Dois Clãs

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Antes de tudo devo salientar que a idade original dos personagens foi modificada.. Já que a história se passa na Escócia em 1314, ou seja, acontecia de tudo lá, a jovem Mary teria treze anos, mas como prefiro evitar problemas aqui, a idade dela será dezessete anos, e vale lembrar novamente que na época em que acontece a trama, coisas relatadas na história aconteciam de verdade, e muitas vezes era bem pior. Então.. Espero que gostem.. 

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Uma moça sorria deixando o seu cabelo solto. Ela vestia um vestido simples para a filha mais velha de um importante clã escocês. Kristal encontrava-se sentada em meio as flores no jardim de sua casa, algo que ela apreciava, talvez ate mais que a sua própria família. Diante da frieza de sua mãe, a única que conseguia acalmar seu coração era Mary ou o jardim onde estava. Mary era sua irmã mais nova, ela possuía cabelos loiros, os quais haviam puxado da mãe delas, Marisa, uma mulher inglesa que o seu pai havia conhecido em uma viagem a negócios. Mary ainda tinha dezessete anos, mas alguns homens já mostravam-se interessados em sua beleza. Kristal suspirou ao lembrar-se de sua má sorte. Desde jovem havia sonhado com um casamento feito por amor, mas descobriu tarde demais que o dinheiro possuía mais poder naquela família. Ela estava prometida a um homem quase vinte anos mais velho que ela, apenas porque ele tinha oferecido uma maior vantagem que os outros pretendentes. O casamento estava marcado para o próximo outono e ela deveria conhecê-lo dali a alguns dias.

Estava tão absorta em seus pensamentos que não sentiu a presença de sua mãe ao seu lado.

–Vejo que não parou com esse habito ainda – Marisa disse em tom de censura ao lado da filha, a qual encontrava-se sentada no chão – uma lady não deveria estar desta forma. Como espera que o seu noivo, um maravilhoso homem, a veja se continuar se comportando de tal forma?

–Não me lembro de ter concordo com casamento algo – murmurou ao desviar o olhar – e veio me procurar por algum motivo, mamãe? – perguntou friamente. Desde pequena a Marisa a tratava friamente, apenas era carinhosa com Mary.

–Vim avisar-lhe que chegou uma carta de seu noivo. Ele virá no próxima final de semana. Espero que não a encontre em meio a uma cena bucólica como esta – disse antes de virar as costas e sair.

–Nessas horas queria ser como John e poder ir embora daqui – Kristal sussurrou ao lembrar-se de seu irmão do meio que havia ido embora de casa ao completar quinze anos. Ela levantou-se a contra gosto ao ir de encontro a sua casa, uma casa com três andares, que seu pai havia feito questão de comprar antes das batalhas contras os clãs estourarem. Em toda Escócia havia conflito até mesmo com outros países uma guerra havia sido iniciada. Assim que ela entrou em casa viu uma carta em cima da mesa da cozinha e com o semblante impassível a abriu.

Prezados Clã Campbell, estimo minhas sinceras desculpas por não poder comparecer na data prevista, entretanto já deve saber dos inúmeros incidentes causados pelo clã Andrews, o qual torna-se mais terrível a cada instante.

Estarei em vossa presença no próximo final de semana e estarei ansioso para conhecer a, linda jovem, Kristal, minha futura esposa.

Cordialmente

Lord McDonald

Kristal sentiu uma imensa vontade de colocar fogo na carta em sua mão, mas controlou-se, pois sabia que seu pai não gostaria de saber de tal comportamento. Ele ao contrario de sua mãe, sempre foi amável com ela, mesmo tendo colocado limites desde cedo a sua indomável filha. Em seu intimo, Kristal, imaginava que o único motivo pelo seu pai ter aceito o seu casamento com um homem tão velho fosse a guerra. Ele tinha medo de morrer e deixá-la desamparada. Suspirou pesadamente ao ir em direção ao seu quarto. A única coisa que ela desejava era poder fechar os olhos e sonhar com um amor, o qual ela não poderia ter.

****

O acampamento encontrava-se em euforia. Aquela batalha já era a quinta que eles ganhavam seguidas vezes sem a morte de nenhum membro. Todos felicitavam a apenas uma pessoa: o guerreiro negro. Provavelmente devido a sua fama ter se espalhado ninguém ousava confrontá-lo, a maioria fugia amedrontados apenas em vê-lo montado em seu garanhão tão escuro quanto a noite.

Brian Mac Andrews bebeu mais um gole do uísque que lhe foi servido, enquanto olhava para as mulheres acompanhadas de seus companheiros. Todos insistiam em pegar mulheres por cada cidade que passavam apenas para se divertir, deixando-as para trás, vivas. Entretanto Brian não via sentido naquilo tudo. Ele não conseguia entender como aquelas mulheres se submetiam a vontades tão sexuais apenas para se manterem vivas. Seu senso de orgulho era o maior já visto em todo o seu clã, muitos o chamavam de rei orgulhoso, mas para ele o seu orgulho servia como o seu escudo.

–Vai ficar o dia todo sentado bebendo sozinho? – o primo de Brian, Ewan, falou sorrindo ao sentar-se ao seu lado – Porque não escolhe uma mulher para se divertir?

– Não encontrei nenhuma que me agradasse – disse frio. Ewan e ele haviam crescido juntos e por tal motivo, talvez o único, capaz de lhe falar diretamente sem medo fosse ele. – Deveria se comportar, afinal Jocelyn está a sua espera. Não imagino o que faça ao saber que andou traindo-a.

–Assim me deixa triste – Ewan disse sorrindo – não trai Jocelyn. Sabe bem disso, apenas ri e bebi um pouco com a mulher. Não vejo nada demais nisso.

–Espero que ela também não veja ao saber – disse sorrindo levemente ao levantar-se e ir em direção a sua cabana.

–Não vai contar, não é? – gritou amedrontado – Não conte.

Brian apenas sorriu mais uma vez antes de deitar-se sobre a colcha no chão. Ele já estava ficando cansado de vagar sem rumo, matando pessoas, saqueando-as. Ele havia decidido voltar para a sua casa após a próxima batalha. Ele já estava pegando no sono quando escutou estranhos barulhos vindo de fora de sua cabana e não demorou para Ewan entrar com uma espada em punhos.

–Estão nos atacando – disse categórico ao ver o olhar de surpresa e ao mesmo tempo o olhar frio que Brian lhe lançava – é bom sair logo daí – disse antes de voltar para o embate.

Brin, com uma calma fora do comum, pegou a sua espada, que descansava ao lado de sua cama e saiu da cabana, surpreendendo-se com o que viu. Aproximadamente uns vinte homens o estavam atacando, e seus companheiros aparentavam não dar conta. Ele olhou para avaliar a situação e com um sorriso sádico caminhou em direção a sua primeira vitima.

Alguns homens estacaram ao ver o guerreiro negro ir para cima de dois homens ao mesmo tempo. Quem olhasse de longe não poderia imaginar que o homem com a expressão tão severa fosse tão sádico em matar os seus oponentes. Ele não cortava a jugular ou outros locais nos quais a morte seria rápida, muito pelo contrario. Ele preferia cortar os braços, as pernas e logo depois fazer um pequeno golpe nas costas de seu oponente, deixando-o no chão ate que ele morresse devido a perda de sangue. Quando lutavam contra Brian o medo de todos era de morrer lentamente em sua mão.

O Guerreiro Negro [RETIRADO dia 4/10] [CONCLUIDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora