Capítulo 06: Solomon

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Londres, Inglaterra

Paraíso

Quando recuperei a consciência, eu estava amarrado e sendo levado em um carrinho de mão por um túnel iluminado por luzes artificiais laranja. Contei dez homens fazendo a escolta, todos usando óculos escuros. Thais andava devagar e estava amordaçada, olhando para o chão com Týr em seu ombro.

– Onde estamos? – Perguntei ao guarda mais perto.

– Estamos em Londres.

– Isso eu sei, quero saber em qual parte. – Levei um tapa na nuca.

– Estamos sob a cidade, paralelo ao rio Tâmisa.

– Onde estamos indo?

– Encontrar o chefe.

– Achei que vocês não respondiam a ninguém a não ser que os três Filhos da Morte estivessem juntos.

– O que? Do que está falando? – O guarda estranhou minha afirmação tanto quanto eu a sua pergunta.

– Vocês não são Filhos do Abismo? – Encarei-o.

– Me desculpe, mas eu não sei do que está falando.

– Ele está falando dos inimigos; das almas de olhos laranja. – O homem que estava à frente do grupo, o que tinha um pirulito na boca, disse; eu não tinha notado que ele estava prestando atenção na conversa. – Por aqui os chamamos apenas de inimigos. Mas, como sabe o que eles são?

– A fada me contou. – Imediatamente levei os olhos a Týr.

– Ah... Certo... Uma fada. – O líder zombou; todos os soldados riram.

Espera, eu pensei, é claro! Eles não podem vê-la! Týr virou o rosto para mim e sorriu. Ela tinha um plano, e tinha a vantagem. Thais e eu viajamos por tanto tempo sozinhos que eu esqueci completamente que as outas almas, além de nós dois, não podiam ver a fada. Agradeci mentalmente por ela ter um pensamento rápido.

– Mas é a verdade. – Eu continuei com a ideia, mudá-la poderia fazer com que desconfiassem. – Quem são vocês?

– Nós somos os sobreviventes. – O guarda ao meu lado disse; o líder parecia ter perdido o interesse em nossa conversa. – Quando as luzes atingiram Londres e todas as pessoas que conhecemos tornaram-se o inimigo, nós nos achamos aos poucos e nos juntamos para não sermos levados. Só o que fazemos é encontrar aqueles que não estão possuídos e comida. Faz mais de uma semana que não encontramos ninguém, até vocês aparecerem.

– Será que poderiam nos soltar, não estamos possuídos.

– Não acho uma boa ideia antes de encontrarmos com o líder.

– Aquele ali não é o líder?

– Não, ele é o segundo no comando.

– E por que não é uma boa ideia? – Perguntei, curioso.

– Sua amiga ali fez coisas nada normais quando encontramos vocês naquele apartamento.

– Entendi.

– Mas então, garoto, o que você está fazendo em Londres?

– Estou procurando por uma pessoa.

– Quem quer que seja, deve estar possuído.

– Não, ele não está. Tenho certeza.

– E quem poderia ser essa pessoa excepcional? – Percebi um leve tom de zombaria.

Afterlife: MundosWhere stories live. Discover now