Capítulo 55 (Luan) -PENÚLTIMO CAPÍTULO

458 25 0
                                    

3 MESES DEPOIS...

Gostaria de poder dizer que a Lorena estava melhor, mas isso não seria verdade. Nos últimos meses a vi decair cada vez mais. A cada dia que passava ela estava mais fraca, as crises de esquecimento haviam se tornado frequentes, mas por alguma razão, eu sempre conseguia trazê-la de volta.
Como havia prometido, ela não havia parado de escrever nossas memórias. Ás vezes ela pegava no sono enquanto escrevia, ou simplesmente decidia que continuaria depois.
Apesar de ela ter emagrecido mais, sua barriga de seis meses agora era bem evidente. Ela se sentia enjoada com qualquer coisa, mas eu a incentivava a comer, para o bem dela e da nossa filha.
Lorena já não caminhava mais sozinha, somente na cadeira de rodas. Acho que isso foi mais difícil para mim do que para ela, mas me dói admitir que a Lorena que eu havia conhecido estava se desfazendo a cada dia, aquela doença estava tirando o que havia de melhor nela, sua alegria, sua paixão pela vida...
Seus avós e Susi haviam passado a frequentar mais a nossa casa. Eles não diziam, mas acho que já esperavam pelo pior. Podem me chamar de tolo, mas eu ainda tinha esperanças de que ela conseguiria superar tudo isso.
Estávamos na metade do dia e, depois de insistir o máximo que podia para que ela comesse pelo menos um pouco da sopa que Manuela havia preparado, Lorena se rendeu a mim e comeu, pouco, mas o suficiente. Depois do almoço, ela adormeceu. Fiquei a observando durante alguns minutos, sentado ao seu lado na cama e depois de ter certeza de que estava tudo bem com ela, desci para a sala, onde avistei Bruna sentada no sofá:
-Bruna? -Falei caminhando até ela
-Oie Lu! -Ela se levantou me abraçando- Desculpe não ter avisado que estava vindo, mas me bateu uma vontade enorme de vim ver você e a Lorena
-Imagina, eu também estava com saudades de você piroca -Baguncei o cabelo dela
-Mesmo depois de casado, você ainda continua o mesmo bobão de sempre -Ela riu, fazendo careta e ajeitando seu cabelo- Onde está a Lorena?
-Ela está dormindo, ultimamente ela anda mais cansada do que nunca.
-Há, que pena, queria tanto falar com ela.
-Você pode esperar ela acordar... mas, posso saber o que você quer tanto falar com ela?
-Não seja curioso Luan! -Ela me repreendeu sorrindo- Bem, mas já que eu já comentei, acho melhor te dizer logo, eu e o Henrique ficamos noivos ontem! -Ela disse sorridente
-Você e o Henrique? Noivos? -Indaguei surpreso
-Sim! Não está feliz por mim? -Ela me encarou
-É claro que estou é que... Cara, não consigo acreditar que minha irmãzinha está noiva -Disse a envolvendo em um abraço
-Eu não sou mais só aquela garotinha Luan, eu cresci
-Eu sei disso. O Henrique é um cara legal, sei que vai dar tudo certo entre vocês dois, acho que a Lorena vai adorar saber disso quando acordar.
-Tenho certeza que sim, afinal, foi ela quem me apresentou o Henrique, queria que ela fosse a primeira a saber
-Prometo fazer cara de surpresa quando você for contar a ela -Sorri brincando, de repente, escutamos o barulho de algo caindo no chão e se quebrando, senti meu coração bater forte na mesma hora
-O que foi isso? -Bruna me olhou sem entender
-Veio do andar de cima... Meu Deus, Lorena! -Disse, subindo as escadas rapidamente, correndo na direção do nosso quarto. Quando entrei, encontrei um vaso de flores, que estava na mesinha ao lado da cama, caído e quebrado, no chão havia manchas de sangue e naquele momento eu senti o medo me dominar na hora
-Ai meu Deus! -Bruna disse assustada atrás de mim
-Lorena! Lorena! -Chamei por seu nome, indo até o banheiro, que estava com a porta aberta. A encontrei sentada no chão, ela sangrava muito e mal tinha forças para falar- Meu Deus Lorena! O que aconteceu meu amor? -Me ajoelhei no chão, tocando seu rosto
-No... nossa... fi... filha... Luan... -Ela dizia com dificuldade- A estou per... perdendo... -Uma lágrima rolou por seu rosto
-Calma, você não vai perdê-la, vai ficar tudo bem! Bruna? -A gritei e rapidamente ela veio até o banheiro- Ligue para o Henrique, diga para ele se preparar que eu vou levar a Lorena para o hospital!
-E a Manuela?
-Ela saiu, será que você pode ficar aqui para avisá-la? Avise a família da Lorena, diga a eles para irem para o hospital, avise nossos pais também!
-Tudo bem, eu aviso! -Com todo o cuidado, peguei Lorena em meus braços, atravessei toda a casa correndo, até chegar a garagem, onde coloquei Lorena no banco do passageiro e depois sai em disparada até o hospital. Ela sangrava muito e a dor que estava sentindo parecia ser insuportável. Levou pouco mais de quinze minutos para chegarmos ao hospital e, assim que estacionei o carro, quatro enfermeiros vieram em nossa direção com uma maca. Depois de ajeitar a Lorena na maca, eles entraram correndo no hospital, enquanto eu os seguia. Eles entraram com ela em uma sala e uma enfermeira me barrou:
-Desculpe, mas o senhor não pode entrar aqui
-É a minha esposa! Eu não vou deixá-la sozinha!
-Me desculpe senhor, mas...
-Luan? -Henrique apareceu, interrompendo a enfermeira
-Graças a Deus Henrique! A Lorena está sangrando muito e, eu não sei porque, mas não querem me deixar entrar...
-Desculpe Luan, mas você não pode entrar, a Lorena vai ter que passar por uma cirurgia de emergência
-Cirurgia? -O encarei sem entender
-Sim Luan, ela está perdendo a filhinha de vocês -Naquele momento, eu senti todo o meu mundo desabar, era como se o chão tivesse desaparecido debaixo de mim.  

Chuvas de ArrozWhere stories live. Discover now