Her Spirit (Camren)

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- 5 anos antes-

POV LAUREN

Lágrimas violentas escorrem por meu rosto enquanto vejo o caixão que carrega o corpo de minha amada ser levado à subsolo, debaixo da terra levemente úmida pelo chuvisco que permanecia na região de Boston.

A melhor amiga de Karla, Ally Brooke, me abraça forte enquanto eu me controlo para não perder a cabeça e me jogar repentinamente em cima do corpo de minha namorada, implorando para que nada disso seja real.

Bem, minha dor é real.

Assim como a dor familiares e conhecidos da bela e amável Karla Estrabao, a garota que tive sorte o suficiente para me apaixonar e com quem passei dois anos de minha vida.

Havíamos nos conhecido em uma reunião de classe, aonde podíamos reviver nossos momentos como adolescentes frustrados por continuar na escola.

Eu me lembro exatamente como ela estava naquela noite, seus olhos castanhos não se desgrudavam de mim e a mulher corava quando eu direcionava meu olhar à ela.

Me afasto quando o padre começa a cerimônia, falando de como Karla era e deixando que alguns familiares falem algumas palavras.

Me afasto pois quero mantê-la viva em minha memória, eu quero guardar apenas para mim os melhores momentos que passei ao seu lado. Sei que isso é egoísta porém é tudo o que tenho.

Passo em meio à várias criptas no cemitério, quantas histórias de amor foram perdidas, quantas famílias foram destruídas e quantos jovens com um grande futuro pela frente foram tirados tão precocemente da vida para seguir outro caminho.

O funeral termina ao meio dia e eu volto ao meu apartamento. Havia passado os últimos dias na casa de Ally, não tinha forças para voltar para o espaço que eu dividia com Karla, então a garota me acompanhou.

Abro a porta e sinto a poeira invadir minhas narinas, o meu lar continua igual, exceto pela falta de minha morena.

Solto uma lágrima ao ver algumas de suas roupas espalhadas pela cama, estou prestes a desabar quando sinto uma mão passar por meu ombro, acariciando levemente a região.

- Lauren... Eu realmente sinto muito, porém temos que fazer isso.- ela se refere ao fato de que tínhamos que tirar todos os pertences dela de dentro do apartamento.

Ela me ajudou a guardar tudo em grandes caixas de papelão, que logo iam ser enviadas aos pais de Karla.

Eu deixei tudo dentro daquelas caixas, exceto por uma camiseta de uma de suas bandas favoritas: The Killers.

A peça de roupa ainda preservava o cheiro característico que ela possuía, uma mistura amadeirada e cítrica que era como música para o olfato.

Ah Céus! Eu sinto tanto a falta dela!

FLASHBACK ON

Tinha acabado de chegar de mais um dia estressante na clínica particular, como era estressante ser médica de plantão!

Tirei meu jaleco e minhas vestimentas entrei em uma ducha quente que enxaguou meu estresse consigo.

Enrolo meu cabelo na toalha felpuda e visto meus pijamas. Percebo no grande espelho do banheiro que minhas olheiras haviam se ampliado nas últimas semanas.

- Karla? Amor?- eu a chamo no quarto porém ela não está.

Imagino que o trânsito estava terrível e a mesma havia ficado presa dentro dele. Vou até a cozinha e pego um pouco do macarrão que havia sobrado do almoço.

Coloco o mesmo por 5 minutos no microondas e consigo matar minha fome com apenas aquilo. Estou quase indo atrás de Karla, que ainda não havia voltado, quando o telefone começou a tocar desesperadamente.

- Alô?- pergunto e escuto soluços do outro lado da linha.

- Te..Teve um acidente L..Lauren.

- Quem está falando?- pergunto ainda incerta de quem é.

- Ally Brooke.- a voz se acalmou.

- Oh é você Ally. O que houve?

- É a Karla... Ela sofreu um acidente.

Desligo o telefone, incrédula das palavras que eu havia escutado. Vou até o hospital que Ally havia dito que minha namorada estava, mal conseguia me concentrar no caminho quando me deparei com o letreiro do St Lucy's Hospital.

- No que posso ajudar?- a recepcionista pergunta.

- Karla Estrabao... Eu procuro Karla Estrabao.- digo com o coração a mil.

- Nesse mesmo andar, na UTI.- ela me indica.

Nunca fui de fazer muitos exercícios físicos, era basicamente uma sedentária, porém, naquele momento eu corri pelo corredor como nunca havia corrido antes.

Encontro a UTI e vejo pelo o vidro que a mulher que amo está entubada com vários monitores em todo o seu corpo.

Na frente do local, Ally e os pais de Karla estavam sentados, aflitos com o que estava por vir.

- Senhores.- um médico se posiciona em nossa frente.

- Sou o doutor Shepherd e sinto em informar que a situação da Srta Estrabao é grave. Ela bateu com a cabeça muito forte, fazendo com que uma hemorragia em seu cérebro começasse.- me sento tentando processar toda a informação.

- Ela perfurou o fígado e seus pulmões estão tendo dificuldade em capturar o ar. Vamos levá-la à sala de cirurgia em alguns minutos.- ele continuou olhando com muito pesar cada um de nós.

Seria uma longa noite.

O macarrão que havia comido algum tempo antes já estava pesando em meu estômago, devido ao estresse. Eu andava de um lado para o outro esperando que aquele pesadelo acabasse.

- Lauren.- a mãe de Karla coloca a mão em meu ombro, tentando me acalmar.

Depois de umas 3 horas e meia o doutor Shepherd volta a se colocar em nossa frente, com algumas gotas de suor em seu rosto.

- Senhores realizamos todos os procedimentos necessários para acabar com a hemorragia e costurar o fígado.

- Então ela está bem?- pergunto.

- No início sim, ela estava respondendo bem à cirurgia porém assim que alcançamos o cérebro o seu corpo entrou em colapso.

- O que isso quer dizer?- Ally pergunta, segurando forte minha mão.

- Eu sinto em dizer... A Srta Estrabao faleceu

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