Cap. 24

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Cassiopeia.

Aquele nome ficou gravado na minha cabeça durante o sono que eu tinha no peito de Eric, ainda sobre a manta no planetário. Esse mesmo sono me levou para um sonho estranho, onde Soleil aparecia sentada de cabeça para baixo e estendia a sua mão para que eu a tocasse.

-Soleil...

-Luna... -ela respondeu com a voz embargada. Ela usava o longo vestido vermelho de veludo que usara em sua coroação. Tinha um pesado brinco de ouro e rubi em cada orelha, mas estava sem a coroa. Quando toquei a sua mão, ela me puxou, de modo que ficamos cara a cara, mesmo que ela de cabeça para baixo e eu não. –Você me traiu! –ela exclamou arregalando aqueles olhos verdes, quase brancos. –Você traiu o direito ao trono!

-Não! –exclamei.

-Porque você está assim, então?! -olhei para mim mesma e percebi que estava vestida com o manto azul safira de Althea e que sobre a minha cabeça estava a coroa real. Tentei tirá-la como um instinto, mas não conseguia. Soleil me encarava desolada. –Não acredito que você quer me salvar para me tirar do trono! Que tipo de irmã é você?!

Não conseguia responder mais nada, apenas reparar no fato de que Soleil permanecia de cabeça para baixo e por mais que eu tentasse me aproximar, cada vez mais ficávamos distantes, como sol e lua, literalmente. Afastados sempre.

Acordei, justamente com o sol iluminando a minha cara e sentindo calor.

-Bom dia. –Eric disse observando-me acordar. –Você dormiu bem?

-Sim...até sonhar com Soleil. –disse sentando e colocando a cabeça nos joelhos. Senti a mão de Eric acarinhar minhas costas e isso me tranquilizou.

-O que você sonhou?

-Ela me acusava de estar querendo tirar o que é dela por direito, enquanto me encarava ao contrário.

-Como assim ao contrário?

-Bom, ela estava sentada no trono de Althea, mas a cadeira estava de cabeça para baixo, quase como se estivesse pregada no teto. O que era mais incrível, era que tudo seu estava no devido lugar, os cabelos, as roupas...enfim...só em sonho mesmo! –tentei dar uma risada com isso, mas percebi que Eric permaneceu pensativo. –O que foi?

-Você sabia que a constelação de Cassiopeia representa uma rainha sentada ao trono, mas de cabeça pra baixo? Quero dizer, terminei de te contar a história da constelação?

-Não. –respondi, de repente me interessando ainda mais por astronomia.

-Depois que Cefeu e Cassiopeia colocaram a sua filha, Andrômeda, como sacrifício, amarrada em uma rocha, Perseu que passava pelo local resolveu salvá-la, pois se apaixonou a primeira vista pela moça. Em agradecimento, Cefeu ofereceu a mão da filha em casamento, mas como Poseidon não teve o seu sacrifício, decidiu punir Cassiopeia em uma constelação, prendendo-a em uma posição que ficaria cercada por gélidas estrelas e que ficasse uma parte do tempo sentada normalmente e a outra parte do tempo de cabeça para baixo.

-É sério isso? –perguntei assustada.

-Sim. –ele parou um pouco para pensar. –Será que isso tem alguma coisa a ver com a história dos Revoltos?

-Como assim?

-Bom, eles se chamam de Revoltos de Cassiopeia, não?

-É verdade! –exclamei me levantando de supetão. –Eric, você sabe de alguém que conheça a história dos Revoltos? Como eles surgiram, onde e etc?

-Sim. –ele respondeu também levantando. –Tevrone. Ele nasceu numa família de Revoltos, até renegar essa origem e vir para a região de Marilon.

Diamante da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora