1. (Décimo capítulo) Sem escapatória

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Me deixaram para trás, dentro do galpão camuflado, e foram à luta, no meio da floresta arborizada que nos cercava. Eram cerca de 50 homens, talvez um pouco mais, todos bem armados e de passos firmes. Vinham rapidamente e um deles já trazia uma arma parecida com uma bazuca, porém além de balas, ela lançava granadas. Meu senso de percepção estava enfraquecendo com o passar do tempo. Eu não sabia por quê.

Estes novos soldados eram muito mais preparados do que aqueles e tinham táticas de batalha muito mais diversificadas, utilizando água salgada contra as descargas de Üb (que tentava reverter este uso, aumentando a energia disparada contra eles) alternando com balas comuns. Era algo mais equilibrado e estes mantinham um ritmo de ataque e distanciamento, tentando os levar para longe do local onde eu estava. Porém, eles entenderam isso logo e não foram; seu objetivo era me proteger pelo máximo de tempo possível. Acho meio bobo, já que não valho tanto para eles... Não sei, seres humanos às vezes extrapolam.

Já contra Rylla, os soldados tinham planos de ganhar por emboscadas pelas suas laterais. Atacar por múltiplos caminhos e com balas diversas, de penetração aumentada e metais muito pesados. Aquele monte de metal derretido entrando em contato com a grama seria considerado crime ambiental há muito tempo, quando alguém se preocupava realmente com a Terra.

Ver o geral da batalha era como ver uma partida de um jogo muito antigo chamado xadrez; felizmente, o lado que me protegia estava parecendo mais preparado do que o oponente. Houve inclusive, ataques surpresa combinados e à distância unindo as descargas ígneas e as elétricas. Primeiro uma explosão carbonífera e depois, quando os soldados já achavam ter controlado as chamas e se salvado, a energia térmica era quase toda transformada em elétrica; a descarga final era fatal quase sempre. Isso fazia os dois afastarem ainda mais os soldados, porém estes conseguiam voltar aos seus postos quase tão rápido quanto Rylla e Üb.

Mais uma tropa, desta vez menor, chegou e agora havia cerca de setenta contra aqueles dois. Eu tentei relaxar para adiantar os processos; quanto mais raciocinasse, mais demoraria e já estava demorando demais. Üb e Rylla já estavam cansando. Haviam derrubado quase trinta soldados e este reforço que acabara de chegar os deixou um pouco mais desmotivados. Após Rylla ser atingida de raspão na lateral externa da coxa esquerda, eles notaram que desânimos seriam fatais, então voltaram a seu ritmo normal.

Um ataque concentrado de ira da mulher devastou seis soldados, que se escondiam no meio das árvores gigantes; os que estavam próximos recuaram; três caíram com queimaduras profundas demais para sobreviver. Naquele momento, ela se tornou um alvo fácil. O metal que havia liquefeito e caído do solo havia se infiltrado por dentro dele, ido por baixo da terra e chegado nela; provavelmente estava cheio de microchips que ordenavam seu movimento e forma. Rylla tentou excitar a matéria, como sempre, mas eles já estavam prontos e foram mais rápidos; ela foi imobilizada e bloquearam os picos que geravam a ignição em seu corpo. Estava fora de combate.

Üb percebeu que o mesmo ocorreria com ele, fincou estacas longas e metálicas no chão para eletrificá-lo; Neste momento os metais eletroguiados tiveram seus chips danificados; ele estava salvo por enquanto. Para recarregar aquela energia gasta, ele absorveu em suas baterias a eletricidade do solo e converteu a térmica que Rylla havia deixado para trás; absorveu esta também.

Perto de mim, alguém se aproxima cada vez mais. Respiração baixa, passos discretos e quase inaudíveis, se escondendo pela escuridão do galpão, embora não houvesse ninguém para vê-lo. Ele não sabia se haveria, então estava sendo cauteloso. Era forte e com uma altura um pouco acima da média, corpo troncudo; mesmo com este tamanho, ele tinha uma presença absolutamente oculta. Não era um amador, sem dúvidas; seu tipo, perseguidor.

GenübermenschWhere stories live. Discover now