♚ II - 05 ♚

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- Que lugar mal frequentado! – digo com um sorriso no rosto, mas a alerta, eu sei do que ele pode ser capaz.

- Foi só você chegar... – ele disse se virando, entre nós dois as coisas sempre foram assim, batiam e voltavam...

- O que você está fazendo aqui? – perguntei de onde eu estava, enquanto ele me olhava de cima a baixo vendo se havia mudado algo em mim desde a última ve que havia nos encontrado.

- Eu sei que eu vou me arrepender mais tarde... Mas preciso de uma trégua de duas horas! Eu preciso conversar com alguém, e o que me parece a única pessoa que posso me abrir agora é você! – ele me olha abatido, olho em seus olhos e tem algo de errado passando por eles. Vitor quer chorar, mas o que tão grave pode acontecer? Ele não tinha sentimentos.

- Duas horas? – pergunto curiosa. – que diabos aconteceu?

- Não vou fazer nada, mas você não poderá usar isso ao seu favor. – ele diz determinado, se sentando na maior pedra que encontra e eu o sigo, o mar está um pouco distante, as pessoas caminham a quilômetros daqui...

- Eu aceito! Mas lembre-se que tenho uma arma! – digo irônica apontando para a bolsa e ele sorri.

- Tenho um moleque de quatro anos... – ele começa a contar e faz uma pausa, pigarreia e sinto que sua voz mal sai, ele quer chorar...

- Não sabia que tinha um filho... Ele puxou você? Deixe-me adivinhar já é viciado em crack e não quer ir a reabilitação? – tento colocar humor, mas isso não funciona.

- Não! – ele rir vagamente olhando para mim. – ele é doente. E não posso vê-lo. Tive que colocado em um dos hospitais onde ninguém pudesse descobrir.

- E? – o encorajo a continuar.

- Não posso saber como ele está pessoalmente, a mãe dele tem medo de que aconteça algo como a última vez, sabe o que é saber que seu filho pode morrer a qualquer momento e não pode vê-lo? É triste pra cacete. – ele diz e me sinto triste por ele, deve ser horrível...

- Qual a doença que ele carrega? – pergunto preocupada.

- Coração, nasceu com defeito, qualquer coisinha... puf... Deixa de funcionar!

- Por que não vai vê-lo? – pergunto tentando encoraja-lo.

- Você é surda porra? Eu não falei que a mãe de dele não que Luísa, eu não vou colocá-lo em risco novamente. Ele é a única coisa que eu amo neste mundo, eu sou capaz de morrer por ele...

- Tá certo ele é seu filho... Vai tomar no cú Vitor! Se quer ver a criança pega e vai, esquece o resto, o resto não importa se pode ser a ultima vez que a gente pode ver aquela pessoa.

- Olha... – Ele tenta falar algo, mas não escuto, olho para a esquerda, e distante olho para a favela inteira no passeio, quando digo isso, quero dizer que a turma inteira estava aqui, eu não acredito que eles vieram atrás de mim, isso me deixa muito puta.

- Eu tenho que ir Vitor, se quiser estender a sua trégua até amanhã eu aceito, estarei aqui amanhã neste mesmo horário, quem sabe eu possa ser caridosa e te ajudar! – digo me levantando e correndo o mais rápido que posso, quero chegar o quiosque da Mariana antes que eles possam vir tirar satisfações comigo, acho que eles não viram que eu estava com Vitor.

- O que você está aprontando? – Marieta pegunta após me dar o beijo de bom dia. – Eu vi você com o Vitor!

- E quem não a viu com ele? – Celo pergunta rindo irritado, e a cumprimentando em seguida.

- O que foi? Que porra de olhares são esses? – pergunto quando noto que todos esperam uma resposta, eu não tenho nada a dizer, não fiz nada.

- Eu quero uma resposta agora.

A Dona Do Morro ♚ Primeiro ComandoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora