Com um movimento cuidadoso, Corey empurrou a porta que rangeu baixo em suas dobradiças enferrujadas. Torceu para que não fosse o suficiente para chamar a atenção de Danny Langdon até ali. Gostaria de ter a chance de surpreendê-lo, assim como ele havia feito.
Ninguém apareceu, não ouviu passos próximos, então avançou e entrou na casa. Seus passos cuidadosos levantaram poeira do chão. Melissa foi tão cuidadosa ao entrar quanto ele, uma caçadora silenciosa. Corey esperou até que seus olhos se acostumassem com a escuridão, então analisou o aposento que tinha ao seu redor. Um gigantesco hall de entrada, colunas sustentando o pé direito de quatro ou cinco metros de altura, piso de madeira esfolado e empoeirado, tapetes e tapeçarias que um dia já foram de luxo roídos por traças. E duas escadas bifurcando, um para a ala esquerda da casa, outra para a ala direita. A óbvia divisão que deveriam fazer para cobrir a maior área possível do local que, por dentro, parecia ainda maior. Um labirinto velho e empoeirado. Tentou procurar na poeira do chão pegadas que indicassem o caminho que Danny Langdon havia tomado, mas a iluminação não lhe ajudou, não havia qualquer pista.
-Quer subir e eu olho aqui embaixo ou acha melhor subirmos, cada um por um lado? – Corey sussurrou.
Melissa deu de ombros, e Corey decidiu que seria melhor ambos subirem. Então indicou que iria pelo lado esquerdo, apontando para Melissa a escada da ala direita. Ela assentiu e caminhou mais uma vez silenciosamente até lá, apesar da velocidade de seus passos. Corey esperou que ela subisse os primeiros degraus da escada e então tratou de vencer seus próprios degraus. Havia um tapete vermelho cobrindo cada um deles, o que abafou seus passos cuidadosos no chão. Alguns degraus rangeram baixo, Corey esperou que não o suficiente para chamar a atenção.
Quando atingiu o patamar de cima, a luz da lua que começava a se destacar no céu invadiu o local pela janela de vidro rachado. Ele procurou pelo chão algum sinal de passos apressados, como os que Danny Langdon havia dado para entrar ali, e nada encontrou. Então respirou fundo, a poeira e mofo acumulados irritando seu nariz, e seguiu em frente. Havia um longo corredor à sua direita, também coberto por tapetes, as paredes lotadas de obras de arte rasgadas ou manchadas.
A primeira porta à direita estava trancada. Corey forçou a fechadura, esperando que estivesse apenas emperrada pela ferrugem, porém não obteve sucesso. Então caminhou apreensivo até a próxima porta. Olhos e ouvidos atentos. Às vezes olhava por cima do ombro, apenas para não ser surpreendido por alguém tão silencioso quanto ele. A segunda porta estava aberta, mas não havia nada lá dentro, com exceção de mais mofo e poeira. Corey tratou de sair com rapidez, com cuidado para que não perdesse nada que pudesse acontecer no corredor em sua ausência. Nada nele havia mudado, contudo. Estava deserto como o havia deixado. A terceira porta também estava trancada e Corey não perdeu muito tempo tentando abri-la, como havia feito com a primeira.
A quarta porta lhe revelou uma espécie de biblioteca. Prateleiras e mais prateleiras cobriam as paredes. Livros as abarrotavam. Capas duras de couro vermelho, azul e verde, em sua maioria, todas desgastadas e comidas pelas traças e pelo tempo que deveriam estar ali. No meio da sala, uma escrivaninha também empoeirada e maltratada pelo tempo. Em cima dela, um livro que parecia a coisa mais nova e bem cuidada dentro daquela estranha e ainda misteriosa casa, muito embora já a tivesse explorado por um tempo.
Mais uma vez com cuidado e cautela, especialmente para não pisar em uma tábua velha que entregasse sua presença ali, Corey foi até a escrivaninha. E quando pegou o livro notou que se tratava, em verdade, de um álbum de fotos. Ao abri-lo e virar a primeira página, a primeira e única foto que encontrou foi uma de Barber. Cabelos vermelhos ao vento, olhos verdes brilhantes e contagiantes, sorriso torto nos lábios. Uma expressão feliz, talvez até mesmo apaixonada... Corey não conhecia aquela foto... E sentiu, por um instante, ciúmes ao constatar isso. Danny Langdon conhecia, tinha acesso àquele pedaço de felicidade que um dia Barber compartilhara com ele.
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Lobotomia (Livro II)
Mystery / ThrillerOi! Primeiro você tem que ler essa daqui: https://www.wattpad.com/story/31808631-psicose, pra depois ler essa aqui! Sinopse: Quando Corey se vai, Melissa fica sem rumo... O St. Marcus Institute foi deixado para trás, e Londres é seu novo lar. Após l...
Vinte - O grande reencontro
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