Lobotomia (Livro II)

Um - O Recomeço

Nota da Autora: Oi! A doutora e o psicopata voltaram! Espero que gostem de Lobotomia tanto quanto de Psicose. <3

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Milbjs

Ands.

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Era uma linda noiva aquela que subia os degraus de pedra da igreja. O sol brilhava no alto do céu, e fazia as pedras de diamante que enfeitavam seu vestido reluzirem, como pequenas faíscas em meio à escuridão. Nada era mais reluzente, entretanto, do que o sorriso que pintava seus lábios e contornava seus olhos, alegrando seu rosto e aliviando sua alma.

Na porta da igreja, adornada por rosas vermelhas e brancas, estava o pai da noiva. O smoking negro que vestia com pompa e atitude contrastava com o branco de neve do vestido dela. Ele tinha uma longa calda e uma saia rodada, que cobria seus pés e moldava seu corpo esguio.

Quando o pai sorriu e tomou a mão da noiva, o nervosismo que fazia seu coração agitar e bater desesperado diminuiu o suficiente para que pudesse continuar. Os pés vacilavam nos saltos do sapato, mas ela ergueu o queixo e manteve a pose delicada de uma noiva feliz que subia ao altar para se casar com o grande amor de sua vida.

O aceno positivo de sua cabeça enfeitada pelo véu e pequenas flores foi a autorização para que a porta da igreja fosse aberta. O apoio do pai foi fundamental na decisão de tomar o primeiro passo. Então os seguintes vieram com facilidade, sem a necessidade de hesitações e inseguranças. O tapete vermelho abria caminho para seu desfile.
Ambos os lados da igreja eram preenchidos por bancos que sustentavam vistosos arranjos de rosas brancas e vermelhas, como as que davam as boas vindas na porta de entrada. A atmosfera era um misto de aroma floral com ansiedade que chegava a transbordar pelos poros. O local estava lotado por pessoas que a noiva preferia não olhar. A pressão do momento já era demais para alguém que lutou contra a insegurança uma vida toda. Embora sentisse toda a atenção de olhares curiosos sobre si, ela abstraiu completamente. O seu foco era o homem vestido em um elegante terno negro, parado ao pé do altar.

O encontro de seus olhares era tudo o que ela precisava para ter a certeza de que aquela era a melhor decisão de sua vida; e de que seria a mulher mais feliz do universo por conta dela. Como sustentar dúvidas sobre sua felicidade quando aquele mar de diamantes azuis flamejava em sua direção, transpassando por aquela estranha telepatia que suas mentes compartilhavam todo seu amor e todo o seu desejo? Era o homem certo porque lhe pertencia, assim como ela pertencia a ele. De corpo, alma e coração.

Deslizando pela igreja, a noiva finalmente chegou ao altar. O pai ofereceu a filha ao noivo, que a tomou entre seus braços com carinho e entusiasmo. O entusiasmo de alguém que realizava um antigo sonho. Após a bênção celestial, não haveria mais dúvidas de que eles, de fato, foram desenhados um para o outro, unidos por um destino brincalhão e astuto.

O mesmo destino que estava decidido a separar aquilo que havia enlaçado por correntes de ferro que não se partiam.

O noivo puxou o véu da noiva e não pareceu apressado ao apreciar cada um dos mínimos detalhes nos traços que formavam a beleza angelical de seu rosto. Quando ela sorriu, ele fez o mesmo, então depositou um beijo em sua testa. Os dois voltaram sua atenção ao religioso que agarrava a Bíblia nas mãos como se sua vida dependesse dela. A noiva só entendeu o clima nervoso que pairou sobre a igreja, como uma escura e pesada névoa, quando o primeiro trovão cortou o céu. Já não havia mais um teto sobre suas cabeças e a noite cravejada de estrelas e iluminada pela lua cheia era a nova cobertura natural.