Chuvas de Arroz

Capítulo 13 (Lorena)

-Ian? O que faz aqui? -Meu pai o questionou, enquanto seu olhar se mantinha fixo em mim e em Luan
-Eu, eu... -Ele se ajeitou, voltando seu olhar para meu pai- Vim apenas trazer alguns papéis para o senhor, ao mando de meu pai
-Sim, os papéis do hospital -Meu pai se levantou indo até ele e apanhando a pasta que continha os papéis de suas mãos
-Bem, já vou indo, acho que cheguei em uma má hora -Ele olhou de relance para mim e senti o corpo de Luan se enrijecer um pouco, ele deveria estar tão desconfortável quanto eu- Adeus -Olhando para todos na sala, Ian se virou e seguiu até a porta. Quando ele se foi, todos nos encaramos um pouco constrangidos:
-Bem, quem vai querer sobremesa? -Minha mãe perguntou, tentando quebrar o clima tenso que pairava sobre nós
-Obrigada mãe, mas eu fiquei de mostrar o condomínio para o Luan, vamos amor? -Sabia que naquele momento precisávamos conversar e essa foi a melhor desculpa que encontrei
-Claro, vamos sim! -Ele se levantou animado segurando minha mão- Daqui a pouco voltamos para provar seus quitutes maravilhosos, senhora Ester
-Só não demorem muito -Repreendeu meu pai
-Não senhor, pode ficar tranquilo -Luan o olhou firme e por um momento, pensei ter visto meu pai recuar. Depois de sairmos de casa, caminhamos em silêncio por alguns metros. Perto da minha casa havia um bosque, quase uma reserva, onde as pessoas que moravam ali quase não costumavam ir, levei Luan até lá. Só parei quando estávamos em meio a algumas árvores e sabia que ninguém poderia nos ver ali:
-Me desculpe -Olhei para ele me sentindo culpada- Eu juro para você que não sabia que o Ian fosse aparecer assim
-Tá tudo bem Lorena, não foi nada de mais
-Não quero que pense que ele frequenta minha casa com frequência, essa é a primeira vez que ele aparece assim, de repente
-Isso nem passou pela minha cabeça -Luan segurou meu rosto em suas mãos
-Não está chateado? -O encarei receosa
-Nem um pouco. Você não sabia Lorena e eu não vou culpá-la por isso -Como alguém podia ser tão compreensivo assim? - Além disso, uma vez, uma mulher muito linda me disse que não devemos nos preocupar com o passado e sim com o nosso agora -Ele sorriu para mim
-Quem foi essa louca que te disse isso? -Brinquei
-Não sei, só sei que a cada dia eu me sinto mais apaixonado por ela -Luan calmamente aproximou seus lábios dos meus, me beijando com ternura e com compaixão- Não vamos deixar que uma besteira estrague nosso dia, ok? -Ele sussurrou sem parar nosso beijo
-Acho que meus pais gostaram de você -Murmurei lhe dando selinhos
-Mais um motivo pra comemorar -Ele riu, me encostando em uma árvore e voltando a me beijar, desta vez, com mais desejo. Ficamos mais alguns minutos ali, namorando, trocando cáricias... Luan era um homem incrível! E quando estava com ele, eu não queria mais me afastar, poderia ficar em seus braços e deixar que ele me beijasse para sempre. Cada minuto que passava ao seu lado, só servia para que eu me sentisse mais atraída por ele.
Quando voltamos para casa, minha mãe nos intupiu de goluseimas e mais tarde, quando o sol ja se colocava, Luan se despediu e foi para casa. Amanhã mesmo ele já tinha show ali em Sampa e depois voltaria a viajar.
-Seu namorado é bem legal filha -Minha mãe comentou, enquanto eu a ajudava a arrumar a cozinha
-Ele é um amor e só de o papai não tê-lo feito sair correndo daqui já foi um grande ganho -Rimos
-Sabe que seu pai nunca vai ceder, mas, acho que ele também gostou do Luan
-Assim espero. Onde esta Susi?
-Acho que no quarto, ela disse que não estava se sentindo muito bem. Será que você pode levar o lixo la pra fora pra mim?
-Claro que sim mãe -Peguei o saco com o lixo e depois de passar pela sala, sai de casa. Depois de caminhar por um caminho de pedras, que dava até nossa casa, cheguei a lixeira. Neste momento vi alguns árbustos que cercavam minha casa se mexerem, quando me virei, senti alguém me agarrar por trás e tapar minha boca:
-Não se assuste, por favor, eu só quero conversar com você, esclarecer algumas coisas... Será que podemos? -Era Ian. Lentamente balancei a cabeça afirmando que sim. Do mesmo modo, ele me soltou com bastante cuidado:
-Afinal, o que você pensa que está fazendo? -O olhei brava
-Você não iria querer me ver, foi minha única opção.
-Não mesmo!
-Lorena, o que você anda fazendo com aquele cantor?
-Eu não lhe devo satisfações -Ameacei sair, mas ele me segurou pelo braço
-Foi por causa dele que você terminou comigo? Não foi?
-Não ouse me acusar, você sabe muito bem que terminamos porque você foi infíel comigo!
-Vocês estão juntos? -Seus olhos de um azul quase cinza me davam medo
-Sim, Luan é MEU namorado -Fiz questão de deixar bem claro que estávamos juntos agora. Por alguma razão, Ian parecia ter ficado em choque, soltou meu braço e se afastou um pouco
-Namorado? Então, tudo o que vivemos, não significou nada pra você?
-No começo, sim, mas depois você se comportou como um completo idiota comigo, como esperava que eu fosse reagir?
-Você acha mesmo que esse cara te quer? -Ele sorriu irônico, quase desesperado- Lorena, quando ele te levar pra cama, vai te abandonar na primeira chance que tiver - Senti meu rosto queimar de raiva e sem pensar duas vezes, arremessei o saco cheio de lixo no Ian, o deixando completamente imundo:
-Ops, escorregou -Ri. Eu também podia ser siníca quando queria. Ele encarou sua camisa branca completamente enfurecido, enquanto tudo o que eu sabia fazer era rir- Primeiro, você está fedendo e, segundo, o Luan não é um cafageste como você e, terceiro, se voltar a me procurar de novo, as coisas não vão ficar muito boas pro seu lado
-Você se acha superior, não é Lorena? Acha que pode me deletar de vez assim da sua vida? -Mas uma vez me senti intimidada por ele. Ele se aproximou mais de mim, me olhando profundamente- Isso não vai ficar assim -Ele me lançou um olhar enfurecido e sumiu na escuridão. Ok, tenho que admitir, depois dessa, eu tomaria um certo cuidado com o Ian e avisaria Luan também. Acho que ele não seria capaz de fazer nada de mais, o problema, é que nunca sabemos o que se passa na cabeça das pessoas. Ainda mais das que estão com o coração carregado de ódio.