Capítulo 24

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- Eu não venho amanhã. - Christopher falou quando eu estava saindo da sala. Parei meus passos e o olhei. Haviam apenas dois alunos, mas que saíram dando apenas um até logo pra nós dois.

- Porquê?

- Tenho uma endoscopia marcada para amanhã de manha. - Cruzei meus braços o olhando. - A dor está piorando sabe, então resolvi ir antes que você tenha um acesso e me dê uns bons tapas. - Segurei o riso sabendo que era bem capaz de fazer isso.

- Alguém vai com você?

- Minha irmã.

- Hmm. Entendi. Vou sentir sua falta aqui.

- E eu a sua, sabe disso.

- Sei. Se é pela manhã porque não vem a tarde?

- Estarei com a garganta dolorida e inchada. - Fiz um biquinho e ele riu. - Mas prometo que estarei aqui depois de amanhã e que à noite estarei esperando você e seus amigos para irmos para Los Angeles.

- Tudo bem. Eu acho melhor eu ir agora, antes que alguém apareça aqui e bom, já imagina né. - Ele assentiu. - Vou indo, a gente se fala. - Arrumei a mochila nas costas e fui até a porta, mas logo senti as mãos dele me puxar e me colocarem contra a parede. Christopher deu uma olhada no corredor e fechou a porta.

- Depois de me dar um bom beijo, eu deixo você ir.

- Você gosta de correr riscos não é?

- Claro. Já estou sentindo falta do depósito. - Ele mordiscou minha orelha e depois nos beijamos. Um beijo demorado e caloroso. Só paramos quando o ar nos faltou. - Eu te amo menina. - Ele selou meus lábios e então eu fui.

Quando entrei no quarto joguei a mochila na cama e fui direto para o banho sem falar nada. Demorei quase uma hora para sair do chuveiro. Enrolei os cabelos em uma toalha e me enrolei em um roupão.

- Você está com uma cara de retardada. - Ivalú falou me encarando. - O que foi? O que aprontaram dessa vez?

- Não aprontamos nada. - Dei de ombros indo em direção ao guarda-roupas enquanto cantarolava uma das canções de Christopher.

- Vi que você ficou na sala depois que todos saíram, não acha que estão se arriscando de mais?

- Só estávamos conversando, acho que não tem nada de mais nisso. - Dei de ombros.

- Conversando?

- Ah, ele me deu um beijo antes de eu sair, mas verificou se não tinha ninguém por perto. E isso nem se compara ao dia no depósito.

- Dia no depósito? - Ela se sentou me encarando.

- É. - Terminei de vestir minha roupa. - Ele me puxou para um depósito um dia desses para trás. O dia que eu não compareci a aula depois do almoço sabe. - Minhas bochechas coraram.

- Vocês dois são dois safados, isso sim. - Ela fez cara de pavor. - Prefiro nem imaginar o que vocês fizeram lá dentro.

- Não imagine, não é algo bonito de ser ver e sim de se fazer. - Tirei a toalha do meu cabelo, joguei em cima de Ivalú e fui pentear meus cabelos.

- Safada. - Ela tirou a toalha da cabeça. - Pedro quer sair pra comer uma pizza o que acha?

- Mais tarde né? Ainda está cedo.

- Sim. Porque não chama ele?

- Isso é perigoso.

- Perigoso? - Ela riu.

- Não no sentido de alguém pegar a gente, mas no sentido de eu fugir para o AP dele depois. - Ivalú voltou a jogar a toalha em mim.

- Vocês não se cansam nunca?

- Dá pra se cansar do que é bom?

- Eu não reconheço você, sério. O Christopher fez o que com minha amiga que mal podia ouvir o verbo transar?

- Comeu. - Dei de ombros. Mas mudando continuando o assunto da pizzaria, acho que vou chamar sim. Ficarei o dia inteiro sem vê-lo amanhã.

- Como assim?

- Ele tem um exame pra fazer, mas não é nada de mais. - Me joguei na cama pegando meu celular na mochila, digitei uma mensagem e enviei.

"
Não me lembro mais qual foi o nosso começo.Sei que começamos pelo começo. Já era amor antes de ser."

Clarisse Lispector

Não demorou muito para a mensagem ser respondida.

"Se não fosse amor não haveria planos, nem vontade, nem ciúmes, nem coração magoado.
Se não fosse amor não desejo, nem o medo da solidão.
Se não fosse amor, não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você."

CFA

Meus olhos marejaram em meio a um sorriso lendo a mensagem. Digitei mais um pouco e enviei.

"Pegou pesado agora, vai com calma ou vou estourar de danta felicidade Chris."

"Eu juntaria cada pedacinho seu e colaria um por um minha menina."

" O
que vai fazer mais tarde?"

"Nada, por quê?"

"Meus amigos querem ir comer pizza, vem com a gente?"

"Pizza é meu sobrenome menina. Que horas?"

- Iva, o Chris está perguntando que horas vamos comer pizza.

- Lá pelas oito, acredito eu.

"Oito horas."

"Onde?"

- Onde Iva?

- Ainda não sabemos. Ele conhece alguma não muito longe?

- Não sei.

"Conhece alguma que não seja longe?"

"Conheço. Quer que eu pegue vocês?"

"Não, podemos ir de taxi. Apenas nos passe o endereço."

"Já te mando."


E lá estávamos nós à porta da pizzaria esperando por Christopher. O vi estacionar o carro na esquina e vir em nossa direção. Quando nossos olhos se cruzaram ele deu um sorriso tímido.

- Boa noite. - Falou sério e meus amigos o cumprimentaram.

- Boa noite. - Respondi. Christopher me abraçou e me deu um selinho discreto. - Só um selinho? - Perguntei chateada.

- Você está bem saidinha menina. - Ele riu e me deu um beijo gostoso.

- Não estou saidinha. - Dei de ombros. - Vamos entrar? Estou com fome. -Pedi manhosa. Christopher riu e então entramos de mãos dadas. Adorava andar assim com ele, para que as pessoas pudessem olhar para a gente e verem que somos um casal.

- Boa noite, posso anotar o pedido? - Perguntou um garçom uns três minutos após nos acomodarmos em uma mesa próxima à parede de vidro para termos uma boa visão da rua. Fizemos o pedido. Duas pizzas médias, refrigerante para nós três e um suco para Christopher. Christopher nunca me deixava beber então mais do que justo eu o proibir de tomar refrigerante.

- Você é muito chata às vezes sabia?

- Não sou nada. - Mordi o braço dele.

- Ei calma aí, a pizza não vai demorar, não precisa me comer. - Ele apertou meu nariz. - Já arrumaram as malas? - Direcionou a pergunta aos meus amigos.

- Nada. - Pedro respondeu. - Vamos ficar quanto tempo?

- Vamos sábado bem cedo, e voltamos na segunda no início da noite. Vocês vão gostar.

- Tem piscina? - Ivalú perguntou. Sempre soube que ela preferia milhões de vezes a uma piscina do que a praia. Segundo ela, o risco de uma corrente a levar para o fundo do mar é bem maior que ela se afogar em uma piscina.

-Tem sim.

- Eu estou com fome. - Choraminguei. Meu estômago chegava a gritar de fome.

- Eu disse pra você comer, você não quis.

- Não comeu? - Christopher me lançou um olhar furioso.

- Eu queria comer pizza. - Dei de ombros sentindo o olhar dele me fuzilar. - Eu almocei, só não comi nada depois da aula, ou acha que é só você que é apaixonado por pizza?

- Se você diz. - Ele deu de ombros. - Vou ao banheiro, já volto. - Christopher se levantou e se retirou.

- Valeu Ivalú. - Falei irônica e cruzei os braços.

- Foi mal.

Quando Christopher voltou fui eu quem saí. Perdi completamente o apetite. Peguei o primeiro taxi que passou e voltei pra SE sem falar nada com ninguém. 

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora