Isabella III

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A manhã seguinte chegou rápido demais. Era o dia de começar os estudos, em uma nova escola, ser a forasteira, que todos rodeariam e encheriam de perguntas.

Aquilo tudo já seria desagradável mesmo se eu não tivesse passado os últimos anos tentando ser o mais discreta possível. O que era fácil em Phoenix numa escola com mais de três mil alunos, mas seria improvável na minha nova escola, com pouco mais de trezentos alunos.

Forcei-me a sair da cama, sentir o ar frio enlaçando meu corpo, logo estaria nevando, a cidade ficaria completamente sem sol, eu podia sentir a natureza cada vez mais se forçando sobre nós.

Abri a gaveta do meu criado mudo, como se algo vivo pudesse sair dali, então o livro negro se destacou entre os papéis antigos, peguei-o alisando a capa e sentindo meu coração disparar, meu corpo inteiro estava reagindo, era realmente hora de despertar.

Coloquei o livro na mochila e comecei a preparar-me para o dia, começar era algo em que eu não era boa.

Quando finalmente saí para fora da casa uma garoa fina caía, levantei meu rosto para aproveitá-la, então entrei no carro.

A velha caminhonete cheirava a gasolina, hortelã e cigarro, exatamente como eu me lembrava.

Dei a partida esperando alguma resistência, mas o motor pegou de primeira espalhando um ronco forte pela rua, era como voltar para um velho amigo, sorri e acariciei o volante.

Por anos havia sonhado em dirigir aquela lata velha que agora era minha. Sintonizei em uma rádio de músicas antigas e comecei meu curto caminho para a escola.

Logo estava entrando na antiga construção de tijolinhos a vista, embaçada pela chuva parecia mais com um condomínio do que com uma escola.

Depois de pegar meus horários na secretaria comecei a procissão de apresentações em cada aula. Os professores me faziam dizer meu nome, idade e de onde eu vinha, o que era ridículo, já que literalmente todos sabiam quem eu era.

Meu pai havia alardeado meu retorno para aparentemente todos os habitantes de Forks.

Ao final das aulas tinha a segunda parte da minha pequena tortura, os alunos, aos montes, querendo conversar, fazer perguntas, me levar pelos pequenos corredores que eu já conhecia só de olhar uma vez o mapa.

E eu tinha que sorrir, sorrir e ser o mais gentil possível, tudo era muito sufocante, mas essencial.

A primeira regra de sobrevivência é: misture-se. A segunda é: seja simpática. Sempre. Mesmo quando você está desejando fazer a pessoa a sua frente engolir a própria língua.

Pessoas corajosas e destemidas são odiadas. Só piora se você é uma mulher, então sorria e seja gentil, se não quiser ser queimada em uma fogueira.

Quando bateu o sinal para o intervalo, um garoto alto e com o cabelo preto como carvão se aproximou com o que parecia ser seu melhor sorriso.

- Você é Isabella Swan, certo?

- Bella - corrigi automaticamente - Por favor, me chame de Bella. - completei tentando ser mais simpática.

- Sou Eric. - ele estendeu a mão um pouco tarde demais, parecia atordoado, então o momento acabou tornando-se desconfortável.

Cogitei não pegar a mão dele, mas ser rude seria chamar mais a atenção, então a segurei por um segundo e depois me afastei deixando meus dedos resvalarem em sua mão, fazendo o contato parecer maior do que havia sido.

- Prazer, Eric. - falei bem devagar, o olhando nos olhos, depois disso ele ficou definitivamente aturdido.

- Eu te mostro onde é o refeitório, que tal?

Crespúsculo - A IniciaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora