XXIV

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São cinco da manhã e chove.


Acordo em meio a um turbilhão de pensamentos

Com esta incerteza, que me acompanha

E que bate à minha porta

Para me fazer perder o sono.


Tento manter controle e me acalmar.

Tento não pensar no que pode dar errado...

Ah, a vida e suas ironias!

Quando se tem o copo meio cheio,

Por que a metade vazia tanto preocupa?


Acordo com o som da chuva na janela.

Ligo o celular.

Em seguida, checo as redes sociais,

Fico dizendo a mim mesma que tudo dará certo.


"Tudo dará certo" se torna quase um mantra,

Mas esta frase não me acalma,

Ao contrário, sufoca-me em sua falta de precisão:

Quando e onde este tal de Tudo fará da minha jornada coisa certa?


Saio da cama,

Vou ao banheiro,

Depois à cozinha:

Preciso beber água e sentir o líquido descendo por dentro.

(Uma estúpida tentativa de aquietar o coração.)


Ah, esse coração teimoso que nunca aprende!

Ele anseia demais, deseja demais, ama demais!

Por mais que o cérebro tente preservá-lo,

Por mais que lute para remendá-lo a cada queda,

Parece que este coração resiste e teima em cometer o mesmo erro de se apaixonar.


Depois de muitas tentativas,

Um dia o erro vira acerto,

Um dia, tudo dará certo.


Volto para a cama.

Escrevo um poema e

Tento dormir.


Poemas para o amor que já se foiWhere stories live. Discover now