Capítulo 43 (Luan)

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  Estava na sala de espera com meus pai, Bruna, os avós e a mãe de Lorena. Assim que ela desmaiou, a trouxemos o mais rápido que conseguimos para o hospital e desde então, estávamos esperando ela fazer alguns exames, para sabermos o que havia acontecido:

-Eu não entendo, ela estava bem -Susi se lamentava-Calma querida, ela vai ficar bem -Dona Ester tentou consolá-la-Eu disse a ela que não deveria viajar para tão longe! Deve ter sido o cansaço, eu não sei... -Ela argumentava. Percebi o quanto Susi estava preocupada, no instante em que ela olhou para mim- Como aconteceu, Luan?-Eu não sei -Respirei fundo, tentando assimilar tudo o que havia acontecido- Estávamos conversando, estava tudo bem e de repente, ela simplesmente começou a passar mal e depois desmaiou-Mas ela não sentiu nada antes? Quer dizer, na viajem? -Susi me encarava desesperada por respostas-Filha! -O pai de Susi, senhor Olavo, repreendeu a filha- O Luan está tão preocupado quanto nós! Ele também não sabe o que aconteceu!-Tudo bem -Disse- Eu só preciso respirar um pouco -Disse me levantando e saindo de perto deles, começando a andar pelos corredores do hospital. Eu só pensava na Lorena e no que poderia estar acontecendo com ela. Como também não conseguia aceitar que ela tinha uma doença grave. Para mim, nada disso importava ou fazia sentido, até o instante em que ela passou mal, mais cedo. Depois de passar no banheiro e lavar o rosto, retornei para a sala de espera, onde encontrei Henrique, que havia deixado de lado sua folga e que agora se encontrava vestido em um jaleco branco:-Henrique, tem notícias da Lorena? -Disse me aproximando-Sim, os exames já ficaram prontos -Ela disse e neste instante, percebi que a sua cara não estava nada boa-O que aconteceu? O que ela tem? -Supliquei, já não aguentando toda aquela agonia-Eu gostaria de falar sobre isso com você em particular, será que podemos?-Claro-Vamos até a minha sala então-Esperem! Eu vou com vocês! -Susi disse se levantando e vindo se juntar a nós-Susi, eu sei que você está preocupada, mas é que eu queria muito falar com o Luan -Henrique tentou fazê-la mudar de ideia-É da minha filha que estamos falando! Por que será que eu não posso saber o que está acontecendo com ela?-Susi, acho que é melhor você ficar aqui, conosco -Bruna também tentou fazer com que ela ficasse-Não, eu vou! Seja o que for, eu aguento! E vocês não vão conseguir fazer com que eu mude de ideia -Ela disse, certa de que queria fazer aquilo. Henrique me olhou e com a cabeça, eu garanti que estava tudo bem. Ele nos levou até a sua sala e depois de nos sentarmos, ele começou:-Como vocês já sabem, o caso da Lorena é delicado, e o que aconteceu hoje, foi algo totalmente natural, ela teve uma alteração na pressão, o que provocou as dores de cabeça, felizmente, segundo os exames, ela já estaria pronta para fazer a cirurgia, mas...-Mas o que Henrique? Se está tudo certo, porque vocês não fazem logo essa cirurgia? -Susi perguntava nervosa-Porque, existe um motivo maior que nos impede de fazer isso, quer dizer, sem o consentimento dela-Consentimento? -Perguntei, desta vez que não havia intendido tinha sido eu. Vi que Henrique se recostou em sua cadeira, parecia pensar na melhor maneira de nos dizer algo-O que estou querendo dizer -Ele dizia com cautela- É que a Lorena, ela está grávida-Grávida? -Susi o encarou completamente surpresa. Senti meu coração bater mais forte, enquanto tentava digerir o significado daquela palavra-Sim, é o que os exames apontam, por essa razão ainda não fizemos a cirurgia. Após a operação, a Lorena vai ter de ingerir remédios fortes e talvez até continuar com a quimio, o que pode afetar o feto, causando deformações e talvez até um aborto espontâneo-É a vida da minha filha que está em jogo, vocês não tem o que pensar! -Susi dizia completamente alterada, enquanto eu, não sabia o que pensar, estava completamente confuso e perdido e a única palavra que vinha a minha mente era gravidez-Sabemos disso, mas, nestes casos, quem decide o que vai acontecer é a mãe da criança, seria contra nossa ética fazer algo sem o consentimento dela-Isso é uma piada! -Susi gritava- Deveríamos aproveitar o fato de que esta criança está sendo gerada agora e acabar de uma vez por todas com tudo isso! A Lorena não precisa nem saber -Eu sinto muito, Susi -Henrique disse, colocando um ponto final naquela discussão. Susi se levantou bufando da cadeira e saiu da sala- Sinto muito também, Luan -Ele disse me olhando-Grávida? -Murmurei aquelas palavras, com uma certa estranheza, não esperava dize-las tão rápido- De quanto tempo? -Levantei meu olhar para ele-Não sabemos ao certo, mas acho que se trata de algumas semanas -Isso não podia ter acontecido -Me lamentei-Mas aconteceu -Henrique disse, se debruçando sobre a mesa para poder me olhar melhor- Você e a Lorena se amam, Luan, sei que vão encontrar uma maneira de resolver isso -Onde ela está? -Pedi- Eu preciso muito vê-la -Está em um dos quartos descansando, ela está sedada, por causa das dores de cabeça, mas fale com a enfermeira, ela vai te levar até ela-Obrigado -Não foi nada -Ele se levantou- Acredito que vá querer ficar um pouco sozinho, fique aqui o tempo que precisar -Ele colocou sua mão sobre meu ombro, a tirou após alguns segundos e saiu da sala. Sentado ali, sozinho, eu tive a real noção do quanto aquilo era grave e poderia trazer consequências a Lorena. Estava tão integre aos meus pensamentos, que nem percebi quando Susi adentrou novamente a sala. Quando me virei para olhá-la, seus olhos estavam vermelhos e lágrimas corriam por eles sem parar:-Satisfeito? -Ela me olhou completamente revoltada-Susi, eu...-Nem por um instante sequer, você pensou que isso poderia acontecer? -Ela dizia em fúria- Ou você pensou que somente pelo fato de ela estar doente e em fase de tratamento, ela não poderia engravidar? -Me mantive em silêncio, não havia muito o que dizer- Que tipo de homem é você? -Ela dizia completamente descontrolada, me levantei, pedindo a ela que se sentasse no meu lugar, ela precisava se acalmar:-Não, eu não quero me acalmar! -Ela gritou, quando eu tentei segurá-la, partindo para cima de mim, distribuindo vários tapas em direção ao meu tórax- Você me prometeu que cuidaria dela! -Ela gritava entre soluços- E agora, por sua culpa, minha filha corre o risco de morrer! -Ela continuava a me agredir, com as únicas forças que lhe restavam. Não tentei impedi-la, ninguém me odiava, mas do que a mim mesmo naquele momento. Quando ela finalmente se deu por vencida, deu um passo para trás, me olhando bem nos olhos- Se acontecer alguma coisa com ela, quero que se lembre que a culpa foi sua e eu prometo te lembrar sempre disso -Ela me olhou uma última vez nos olhos, o desprezo evidente em seu rosto e depois, saiu da sala, sem olhar para trás. Sai pelo corredor, e assim que encontrei uma enfermeira, pedi que ela me levasse ao quarto em que estava Lorena.Fiquei completamente em choque quando me deparei com a minha princesa ali, deitada naquela cama, completamente imóvel, por causa dos efeitos dos sedativos. Me aproximei da cama e acariciei seu rosto, sentindo as lágrimas saltitarem dos meus olhos. Me sentei em uma cadeira ao lado de sua cama e apanhei sua mão, sentindo uma dor horrível me invadir por completo:-Eu sinto muito amor -Dizia chorando- Eu juro que não queria que isso acontecesse com você. Eu sei que disse em inúmeras ocasiões o quanto queria ter filhos com você e olha só que ironia, você está grávida meu amor, um filho nosso, mas -Soluçava- um filho que não vamos poder ter, porque, por mais que me doa, por mais que seja difícil, eu prefiro abrir mão dele, do que abrir mão de você. Eu te amo demais Lorena e depois que você se curar, vamos poder ter mais filhos e finalmente construir nossa família -As palavras me doíam mais do que um soco. Estendi minha mão e toquei a barriga de Lorena, me permiti sorrir por alguns instantes, ao pensar que ali havia uma vida, que havia sido criada por nós dois, mas com a mesma velocidade com que esse pensamento veio, ele se desfez. Me aproximei mais da cama e com muito cuidado, deitei minha cabeça sobre sua barriga- Eu sinto muito -Chorava- Mas você entende que precisamos salvar a mamãe, não entende? Eu não posso deixar ela ir, eu não posso...

Chuvas de ArrozWhere stories live. Discover now