? Ser sufocada não é bastante emoção? - perguntei arfando quando os galhos prenderam meus pés no chão, as árvores me empurravam para mais perto de Morfeu, enquanto ele era empurrado para a parede de espinhos, nossa saída. Eu estava na frente dele ainda perplexa.

- Eu pensei que bastaria, mas já sei como resolver isso. - disse Morfeu com um lampejo nos olhos. - Confie em mim, você precisa apenas libertar seu poder, não reprima ele.

- Tudo bem. - disse quando alguns galhos prenderam fios de meus cabelos.

Morfeu segurou meu rosto com as duas mãos, fiquei quieta, suas jóias piscavam em púrpura e vermelho cor de vinho. Seu olhar era firme e intenso. Senti minhas mãos encostarem na parede de espinhos atrás de Morfeu, alguns dos espinhos espetou meus dedos, mas a dor era suportável. O nariz bem moldado de Morfeu tocou os meus e uma carga elétrica atravessou meu corpo parando na ponta de meus dedos das mãos. Seu perfume me fez esquecer por um segundo da situação em que nós estávamos, não conseguia pensar em nada, tudo se fez um borrão quando fechei meus olhos sentindo a respiração de Morfeu em meus lábios que tremeram em resposta.

Ensnared - Fanfic da saga O Lado Mais SombrioWhere stories live. Discover now