Capítulo 08: Fraude

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A Floresta da Infinita Escuridão

Terra

Eram quatro pessoas contra três Feras. Então o plano criado por Jonathan era simples: cada um deles ia distrair um deles, enquanto o quarto membro entrava na morada deles e roubava o ovo. Entretanto, havia um fator ainda a esclarecer: a localização do alvo. Não tinham a mínima ideia de onde as Feras se escondiam.

Eles estavam sentados à beira da floresta em um círculo. Elena evitava os olhos de Anúbis, pois estava com vergonha do que fizera na noite anterior. Apesar de já ter se desculpado algumas vezes com o deus da morte.

– Posso tentar lançar um feitiço localizador, mas não possuo muitas informações sobre as Feras. – Melanie falou. – É bem provável que não funcione.

– Não pode tentar com o ovo de dragão? – Elena perguntou.

– Não, pois não tenho nada que possa me ligar ao ovo. – A ruiva explicou, mesmo que Elena tivesse todo o conhecimento magico do mundo, ela acabava perguntando as coisas instintivamente.

– Então a possibilidade dos dois feitiços não funcionarem é a mesma. – Jonathan afirmou. – O que podemos fazer? Estamos às cegas aqui.

– Eles são espíritos. – Elena informou. – As Três Feras são espíritos... Bem, mais ou menos. – De repente, como se sua mente fosse um computador antigo a jogar informações lentamente, ela soube muitas coisas sobre as Feras.

– Como assim? Do que está falando? – Melanie perguntou.

– As Feras eram, milênios atrás, almas humanas. Foram os primeiros humanos a morrerem e irem para o Inferno. Lá elas, aos poucos, foram perdendo suas formas. Tornaram-se o símbolo do maior pecado de seus corações. E, por isso, tornaram-se demônios. – Elena explicou. – São os demônios que estão o maior tempo continuo na Terra. Ninguém até hoje foi capaz de vencê-los ou exorcizá-los.

– Como você sabe tudo isso? – Jonathan estranhou.

– Eu... Não sei... É como o conhecimento de magia que eu tenho. Não sei como funciona... Só sei que sei. – Seu sogro fez uma careta; não era muito fã de coisas sem explicação.

– Se são demônios, será fácil de localizá-los. Mas isso não significa que iremos localizar a caverna onde moram.

– Tudo bem. Podemos tentar. – Jonathan disse. – Não temos outra opção.

Melanie fechou os olhos e passou a recitar um feitiço complexo na Língua Proibida, o idioma falado pelos demônios e, também, usado para praticar a Arte. Ela posicionou as mãos como se fosse entregar algo para Anúbis, que estava diante dela. O clima naquele lugar era sempre enevoado; e esse mesmo vapor pareceu ganhar vida ao girar, como um mini-furacão, em suas mãos. Aos poucos ele foi tomando forma; ganhou um corpo, asas, focinho; minutos depois era um pequeno morcego. A mulher lançou-o no ar, ele voou imediatamente para a floresta.

– Sigam-no! – Disse levantando de repente e correndo para a floresta.

Os outros a foram atrás. Não demorou muito para o morcego se dividir em três e seguir três rotas diferentes.

– Eu fico com o da esquerda! – Anúbis informou logo antes de ir atrás do bicho em sua forma de chacal.

– Direita! – Jonathan disse praticamente ao mesmo tempo.

Para Melanie e Elena sobrou o morcego do centro. Chegaram a uma pequena clareira no meio do matagal fechado. Devia ter no máximo seis metros de diâmetro. A luz ali era verde, pois as folhas das árvores cobriam o local; não conseguiam ver o céu. O morcego se desfez num piscar de olhos indicando que encontrou a Fera, mas não tinha nenhuma à vista.

Afterlife: MundosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora