Edward IV

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Assisti a garota nova se afastar com Angela ao seu lado, até o último segundo, nenhum pensamento.

Mesmo podendo ouvir o pensamento de Angela, ainda parecia difuso, nublado, como se estivesse ouvindo partes soltas. Além disso, o que quer que as duas tenham conversado não havia atravessado o salão.

Alice levantou-se como se desperta de um feitiço e se encaminhou para a porta quase correndo, sem dizer nada nem mesmo a Jasper.

Sua mente também estava fechada, eu podia senti-la ocultando suas visões.

- Alice, o que foi aquilo? - ela virou-se, os olhos inocentes.

- Aquilo? Do que você estava falando?

- Eu vi! Os flashes, as imagens de você e aquela garota.

- Você não sabe de nada, aquilo não é nada. De qualquer forma, não é da sua conta. - com um giro elegante ela virou e continuou a sua quase corrida.

- Eu não posso ouvi-la. - eu estava mais que frustrado.

Era a primeira vez que eu não ouvia os pensamentos de alguém. Mesmo que meus parentes, principalmente Alice, tivessem aprendido a controlar o que pensavam, era diferente. Daquela garota eu não tinha recebido nada.

E o sorriso vitorioso que ela me deu? O que aquilo poderia significar?

- Bem vindo ao clube. - Alice respondeu sem me olhar. Ela apressou o passo, mas de repente parou. Eu vi um flash de sua visão, eu com os dentes no pescoço da garota, e depois apenas o escuro, e não era porquê Alice estava me bloqueando, era o fim da visão.

- Oh! - o som ecoou pelo corredor agora vazio, Alice estava em choque.

- O que está acontecendo? - Jasper e os outros finalmente haviam nos alcançado.

- Não vá para a aula. - Alice pediu, havia uma profunda urgência em sua voz. Ela temia pela garota, demais, como temeria por um de nós.

- Você está sendo ridícula, Alice!

- Os dois estão - Rosalie nos cortou - Vamos, cada um para a sua sala, não queremos confusão. - ela saiu como se aquilo encerrasse a discussão.

Emmet a seguiu, mas Jasper não se moveu, sentindo todo o terror de Alice naquele momento.

- Querida, fale comigo... - ele a tocou e isso pareceu a tirar de uma espécie de transe, ela sorriu para ele, e depois para mim.

- Você não é um monstro, lembre-se disso. - ela disse e seguiu para sua aula.

Era uma escolha cuidadosa de palavras. Eu sempre me referia à minha sede como um monstro guardado em mim.

Havia muitos anos desde a última vez que eu o havia deixado sair, não importava quão misteriosa a garota fosse, eu não me perderia por ela, era o que eu queria acreditar.

Entrei na sala pouco antes da aula começar, a garota estava sentada na mesma mesa que eu, visto que eu era o único que ainda não tinha um parceiro de laboratório.

Caminhei até ela tentando olhar para o ponto vazio da minha cadeira. Um garoto loiro estava sentado encima da mesa, tagarelando o tanto quanto possível.

Ela me acompanhou com o olhar enquanto eu me aproximava, quando só havia dois passos entre nós seu cheiro me atingiu e não havia nada mais no mundo além desse fato. Eu a olhei nos olhos, sentindo a sede se apoderar de mim.

Algo em meu olhar deve ter desperto seus sentidos, pois ela se aprumou na cadeira e me encarou com certa dureza, quase um desafio.

- Sr Cullen e sr Newton, vocês vão me dar a honra de iniciar minha aula?

Eu estava preso no meio do corredor. Cogitei dar a volta e sair, mas a sede me impulsionou, ela estava bem ali, ao meu alcance. Sentei-me em minha cadeira com movimentos mais rígidos que o normal.

Já não estava respirando, mas mesmo a memória do cheiro dela era o suficiente para que minha boca se enchesse de veneno.

Jeitos rápidos e violentos de acabar com as testemunhas passaram pela minha cabeça.

Destruir as evidências.

Teria que matar dezoito crianças para consegui-la. A sede queimando não me deixou dúvidas de que eu o faria.

O plano se formava sem esforço, bloquearia a porta, mataria as testemunhas primeiro, e então ela saberia o que estava por vir, ela veria em meus olhos o monstro, mas eu a daria a vantagem de uma morte rápida. Seu sangue fluindo até mim, minhas mãos segurando seu frágil corpo enquanto minha boca em seu pescoço faria a vida se esvair.

Eu estava pronto para isso quando ela me olhou, corajosamente me medindo da cabeça aos pés, não com desejo, quase como um julgamento.

- Edward... - ela me chamou pelo primeiro nome, o choque atravessou meu corpo, por alguns segundos foi como se ela me conhecesse, há muito tempo, há tempo demais... - você não quer fazer isso. - seus olhos chocolates me prenderam, e então, eu não queria mais, eu não queria matá-la. Ainda havia a sede, mas eu estava fisicamente incapacitado de machucá-la.

Ela voltou a atenção para o professor e não me olhou mais. Eu continuei preso a cadeira, sem conseguir me levantar, sem respirar, sem saber como agir.

Eu estava furioso, ela havia tirado um prêmio de mim, sua vida, e ainda assim parecia ter me feito um favor.

"Você não quer fazer isso", quase uma ameaça, uma ameaça que ainda soava em minha cabeça, uma ameaça que havia me paralisado, me deixado impotente.

Usei toda minha força de vontade para olhar para frente, o professor falava sobre qualquer coisa inútil.

Foram longos minutos de tortura até a aula acabar, como se eu estivesse aprisionado em meu próprio corpo.

Pouco tempo antes do sinal tocar ela me olhou novamente, diretamente nos olhos, então sorriu, por poucos segundos eu me tornei consciente da sua beleza, havia algo de profundo em seus olhos castanhos, no desenho delicado da boca dela, rosada e convidativa.

Então o sinal tocou e me libertou de alguma forma, ela levantou primeiro, mas ficou parada me esperando, algo me dizia que ela me aprisionaria novamente. Se não em seus olhos, então com palavras.

Levantei-me já virando e saí da sala sem olhar para trás, eu precisava fugir, do meu monstro e do dela.

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Edwardzinho domado.

Eu odeio a versão do livro que o Edward é um demônio e a Bella acha que a culpa é dela ainda. Bom, nossa Bella o colocou em seu devido lugar. Não é?

Votem no capítulo, não deixem as fadas morrer.

E comentem. sacando q tem uns leitores fantasmas, sejam bem vindos, mas vamos nos amar virtualmente! Não sejam tímidos.

Aquele beijo.

Amanhã tem mais.

Crespúsculo - A IniciaçãoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang