Capítulo 12

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Por um momento, hesitei antes de sair de casa. Depois do que aconteceu noite passada é como se ver a senhorita Mountain simplesmente não fizesse mais sentido. É como se eu estivesse invadindo-a.

Andando de lá para cá, ouvindo os ponteiros rolarem em eu tic-tac nervosamente enumerado, tudo a ser feito é esperar.

— Não vai sair hoje? — Nicholas bate em meu ombro, adiantando-se a sentar-se em sua poltrona burgundy em frente a um canal qualquer de TV.

Respiro fundo, inalando o cheiro das árvores lá fora. Porque tudo me obriga a gostar ainda mais daquela garota? Porque o mundo está conspirando tanto contra minha natureza?

— Vou, claro. Só estava espiando a noite antes de invadi-la de uma só vez – queria continuar falando e falando, apenas para que as horas passassem e eu não pudesse correr o risco de ela me perceber mais uma vez.

— Vai logo! Só não se atrase para o jantar — Nicholas muda de canal sem nem ao menos me olhar.

Pego o casaco e pulo fora de casa, pensando e repensando antes de me transformar em uma linha de luz no tempo, voando entre as árvores, as rochas e toda a aquela linda vida selvagem que vem circulando ao Nick e a mim há anos.

Paro na varanda de uma casa mal iluminada, observando a rua silenciosa, esperando por ela, torcendo para que eu não tenha me atrasado.

— Já pedi para você não me ligar Derek! — a voz não vinha de longe, mas parecia tão embargada que poderia estar em meus ouvidos. — Não quero saber — olhei para o final da rua, ela está falando ao celular. Um carro passou perto dela, perto de mais dela. — Não importa se você quer voltar, nem importa suas desculpas...

Agucei meus ouvidos para ouvir o que vinha do outro lado da linha. A voz parecia forçada, mas ainda assim está abatida.

— Eu te amo... — é um rapaz. Meu coração inútil agora parece apertado e diminuto. Isso não deveria acontecer!

Queria correr e deixá-la conversar com o tal Derek que supostamente a ama, mas aquela lágrima descendo por seu rosto e escorregando em sua bochecha me fez ficar.

— Que espécie de amor é esse? Você transa com a Lauren e simplesmente quer que eu diga "Eu também te amo"? Quer que eu peça desculpas também? — ela grita, as mãos esfregando os olhos e todo o seu rosto, agora tão avermelhado quanto um morango.

Ouço o rapaz do outro lado, sorrateiro e mentiroso:

— Me desculpe, amor. Eu... Eu estava bêbado!

— Não me interessa — srta. Mountain tropeça ao gesticular, dou um passo à frente causado pelo impulso de querer segurá-la.

— Mas...

— Adeus Derek.

— Por favor...

Ela desliga o celular e fecha os olhos, eu apenas mão aguento mais vê-la chorar. Deveria ter ficado em casa e comido qualquer coisa — menos chocolate! Mas eu não fiquei em casa e já é tarde de mais, já estou em frente à ela, um metro e meio de ar gélido distanciando seu corpo trêmulo e febril do meu, congelado e vazio.

— Oi — digo calmo, como se não estivesse deteriorando ao ver lágrimas naqueles olhos.

— Ah — ela limpa o rosto com rapidez e agonia. — Oi — finge um sorriso.

— Você... Você está chorando? — claro que está, Ace, que coisa idiota!

— Não, só foi um... Uma coisa que entrou no meu olho e irritou — desvia o olhar para o chão. — É você? Está me seguindo outra vez?

— Estou — brinco, levando a mão até a nuca para parar o suor frio que brotara ali.

— Devo me preocupar? — um fantasma de um sorriso faz seus lábios se curvarem.

— Yeah, se não quer ter problemas com a polícia, sugiro que sim — dou o meu melhor sorriso, mas ela parece distante de mais.

A garota deu um passo para trás.

— Estou brincando — digo assustado com sua reação, tremulando mais do que antes.

— É, eu sei.

— OK, você não está mesmo aqui. Quer que eu te acompanhe?

Mountain balançou a cabeça em negativa.

— Não precisa, está tarde, seus pais devem estar preocupados — olhou para minhas mãos.

Deixei meus olhos se fecharem por dois segundos.

— Eu não tenho...

Seus olhos voltaram para mim, tristes, assim como os meus voltaram para ela.

— Você não... Oh, eu... Eu sinto muito — ela apertou o celular quando o mesmo emitiu um barulho.

— Tudo bem... — um sorrisinho apático manchou meus lábios. — Não vai atender?

Seus lábios se comprimiram, apertados, seus olhos parecem mais perdidos...

Ela olhou para o aparelho com ódio e o atendeu com a mesma raiva:

— Me deixe em paz! — desligou.

O aparelho tocou mais uma vez.

Ela iria jogá-lo no ar, mas eu segurei a base de seus braços, onde seu pullover é grosso o bastante para ela não me sentir.

— Olá... D... — ela nunca disse o nome dele para você, idiota! Concentre-se. — Seja lá quem for, ela já disse para deixá-la em paz — impressionado comigo mesmo, e com o rosto da Srta. Mountain se tornando um borrão de alívio e desconfiança, ouvi o Derek perguntar-me com incerteza:

— Quem é você, cara?

— Ninguém que você queira conhecer, agora deixe-a em paz — desliguei.

A garota sorriu e entreguei o celular segurando na ponta dos dedos.

— Obrigada — disse sorrindo, um sorriso de verdade. O primeiro sorriso realmente verdadeiro. Explosões em minha mente competem com meus lábios, e eu me esforcei para não pular de alegria.

— Tudo bem — sempre estará tudo bem para ela. — Quem era? — observei seus olhos girarem.

— Um idiota.

— Quer falar sobre isso?

— Não... Me desculpe, é...?

— Ace — agora ela sabe quem eu sou. ELA SABE QUEM SOU! Nicholas vai me matar.

— Ace — sussurrou, degustando meu curto nome, engolindo, de vagar, cada letra. — Mas eu preciso mesmo ir — seus olhos piscaram como vaga-lumes na madrugada. — Obrigada outra vez.

Ela passou por mim, após seu aceno de cabeça e um curto, porém belo, sorriso. Me deixando só, com seu sorriso e sua voz sussurrando meu nome em minha mente, incontáveis vezes.

Primavera & Chocolate (livro um)Where stories live. Discover now