Cap. 15: Lar doce lar

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*Pov Mery*
As pessoas teimam em dizer que as palavras quando ditas podem ser piores que tudo. Que são a pior coisa do mundo. Eu não concordo. Na maioria das vezes, as palavras que não são ditas ainda doem mais.

Há alguns meses atrás eu tinha a minha vida definida, tudo planeado: era uma caçadora e o meu objectivo de vida era tornar-me digna de ser a sucessora do meu pai. Para queria ser a melhor na minha profissão. Agora eu questiono-me como a minha vida pode mudar tanto em tão pouco tempo. Tudo começou quando eu conheci John. Fez-me ver que nem todas as criaturas são más... Fez-me questionar quantas pessoas boa eu já matei apenas por serem lobisomens ou vampiros... Depois conheci o verdadeiro Sean. E também descobri que John tem um irmão gémeo chamado Bryan que é lobisomem. Conheci o Josh e a Sophie e agora tenho que salvar a irmã de Sean. Além disso, a culpa de ela estar a morrer é minha. E agora aqui estou, parada em frente da cede e a tentar arranjar coragem para entrar.

***

Respirei fundo e dei um passo em frente.

-Não o faças.-ouvi uma voz dizer atrás de mim.

-Porquê, John?- disse eu.

-Porque tu sabes que o teu pai é capaz de te matar.- disse John.

-Depois de tudo o que aconteceu...Acho que isso seria um alívio para mim.- disse eu dando mais uns passos.

Tive de parar quando senti uma mão segurar-me o braço. Voltei-me, com a intenção de desatar a gritar, mas não fui capaz. Deparei-me com uns olhos negros e preocupados. Nunca tinha visto John assim. Reparei que eu estava a chorar quando senti a mão de John na minha cara a limpar-me as lágrimas. Rapidamente me virei para que John não me visse chorar.

-Está tudo bem.-disse ele voltando-me suavemente.- Chorar torna-te mais humana.

-Não.- disse eu.- Chorar torna-me mais fraca...

-Não, pelo contrário. Chorar prova que tens sentimentos, que te preocupas com as pessoas. Isso não é ser fraca, é ser forte.- disse John.

Nesse momento vi-o sorrir. Era um sorriso simples, quase forçado. Sorriso para disfarçar a preocupação. Um sorriso que, apesar da simplicidade, me fez sorrir...

Limpei as lágrimas apressadamente e soltei-me de John, dirigindo-me à cede. Uma vez mais, John pegou-me pelo braço. Desta vez eu estava disposta a dar-lhe um valente raspanete: eu fiz uma saída dramática, uma daquelas saídas que uma rapariga espera a vida inteira para ter, e ele estragou o dramatismo. Virei-me para discutir mas não fui capaz. Assim que disse a primeira palavra já tinha os lábios de John colados aos meus. Os seus lábios eram frios, como se beijasse neve, mas ao mesmo tempo faziam-me sentir segura...

Eu afastei-o, apesar de tudo, ele era um vampiro e eu uma caçadora.

-John eu...- disse eu.

Ele sorriu, outro daqueles sorrisos de quem tenta disfarçar a tristeza, colocando o dedo ao pé dos meus lábios.

-Deixa estar. Falamos depois. Tem cuidado.- disse ele.

-Terei.- disse eu.

Ele sorriu outra vez e eu entrei na cede.


***

Lutei contra muitos caçadores enquanto ia tentando atingir a sala do antídoto. Quando finalmente consegui, entrei na sala e vi o meu pai a segurar no frasco que continha o antídoto.

-Olá..filha.- disse ele dando ênfase à última palavra.

-Pai...- disse eu.

-Presumo que seja isto o que procuras.

-Presumo que não mo vás dar.

-Vejo que continuas em forma. Conseguiste derrotar os meus melhores caçadores.

-Se aqueles são os teus melhores caçadores, tenho-te a dizer que o nível baixou bastante.

-É verdade, não tenho apostado muito na luta corpo a corpo. Tenho apostado mais nisto.- Assim que o meu pai disse isto, estalou os e um monte de homens armados até aos dentes entrou na sala apontando as armas para mim.

-Uma festa de boas-vindas?- disse eu.

-Tudo pela minha filha.- disse o meu pai.

ForeverOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz