Cap. 20: O fim da farsa

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Duas semanas depois
*Pov Mery*
Cá estou eu, duas semanas depois. Digamos que o meu pior pesadelo ainda está a ser pior do que aparentava. Ainda não sei o que sou mas a parte boa e que não tenho de beber sangue nem me transformo em lobo nas noites de lua cheia. Como o sei? Anteontem foi lua cheia e não me cresceu cauda nem focinho. A lua cheia só me afecta de uma maneira: torna os meus poderes muito mais fortes. Sim, é verdade, não necessito de sangue nem de me transformar mas tenho telecinésia. O Sean diz que como os vampiros e lobisomens conseguem usar a mente para comunicar, eu adoptei esse poder de ambos e assim consigo controlar objectos e pessoas com a mente. O meu segundo poder é a minha incrível habilidade para desmaiar. Começou por ser de dois em dois dias, depois passou a ser todos os dias e agora chego a desmaiar várias vezes ao dia. O único dia em que não desmaio é quando é lua cheia. Eu tenho a vida que muitas pessoas desejam ter: eu passo grande parte da minha vida a dormir, involuntariamente, mas a dormir.

Então é assim que têm sido as minhas duas semanas pós-morte. Para todos os efeitos eu estou morta para toda a gente...Para toda a gente menos o Sean.

*Pov Sean*
-É que nem penses nisso.- disse eu.

-Porque não?- disse John.

-Ele tem razão. É muito arriscado.- defendeu-me Bryan.

-Arriscado? Apesar de tudo ele é o pai dela. Tem o direito de saber que a filha morreu.- disse John.

-Olha, lá porque ele era o teu querido sogro não que dizer que nos leves a todos para a morte. Já te esqueceste que ele tentou matar a própria filha? Como achas que se vai sentir ao saber se que ela já está morta?- disse eu.

-Não sei... Mas ele é o pai. Tem direito a saber.- disse John.

-Ele não é o pai dela. Perdeu esse título quando a tentou matar.- disse Bryan.- Ela não iria querer que corressemos esse risco.

-Como é que sabes? Ela não está aqui.- disse John.

-Tu mais do que ninguém devias saber isso... Ela não queria mais sofrimento, mais mortes, mais sangue.- disse Bryan.

-Ele tem razão, John, devias ouvir o que o teu irmão diz.- disse eu.

-Muito bem. Não vou falar com o pai da Mery. Mas é por ela, não por vocês.- disse John.

-Por ela.- disse Bryan.

-Por ela.- disse eu saindo da sala.

***


Eu sabia perfeitamente o que John estava a sofrer mas acreditem em mim quando digo que para a Mery não tem sido nada fácil também. Para além de ter de estar longe de toda a gente, ainda tem de suportar tudo o que aconteceu naquela noite.

Acabo de entrar em casa e chamei pela Mery mas ela não respondeu. Fui dar uma vista de olhos pela casa e acabei por a encontrar desmaiada no chão da sala. Mas este desmaio não tinha sido como os outros. Para além de estar mais pálida do que era costume, Mery estava demasiado quente. Levei-a para o quarto e coloquei-a na cama tapando-a de seguida. Voltei a descer e fui buscar um pano e um recipiente com água fria. Voltei a subir as escadas e fui até Mery que ainda estava desmaiada. Coloquei-lhe o pano de água fria em cima da cabeça e tentei acordá-la. Bati-lhe devagar na cara, gritei o seu nome e nada. Mery nunca tinha ficado desmaiada por tanto tempo. De repente, deixei de sentir Mery respirar. Coloquei a minha orelha sobre o seu peito mas não senti o coração bater.

-Bolas!- disse eu tentando reanimar Mery.- Vá lá, Merydith. Vá lá.

Senti uma lágrima escorrer-me pelo rosto. Já tinha fingido perder a Mery uma vez mas não a poderia perder outra vez.

-Mery!- gritei continuando a tentar reanimá-la.

Suspirei de alívio quando ouvi Mery a tossir.

-Nunca mais me pregues um susto destes.- disse eu aliviado.

-O que é que se passou?- disse Mery confusa.

-Diz-me tu...- disse eu.

- A última coisa de que me lembro foi de ir para a sala para ver televisão. Depois não me lembro de mais nada...

-Tu desmaiaste. Mas desta vez foi diferente.

-Como assim foi diferente?

-Bem, ficaste mais tempo desmaiada, estavas muito quente e o teu coração simplesmente parou.

-Bem, podia ser pior. Podia ter caído em cima de água e ter ficado com a maquilhagem borratada.

-Importaste de parar com isso. Isto não é uma brincadeira... Eu vou dizer ao John e ao Bryan.

-O quê? Nem penses!

-Lamento mas tem de ser. Eu não quero perder-te Mery mas é o que vai acontecer se continuarmos sem fazer nada. Eu tenho medo que um dia destes tu desmaies e não acordes. Eles poderão ajudar-te.

-Como? Eles nem sabem o que eu sou...

-Alguma coisa deverão saber a mais que eu. Afinal, eu sou humano e eles são parte do que tu és... Havemos de arranjar uma solução.

-Sean, não o faças.

-Lamento.- disse eu saindo de casa e dirigindo-me à cabana. Iria contar a verdade... toda a verdade.

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