Cap. 28

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Entre todas as coisas pelas quais eu não me arrependo na minha vida, me jogar naquele rio foi uma das que eu mais adorei fazer. A água morna e o visual aconchegante do lugar foram muito responsáveis por isso, mas Eric fez daquela situação toda ainda melhor e mais inesquecível. Apesar do escuro que engolia boa parte da gruta, feixes de luz piscavam em cima da água, provavelmente advindos daquela que me dera nome: a lua. O lugar todo, em si, me fazia ser envolta na atmosfera de uma lua na terra, tanto que assim que meu corpo caiu, eu me senti flutuar.

Logo que pulei, ouvi Eric saltando atrás de mim e caímos nas águas quase que ao mesmo tempo. Apesar de ter vontade de gritar, não cedi ao ímpeto em nenhum momento, me concentrando para fazer uma aterrisagem minimamente confortável. E vejam só, ledo engano meu achar que o rio era raso!

Quase me afoguei, mas fui resgatada por um Eric preocupado. –Por que você não me avisou que ia pular? Eu teria te explicado que esse rio é fundo! –ele exclamou, enquanto tirava o meu cabelo grudado no meu rosto. –Você está bem?

-Estou...ótima! –gritei, tendo a minha voz ecoada por todas as paredes da gruta.

-Estou vendo...

-Que lugar lindo, Eric! Espera, acho que já disse isso!

-Você tem dito bastante isso nesses últimos dias.

-É só que...não sei explicar...você me leva para ver detalhes tão incríveis de Althea...detalhes que eu nunca pensei que fosse conhecer, detalhes que eu nem sabia que existiam. –aproximei-me dele encarando o seus olhos. –Detalhes que me marcam a todo o momento, simplesmente pelo fato de eu ter tido a chance de conhecê-los, porque você existe. Porque você está no meu mundo.

-Luna...-ele suspirou de um jeito quase pesaroso, enquanto me olhava com aquele mesmo jeito de quando nos despedimos há tantos meses. –eu queria poder te dizer tudo que se passa na minha cabeça e no meu coração, mas sinceramente não acho que seria o ideal.

-E porque você acha isso?

-Porque não quero te assustar. –ele riu com o pensamento que lampejou por aqueles olhos. –Você se lembra da conversa que tivemos na véspera da coroação da sua irmã?

-Acho que sim...você tinha dito que esperava que Soleil me ouvisse. Que levasse a minha opinião em consideração, não foi? –ele balançou a cabeça positivamente.

-Sua irmã sempre me pareceu a mais treinada para ser rainha, mas você...bom, você sempre me deu a impressão de que entendia o que ser rainha, verdadeiramente significa.

-Não sei se consigo concordar com isso...não acho que entenda o que significa ser rainha. Porque toda vez que eu pondero sobre isso, só o que consigo pensar é a perda da minha liberdade. Sabe, eu sempre tive a opção de ser o que quisesse ser. Tanto é que me dediquei às esculturas, trampolim e filantropia. Não sei ser como Soleil, não sei ser como Naomi. Não fui treinada para isso. Nem mesmo sei os nomes dos governantes das nações irmãs de Althea, quanto mais quais tipos de ações temos juntos, mal sei como me comportar em reuniões diplomáticas e por aí vai...tenho muito medo de não ser a líder que todos esperam que eu seja...

-Eu entendo o que você quer dizer, Luna, mas você nunca poderia ser igual Soleil ou Naomi. Não poderia, primeiro porque você não foi treinada como elas, mas segundo e ao mesmo tempo, isso pode ser um trunfo enorme. Porque vai te permitir experimentar mais, encontrar mais opções e escutar. Sim, porque diferentemente delas você não está sozinha. Nem nunca estará. E essa é a terceira e principal diferença entre vocês. Você já aprendeu que um líder ouve.

-Um líder ouve...-repeti para mim mesma, como se quisesse afirmar para minha própria mente que eu já tinha aprendido essa lição. –e você acha que eu ouço?

Diamante da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora