Eduarda
Com Kadu em lua de mel, Nick voltando para sua agenda lotada, só restava a companhia de minha mãe. Após a minha breve consulta com o Victor, quer dizer, doutor Victor, era assim que eu o chamaria para sempre. Não, para sempre é muito tempo, até eu me recuperar ou pelos menos puder seguir com minha vida nada perfeita.
Não é que eu esteja reclamando da minha vida, na verdade eu deveria erguer as mãos para o alto e agradecer por estar viva, mas por que não estou fazendo isso?
Por que não estou feliz por ganhar uma nova chance? O que há de errado comigo?
Estou tão perdida em meus pensamentos que não percebo que minha mãe acaba de entrar no meu quarto.
— Bom dia filha, achei que estaria dormindo.
— Eu dormi por quatro anos, acredito que não tenho mais sono acumulado.
Minha se aproxima e senta na cama pegando minha mão.
— Vamos tomar café juntas?
— Estava esperando por mim? – pergunto erguendo minhas sobrancelhas.
— Sim. Não gosto de fazer minhas refeições sozinhas, nunca gostei, mas tive que fazer isso por alguns anos depois que meus filhos adquiriram maturidade e passaram ficar mais tempo fora de casa do que na minha companhia.
Sinto uma pontada de tristeza em sua voz.
Eu acaricio sua mão e a cubro com minha mão livre.
— Sinto muito mãe, nunca pensei que a senhora se sentisse assim.
— Ora, deixe para lá, já não me importa mais... Estou muito feliz por estar aqui, agora conversando com você. Desejei isso todos os dias depois do seu acidente.
— Não vamos mais falar do passado. Vamos fazer de conta que eu estava apenas viajando e voltei semana passada – falo oferecendo um sorriso reconfortante.
— Claro. Vou pedir para que alguém me ajude a descer você até a cozinha.
— Mãe, isso vai ser todos os dias? Digo, depender de alguém para me locomover?
— Vai ser temporário...
— Por que eu não fico no quarto de baixo? Ele não está sendo usado para nada mesmo...
— É lógico que não. Esse é seu quarto... E mesmo assim, aquele quarto é pequeno demais, não caberia metade das suas coisas.
— Como se eu ligasse para esses detalhes quando tenho coisas mais importantes do que isso. É melhor do que ficar esperando alguém vir me ajudar.
— Vamos conversar melhor sobre isso enquanto tomamos café? Eu não sei você, mas eu estou morrendo de fome – ela riu.
Minha mãe pediu para que Roberto, o jardineiro viesse me ajudar. Ele trabalhava para nossa família desde que eu tinha cinco anos, e lembro que eu adorava brincar de pique esconde com ele e sua filha Ana quando ela vinha visitá-lo.
A mesa do café estava caprichado, todas as guloseimas que gosto estava posta. Minha mãe não havia esquecido nada.
— Quantas famílias pretende alimentar hoje?
— Só a nós duas. Você está magrinha demais.
— É claro que estou magra mãe. Estava me alimentando por uma sonda. Mas logo vamos resolver isso. Assim que eu conseguir colocar minha vida nos eixos, a senhora vai ver que logo vou voltar a ter meu corpo – sorri.
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Quando encontrei você - Livro 4
RomanceQuatro anos. Esse foi o tempo que Eduarda ficou em coma após sofrer um grave acidente de carro. Assustada e sem entender o que está acontecendo, ela precisará contar com a ajuda da família para compreender o que aconteceu nesse período em que esteve...