Capítulo 7

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Uma das coisas que a minha avó sempre dizia quando íamos falar em público, era que precisávamos estar o mais próximo deles possível, sem deixar de lado quem éramos e como éramos diferentes. Isso normalmente implicava em eu e Soleil passarmos em torno de uma hora com uma criada alisando nossos cabelos com chapas quentes. Particularmente eu não gostava disso. Achava que era uma medida um pouco idiota e o que realmente contava para nos aproximarmos do nosso povo era o que diríamos a eles e o quanto os ouvíamos; mesmo assim seguíamos às orientações.

Como se tratava de uma reunião com representantes do povo e para falar sobre política, resolvi fazer o mesmo para aquela noite. Certo dia que ficamos sem as chapas e minha criada deu um jeito de alisar meus cabelos com grampos, foi o que fiz. Pedi a Ster alguns grampos e tentava me lembrar de como Marie os colocara no meu cabelo e recordava vagamente como ela preparava minhas ondas, imitando de memória, esperando que o resultado fosse o melhor possível.

-Acho interessante você se preparar toda para falar com aqueles homens. –Ivy disse encostada na porta do quarto, levemente aberta.

-Porque acha isso?

-Porque você é a princesa deles. Eles te devem respeito e atenção, apenas por esse fato. Não é que você precise pisar neles, nem nada do gênero, mas acho isso tudo desnecessário. –ela deu de ombros.

-Eu concordo com você em parte, mas sabe o que eu aprendi em todos esses anos como princesa? –era uma pergunta retórica, mas ela respondeu do mesmo jeito, balançando a cabeça negativamente. –Aprendi que a identificação e o sentimento de igualdade são muito mais visuais do que realmente um ato. Se você se veste de forma mais acessível que roupas de bailes, ou tenta deixar seu cabelo mais parecido com o da maioria do povo, você aparenta querer pertencer, mesmo que não seja o que você realmente queira. Entende o que eu quero dizer?

-Então é tudo um teatrinho?

-Não necessariamente. As pessoas acreditam naquilo que lhes faz melhor, as vezes é só uma ilusão, as vezes é verdade, mas a maioria das vezes é um disfarce. Algo para tirar nossa atenção para o que realmente importa. Hoje não quero um disfarce, ou uma ilusão, quero apenas que eles achem que podem me dar espaço para ser ouvida e respeitada, mesmo que, teoricamente, eu seja a princesa.

-Luna...-Ivy disse titubeante. –Acho que você está mais pronta para ser Rainha, do que pensa. –e me deu um sorriso de irmã. Um sorriso que eu nem conseguia lembrar a última vez que tinha visto desenhado nos lábios de Soleil, o que me deixou bastante emocionada.

-Ivy, Luna está pronta? –ouvi a voz de Eric vinda do outro lado da porta. Ivy, que estava encostada na porta entreaberta abriu-a completamente e Eric entrou no quarto. Eu já soltava os cabelos quase lisos e encarava o meu reflexo um pouco insatisfeita com o meu método sem método. –Todos estão aqui. –ele disse parado atrás de mim e colocando as mãos sobre os meus ombros.

Encarei seu reflexo por alguns segundos, querendo que ele lesse em meus olhos que eu não achava tudo aquilo uma boa ideia, mas que faria mesmo assim. Meneei a cabeça e me levantei indo em direção à porta. Tentando me lembrar das palavras de Ivy e do olhar de confiança que Eric dividiu comigo no túnel. Lembrei-me também do que tinha dito à Darius mais cedo e tentei reunir em mim mesma, todos aqueles sentimentos que eu queria sentir. Coragem, segurança, generosidade e liderança. Rezava para Selene que me desse forças, quando me deparei com sete homens sentado na sala de Eric.

-Senhores, eis a princesa Luna. –Eric fez uma leve reverência, assim como os outros homens presentes na sala. –Como contei para vocês anteriormente, eu a ajudei a escapar do castelo e a coloquei em segurança e também como os adiantei, nós dois estamos cogitando uma investida contra os Revoltos de Cassiopeia.

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