Eu digo sim

10.6K 1K 89
                                    



Eduarda

Meus lábios ainda sentem a sensação do beijo quando Victor se afasta. Eu nada consigo falar, ao contrário do meu corpo que está gritando por causa do seu toque. Seu polegar toca meus lábios delicadamente, seu olhar perdido na minha boca, enquanto eu estou fascinada com a maneira como ele está me tocando.

— Beijar você está se tornando viciante. Não consigo parar de pensar nos seus lábios, em como eles me aceitam quando a toco.

Victor me beija novamente, mas dessa vez é apenas um toque suave, depois me afasta para poder me olhar nos olhos.

— O que estamos fazendo? – consigo perguntar em um fio de voz.

— Eu também gostaria de saber. Não é correto o que fiz no lago e nem o que acabei de fazer, mas não quero outra coisa que não seja continuar a te beijar. Eu não sinto essa vontade há muito tempo...

Victor toca meu rosto e seu toque faz com que feche meus olhos e sinta a sensação de estar tão próxima dele.

— Eu deveria manter meu profissionalismo e ser apenas seu médico, mas estar com você, me causa sensações que eu achava que estavam enterradas. E eu sinto essa necessidade de estar mais perto, de poder tocar, beijar você. Consegue me entender?

Abro meus olhos e vejo os seus aflitos esperando minha resposta.

— Eu... Eu sinto o mesmo e já faz algum tempo. Acho que desde o primeiro momento em que nos encontramos. Quando o vi, tive a impressão que já o conhecia, embora nossos caminhos não tivessem se encontrado. Mas fiquei calada, guardando esse sentimento só para mim por receio ou medo que eu estivesse apenas sentindo uma necessidade, uma carência.

— Você é tão segura, tão forte, apesar de tudo que vem passando desde que acordou...

— Não sou assim tão forte, está acontecendo tantas coisas ao mesmo tempo que estou com medo de desabar a qualquer momento. Parece que todos esperam algo de mim e isso está me levando ao limite... Sinto que a qualquer instante posso perder o controle.

Não sei como estava conseguindo falar tudo o que estava guardando desde que acordei. Parecia que Victor possuía o dom de deixar leve e falar sem medo.

— Você nunca vai perder o controle, e se isso acontecer, estarei aqui.

— Você não pode falar isso Victor. Eu e você... Nós... A gente...

— Ei sei... Eu deveria pensar na sua recuperação, mas nesse momento estou sendo egoísta e quero pensar apenas em mim. Eu preciso de você. Aquele beijo no lago só serviu para me alertar.

— Te alertar?

— Sim. Alertar-me que de meu luto precisa chegar ao fim. Estou me escondendo do mundo por medo...

— Nunca imaginei que você sentisse medo.

— Sou como você. Um estado diferente de coma. Estou acordado, convivendo com as pessoas, mas fechado em meu próprio mundo, aquele que criei depois de sofrer uma grande perda. Ser obrigado a voltar ao Brasil e enfrentar tudo aquilo que me trouxeram lembranças do meu passado...

— Tudo bem, não precisa falar – digo tocando seu rosto.

— Mas eu preciso. Tenho que falar tudo o que estou evitando dizer em voz alta por que preciso seguir em frente. Meu coração precisa bater novamente... Na verdade, ele já bate. Ele já conheceu um coração lindo e igual a ele... Ele conheceu o seu, e a cada vez que sente sua proximidade, parece que vai saltar do meu peito.

Quando encontrei você - Livro 4Onde as histórias ganham vida. Descobre agora