Dois

10 1 0
                                    


— Tome isso! — Entregava-lhe um pano úmido com algum remédio para que Joe estocasse o sangue. Tia Gracie era praticamente uma mãe, não uma tia-avó.

— Não precisava de tudo aquilo. — Comentou France. — Deveria ter feito como eu.

— Au! — Joe resmungou de dor. Estava encostado — quase agachado — na pia da cozinha enquanto tia Gracie cuidava de seu nariz quebrado. O uso de varinha era tão desnecessário para si quanto ler livros de receitas, mas a diferença é que não guardava nada na cabeça e sim a habilidade que tinha em se fazia magia sem a necessidade de uma... varinha. No entanto, não precisou de mágica propriamente dita, apenas consertou o nariz dele na mão, ao realocar o osso com tamanha agilidade, mas com tanta dor também. — AHHH! — Resmungou, porém quando percebia que a dor era insuportável, Gracie já havia terminado a realocação do seu osso. Imediatamente, levou as mãos ao nariz, limpando o sangue em seguida.

— Sabemos muito bem, queridas, que ele é assim. — Dizia tia Gracie bem baixinho, como se não quisesse que ele, Viktor, escutasse.

Gillian entrava assustada, os olhos marejados — talvez tivesse chorado —, se aproximando do filho que nem sequer conseguia olhar em sua cara.

— Eles estão indo embora. — Avisou com a voz trépida.

— Era de se esperar. — Comentou Sandra ajeitando a louça e separando os panos sujos de sangue que fora usado exageradamente para estancar o sangramento do nariz do rapaz. — Ele sempre faz isso! Não suporto esse cara. — Bufou.

— Ficar batendo boca é perca de tempo. — Cruzou os braços, tia France. — Por isso que eu ignoro.

— Já entendi, tia. Da próxima vez, eu não te defendo! — Gracie agarrou os cabelos médios do moleque pela nuca com certa brutalidade, fazendo-o tombar a cabeça para trás. Era assim, o único jeito de mantê-lo quieto enquanto limpava o sangue que ainda escorria.

— Fale direito com a sua tia, menino! — Tia Gracie também o repreendeu.

— Ela tem razão, Joe. Não tinha nada que ter se alterado! — Gillian agora lhe chamava atenção. — Sabe que ele é assim, por que quis enfrentá-lo?

— E quem ia colocá-lo no lugar? — Respondeu com dificuldade e muita dor.

— Uau! — Alicia aparecia pela porta de mãos dadas com Carl e acompanhada das irmãs gêmeas que davam risada. — Deixa eu ver isso! — Caçoou e se aproximou do irmão que lhe mostrava o dedo do meio. — Irado! — Riu alto. — Mais irado foi a provocação do Joe. Adorei! Alguém tinha que colocar aquele verme no lugar. — Alicia se aproximou do irmão, apoiou o braço em seu ombro e deu alguns toquinhos que ele sentiu incômodo. — Apesar de você ser um idiota, até que consegue ser incrível de vez em quando, maninho.

— Eu adorei muito, muito, muito, muito! — Exclamou Carl que nem sabia o que estava acontecendo.

— Cala a boca, menino. Você estava dormindo quando isso aconteceu.

— Não estava, não, Alicia! Eu vi tudo. Tudinho! Joe é o melhor irmão do mundo!

Joe quis rir, mas não conseguia devido sua dor e a tia que insistia em grudar em seus cabelos, puxando ainda a cabeça para trás.

— Ai, criança. Cala a boca!

— Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca e em mim sou ....

— É a mãe!

— Não! Sou eu! Eu sou o cara! — Tinham de fazer esforço para não darem risada devido a sua voz tão aguda e doce de criança tentando impressionar.

O enigma do dragãoWhere stories live. Discover now