O Castelo Vazio da Dama

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Naquela mesma noite, quando todos os alunos se recolheram em suas camas e os archotes foram apagados, Draco Malfoy se sentou naquele banco verde-esmeralda iluminado pela luz da lua que vinha pela única janela da masmorra.

Seus cabelos loiros estavam molhados e ele tremia levemente. Uma das vantagens de se tomar banho à noite, quando os banheiros estavam vazios, era que ninguém iria lhe observar e você poderia demorar o tempo que quisesse. Ele estava com um short azul claro de tecido fino, que deixava mais da metade de suas coxas aparecendo, e uma camiseta branca sem estampa que já estava ficando apertada. Em suas mãos, sua varinha, que iluminava seus pés branquelos e grandes.

Ele ziguezagueava a luz da varinha entre seus pés, os tapetes e algumas bolinhas de papéis que estavam espalhadas pelo chão, ao lado das mesas. A melhor coisa que os alunos da Sonserina conseguiam fazer, além de serem bons em praticamente tudo, era fazer sujeira. Draco já estava acostumado com aqueles papéis e pacotes de balas espalhados. Era comum.

Ele se sentou de forma certa no banco, encostado na parede de quadro às suas costas. Tudo que havia acontecido no dia passava como borrões em sua cabeça. O momento em que questionara Hermione sobre as faltas de Harry. Quando o mesmo garoto sorriu para Cho Chang, o que causou nele um leve ciúme. E quando aquele avião de papel pousou em sua mesa... Quando Harry Potter pediu que eles se encontrassem atrás da cabana de Rúbeo Hagrid.

Só de pensar no que havia acontecido naquele momento, todos os pelos de seu corpo se arrepiaram. E seus pelinhos loiros da coxa brilharam com a luz da lua quando eriçados. Então, repentinamente, enquanto seu corpo parecia esquentar de uma forma estranha e uma pressão se fez em sua virilha, aquele conhecido gorgolejar ecoou pela Sala Comunal.

O bruxo mais velho do mundo, com sua carranca habitual, estava sentado em sua ponte, em cima do rio de águas serenas e escuras que passavam. O homem segurava um pequeno ramo de flores, pela qual ele lutava em não se ferir, por conta dos espinhos. Pelo que conhecia do homem, aquelas eram as rosas que ele tanto queria entregar a sua Arabela, a moça que vivia na Torre da Corvinal junto com suas amigas costureiras na década de 20. Obviamente, Draco nunca tinha a visto, e tampouco viria a ver, mas conseguirá algumas informações sobre a mesma com um aluno da Corvinal. Por alguns momentos, não escutando o que o homem dizia, Draco desejava ser como um quadro poder viajar de parede em parede, entrar na Torre da Grifinória, observar Harry enquanto ele dormia...

Aquele mesmo arrepio retornou. Seus pelos se eriçaram e brilharam. Não. Não agora. Não enfrente ao quadro, Draco.

— Essas coisas acontecem do nada, sabe – comentou o homem. Draco tremeu ao escutar o que ele havia dito. O quadro havia percebido sua ereção, que ele tanto tentava esconder com uma das almofadas verdes que estavam no chão? — A paixão.

O coração de Draco deu um pulo em alivio. Seus pelos voltaram a ficar normais, enquanto ele se virava de frente para o quadro, para que o escutasse melhor.

— Ele nos atinge pelas costas, é traiçoeiro – continuou o homem. — Você acha que ele anda desarmado por aí, mas não. Tem uma arma em cada uma das suas mãos e quando você menos espera, ele te acerta. É certeiro. E é bem no coração. Não doem. Não nos primeiros momentos, afinal você está apavorado e sem reação, você tenta sentir o prazer do que está acontecendo. E então, quando sua ficha cai, quando seu coração dói, a ferida começa a encrostar, infeccionar e ferir, cada vez mais fundo. E o que você sente? Não é dor, muito menos paixão. É ódio. Você quer matar aquele ser que lhe atirou nesse submundo, que lhe entregou de mãos beijadas ao infinito, sem lhe questionar primeiro. Mas você não o acha, para lhe dar o troco. O desgraçado se esconde nos lugares mais escuros, naqueles que você mais tem medo de percorrer, com medo de algo pior do que o amor. Mas o que pode ser pior do que o amor, nada, certo? A única coisa pior que o amor, é o amor induzido. E é isso que acontece com todos nós.

O Destino de Draco MalfoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora