Capítulo 44:

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Quando sua consciência pesar, sei que irá procurar algo em que possa se punir.
-- Geovanna Cerqueira.

Megan narrando:

-- Cadê Jhon? - Gabriel pergunta quando entro dentro de casa.

-- Foi pro enterro do pai dele. 

-- É. Ele vai chorar um pouco pelo homem que estrupou a esposa dele! - Megalyn fala e Gabriel lança um olhar mortal na direção dela.

-- Você deveria ter um pouco de educação, garota. - Gabriel fala.

-- Eu tenho. Mas não uso, não com você. Eu não gosto de você. - ela fala dando de ombros.

-- Isso ficou bem claro quando parei na delegacia por sua culpa! - ele fala irritado.

-- Você vive muito no passado. - ela fala com um sorriso de lado.

-- O que eu fiz pra sua mãe? - pergunto fazendo Megalyn e Gabriel me olharem assutados.

-- FUI. - Gabriel fala indo pro quarto quase correndo. Deixando eu e Megalyn sozinhas.

-- Oi? - ela pergunta. Eu me sento no sofá perto dela e olho pra ela.

-- Eu quero saber o que fiz pra você e pra sua mãe. - falo.

-- Você não nos ajudou. - ela fala com os dentes cerrados.  

-- Não ajudou com o que? - pergunto.  -- Eu nem te conhecia quando sua mãe era viva!

-- Eu tinha sete anos, você devia ter doze. Sua mãe foi trabalhar, e nosso pai foi lá na minha casa. Ele estava bem bêbado. Eu não tinha noção de nada no tempo. - ela respira fundo.  -- Então ele falou que íamos pra sua casa, que eu iria conhecer minha irmã mais velha, você. Minha mãe... - ela riu sem emoção.  -- Ela sempre foi apaixonada por ele. Então aceitou. Nós fomos pra sua casa.

-- E? - pergunto.

-- Você não sabia que eu era sua irmã. Seu pai falou que eu era apenas a filha da amiga dele. Você pouco se importou.

Normal. Eu não me importava com quase nada naquela época. Odiava quase todos a minha volta. Por causa do meu pai. Daquele bêbado.

-- Eu te chamei pra brincar, mas você nem olhou pra mim. - ela continua.  -- Eu estava animada em conhecer minha irmã mais velha. Minha única irmã. Você queria apenas ficar no celular, mandando mensagens pra uma garota chamada Reythew.

Eu me lembro desse dia. Eu estava com raiva. Me lembro de Megalyn, mas não sabia que ela era minha irmã.

-- Então eu fiquei chateada e fui procurar minha mãe pra pedir à ela pra que me levasse pra casa. - ela fala e os olhos dela marejam.  -- Quando cheguei perto de um quarto, ouvi gritos, da minha mãe. Aquele bêbado estava batendo nela com um chicote que era cheio de bolinhas de metal, era horrível, pior que qualquer coisa que possa imaginar. Minha mãe sangrava e pedia pra ele pararasse. Ela estava nua. Mas ele não parava.

Ela me pediu ajuda.

Megalyn me pediu ajuda.

Mas eu continuei no celular. Ignorei ela, pensei que era só um jeito pra que ela me fizesse brincar com ela.

-- Eu tinha apenas sete anos. E ví tudo aquilo. Aquele bêbado, que cujo era meu pai estrupando minha mãe com força e violência. Minha mãe chorando baixinho, eu não sabia porque. Eu queria ajuda...

-- Mas eu não te ajudei. - completo. Megalyn já está chorando, mas ela não imite nenhum barulho de choro.

-- Minha mãe ficou inconsciente. Mesmo assim ele não parou. Eu chorava, mas ele não parecia se importar com nada, ele estava bêbado. E você... Quando voltei pra sala pra pedir ajuda novamente, você não estava mas lá.

Eu fui pra casa de Reythew.

-- Ele foi longe de mais. Minha mãe sangrava, inconsciente. Nua naquele quarto. Ela amava ele. E ele fez o que fez.

-- E o que aconteceu depois? Por que meu pai não foi preso? - pergunto.

-- No outro dia, estávamos no carro.  - ela ignora minha pergunta.  -- Eu e minha mãe. Ela queria sair daquela cidade. Chorava com raiva e gemia por causa das dores que ainda sentia. Ela perdeu o controle do carro e acabamos indo pra outra pista. Não me lembro dos detalhes, mas eu só fiquei com alguns ferimentos, mas minha mãe não.

-- Ela... Não morreu, né?

-- Ela estava no banco do motorista. Não foi algo tão forte que fizesse uma pessoa saudável morrer, mas minha mãe estava cansada, machucada. E o acidente foi um empurrão pro fim dela. Eu fui morar com minha avó. Fiquei um tempo sem falar. Estava traumatizada. Então quando ela também faleceu eu vim morar com você.

-- Não entendo. Você Não tinha vindo morar comigo por que sua mãe morreu a pouco tempo? Não sabia que você estava morando com sua avó. Meu irmão, Thomas, falou qu...

-- Seu irmão pouco estava ligando. - ela me interrompe.  -- Ele pensa que tenho doze anos sendo que tenho catorze! Outro babaca fingindo que se importava! Também, eu nunca fui gentil com ele. - ela da de ombros.

-- Você não tem treze? - pergunto confusa.

-- Fiz catorze anos ontém. - ela fala fazendo pouco caso.

Ela fez aniversário em um hospital.

Levou um tiro no próprio aniversário, por ter matado o homem que me estrupava, mesmo eu não tendo ajudado a mãe dela quando estava na mesma situação que eu(ou até mesmo pior).

-- Me desculpe. - falo e ela me olha com nojo, antes de ir pro quarto.

Never left alone!Where stories live. Discover now