Capítulo 32 - Can You

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Batuquei com a caneta na folha do caderno mais uma vez, olhando para todas aquelas palavras em inglês. Engraçado, o movimento do avião costumava me ajudar a compôr, mas, daquela vez, era como se toda a minha inspiração tivesse ido embora. O tempo de vôo de Toronto para Auckland era longo. Estávamos quase chegando e, ainda assim, eu não havia terminado aquela canção.

Repassei o plano em minha cabeça novamente: escrever uma música que declarasse todos os meus sentimentos. Então, cantá-la para Shawn. Mas seria difícil apresentá-la se eu nem ao menos terminasse de escrevê-la. Exasperada, bufei, pousando a caneta sob a mesinha. Nesse momento, uma voz masculina soou pelo avião.

Senhores passageiros, solicitamos que afivelem seus cintos de segurança. À partir desse momento é proibida a utilização de qualquer aparelho eletrônico, mesmo aqueles em Modo Avião. Dentro de instantes pousaremos no Auckland Airport, em Auckland. Mantenham o encosto de suas poltronas na posição vertical, sua mesa fechada e travada. Obrigado.

O meu tempo estava acabando.

Fechei o caderno e o coloquei de volta na mochila. Ao meu lado, Phoebe notou meu nervosismo e segurou minha mão, beijando-a.

— Vai ficar tudo bem, amiga. Tenho certeza que ele vai te perdoar. Ele te ama.

— E eu o amo mais do que tudo — respondi, exibindo meu melhor sorriso.

Voltei a olhar pela janela, aproveitando a paisagem. Aquele lugar era lindo! Aproveitei aquela vista para levar-me até os acontecimentos futuros. Será que ele realmente iria me escutar? Será que ele também sentia minha falta? O avião encostou no solo, causando um frio em meu estômago. Seria hoje. Dentro que algumas horas, eu o veria novamente.

Lembrei-me do quão difícil foi estar ali, de como foi convencer minha mãe de que eu gostaria de tentar mais uma vez. Karen, amorosa como sempre, me apoiou, mesmo depois de tudo o que havia acontecido.

— Eu sabia que vocês voltariam um para o outro — foi tudo o que ela me disse.

E ali estava eu, traçando meu rumo de volta para ele. Porque não me importava com quantas pessoas tentassem nos separar, meu coração sempre seria dele. Nenhum Damon ou nenhuma paixão secreta mudaria aquilo, aquele sentimento. Eu tinha certeza absoluta. O que eu sentia era verdadeiro.

— Não ache que ficando dentro desse avião, ele te levará de volta para Toronto.

Dei uma risada, lembrando-me de ter escutado algo semelhante vindo de minha mãe assim que nos mudamos. Como as coisas estavam diferentes! Levantei-me. Tudo o que eu menos queria naquele momento eram voltar para o Canadá. Eu estava ali para reconquistar o amor da minha vida e faria aquilo de qualquer jeito.

Aguardei na esteira até que minhas malas chegassem. Phoebe e eu colocamos nossas bagagens num carrinho. Ao lembrar-me de quem estaria nos esperando do lado de fora, não pude deixar de sorrir. A loira fez o mesmo. Estávamos ansiosas para vê-lo.

Assim que avistei a cabeleira ruiva de Ed, corri em direção ao meu amigo, deixando tudo para trás. Lancei-me em seus braços, abraçando-o forte. Ninguém melhor para ajudar-me numa situação daquelas quanto as duas pessoas que estavam ao meu lado: meus amigos verdadeiros. Com Phoebe e Ed, aprendi como era ter amigos de verdade. Não era mais submissa às vontades de Bianca. Eu tinha pessoas que realmente me amavam ao meu lado. Recordei-me da música da banda One Direction que dizia Does it ever drives you crazy just how fast the night changes?

Ali, nos braços de um dos cantores mais queridos do mundo inteiro, refleti sobre o grande salto que minha vida havia dado. De uma garota que morava em Milan, para uma que dividia os holofotes com seu namorado, que por acaso era uma celebridade. Ela se apaixonou não pelo seu dinheiro e sua fama, mas por quem ele realmente era. Se algum dia me perguntassem a definição de amor, eu contaria a nossa história.

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