Pov Liam

- Liam, você não está me ajudando. Anda, come isso de uma vez. - dizia Tom, pela milésima vez, enquanto eu mantia os braços cruzados, olhando de soslaio para uma bandeja com frutas e uma vitamina de morango. Como se já não bastasse o cheiro constante (no começo era doce, mas agora que tudo soava como um pesadelo e minhas esperanças se foram, cheirava a perfume barato), eu ainda teria que comer algo do tipo? Sem chance.
- Me recuso, eu não quero comer nada que venha de você. - respondi friamente, já esperando que Tom se exaltasse. Ou eu, que já começava a encarar a tal bandeja como se a cabeça de Perrie estivesse ali.

- Hey Liam, pare com isso, por favor. Ora, vamos, eu não quero que você me trate assim, mas simplesmente não posso deixar que você escape. E na verdade nem quero. - Tom disse, e parecia falar com ele mesmo, já que evitava me encarar. De repente, ele pareceu ter uma ideia. - Isso! Já sei o que vai te fazer bem. Venha comigo. - disse, me puxando para levantar da cama, e eu relutei de várias maneiras até o ponto em que ele me pôs em seus braços. Uau, ele era forte.

- Me solta, seu desgraçado! Me solta! - gritava, mas era inútil, e ele nem mais se importava, já que literalmente eu estava em suas mãos (ou entre seus braços) e não tinha como escapar. Seguimos em uma trilha que atravessava as tais plantações que agora tinham um cheiro desagradável, até paramos em frente a uma cerca de madeira, sendo esta a que cheguei bem próximo quando tentei escapar. E então, Tom saltou sobre ela como se pulasse corda, e eu não senti impacto algum ao aparecer do outro lado. Era como se a massa dele fosse tão forte e acostumada com aquilo, que nem ao menos o fazia desequilibrar.

Tom continuava andando comigo em seus braços, relutando para fugir, até que ele pareceu subir em um morro, o qual logo estávamos no topo e a visão que tive me fez calar a boca. O sol brilhava ao longe, imenso em um horizonte distante, como se Londres jamais houvesse sido fria algum dia. Era um lindo um pôr-do sol. E nossa, estávamos tão alto, como Tom conseguir chegar até aqui tão rápido, e sem se queixar? E mais difícil ainda: comigo, relutando em seus braços.

- Gostou? Eu adoro vir aqui, exatamente nessa hora, ou quando o Sol está nascendo. Me faz pensar na vida e imaginar que o destino reserve alguém para mim. - disse Tom, me fazendo encará-lo e perceber seu sorriso espontâneo, iluminado pelos raios que se despediam ao anoitecer. Tom não era de todo um monstro, aliás o fato de estar preso aqui não é culpa sua, é Perrie quem me quer morto.
- É, realmente aqui é bem bonito. - deixei escapar, e Tom alargou ainda mais seu sorriso.
- Mas isso não é tudo. Quero te mostrar outra coisa. - senti nossos corpos se colarem em um choque, e eu já estava envolto em seus braços. Estávamos tão próximo, e então...caímos?

Sim, de repente não senti os pés fixados no chão e meu desespero era visível, já que eu gritava como uma garota, enquanto Tom ria, como um viciado em adrenalina. Caímos cada vez mais, e eu já imaginava a morte no fim da queda, até que fui surpreendido outra vez. Abri os olhos e meus pés estavam próximos do chão, mas não o toucavam por estarem retraídos de medo. Ou morri, ou Tom caiu como uma pluma, outra vez comigo em seus braços. Coloquei os pés no chão para me certificar, e os senti pendular de alívio. Eu estava a salvo.

- V-você é louco? Como teve coragem de se jogar de um penhasco e me levar junto desse jeito? - gritei com Tom, mais uma vez, mas ele não deu a mínima e continuou a rir.
- Você tinha que ver a sua cara quando percebeu que estava caindo. - disse Tom, me colocando em seus braços outra vez, e eu já ia dizer que o odiava, mas fui interrompido ao ouvir um uivo bem próximo. Olhei em volta, caímos em meio de uma floresta logo abaixo do penhasco e o céu estava cinzento como em uma transição do dia para a noite, e eu senti meu coração estremecer.

- Tom. - sussurrei, ainda espremido em seus braços. - Por favor, não faça o que estou pensando. Se quiser me matar, me mata com uma arma, mas por favor não me deixe aqui no meio dessa floresta, em meio a coiotes e lobos. Eles me apavoram, por favor, não faça isso. - disse, quase começando a chorar. E quanto ao Tom? Ele gargalhou outra vez. Tosco.
- Liam, deixe de ser tolo, eu não vou matar você. Aliás, me admira muito logo você ter aversão à lobos. - respondeu, quase como se estivesse contado uma piada, e eu tentei interpretá-la de várias formas, mas não consegui encontrar nenhuma resposta. - Além do mais, isso não são lobos. É meu amigo. Matt, eu sei que você está aí, dá o fora! - Tom gritou, e ouvi um murmúrio quebrar o eco do grito dele. Em cima de uma árvore, não muito distante de onde estávamos, surgiu um garoto. Ele aparentava ter quinze anos e usava um gorro vermelho e branco na cabeça, como se fosse um antigo presente de Natal que houvera ganhado. Assim que apareceu, o menino deu um enorme salto em direção ao chão e quando pensei que ele se partiria em dois, ele continua a caminhar em nossa direção como se nada houvesse acontecido. Eu realmente preciso saber qual remédio esse povo toma pra soltar tão bem quanto um cangaru e não quebrar as pernas.
- Ah, droga. Você sempre sabe que sou eu. - disse o garoto, visivelmente desapontado por não ter conseguido nos enganado. Quer dizer, não ter conseguido enganar a Tom, pois eu tremi como uma vara verde.
- Haha, eu sempre sei, acho melhor você desistir. Veja, olha quem eu trouxe comigo.
- Oba, carne nova. Quem é? - perguntou o tal Matt, e eu me senti ofendido por ser tratado como objeto, mas decidi não me exaltar, já que estava no meio de dois malucos que gostavam de praticar saltos ornamentais.

- Ele é Liam, lembra? Eu falei sobre ele com você. - disse Tom, e eu tentei imaginar o que eles poderiam ter falado sobre mim.
- Ah sim, este é o tal Liam. - disse, com uma feição não muito animada. - Prazer, 'menino-isca". Espero que você esteja sendo bem tratado e que Tom não tente abusar de você.
- Matt! - gritou Tom, como se houvesse sentido mais raiva do que eu após aquilo.
- São os fatos, ué. Venham logo, o luau deve começar daqui a pouco. - disse o garoto, correndo em disparada e cobrindo a floresta com poeira. Agora é oficial, era noite, eu já podia ver as estrelas no céu e isso só me preocupava ainda mais.
- O que ele quis dizer com você tentar abusar de mim? Afinal, o que você disse sobre mim?
-Esqueça o que ele disse, Matt é muito inconveniente e gosta de disparar coisas fúteis quando estou com alguém, isso não o agrada muito. Agora, vamos ao luau, é interessante e tenho certeza que você vai gostar. - disse Tom, preferindo por não responder as minhas perguntas e me deixar cada vez mais confuso. Porém, algo me diz que não vou morrer agora. Não pelas mãos de Tom, eu acho.

Pov Drew

A Lua se revelou após atravessar uma nuvem extensa, e eu senti que estávamos bem perto da hora de atacar. Tínhamos o jipe estacionado não muito distante das ruínas, e Zayn parecia se coçar de tamanha ansiedade.
- Okay, aqui estamos, hora de te dar as instruções. Paciência é o essencial, não sabemos quantos inimigos teremos, então fica difícil descobrir o que nos espera. O que temos que fazer é invadir e tirar o garoto de lá, isso se realmente ele for Liam. Estamos andando sobre cacos de vidro e devemos ter cautela, entendeu?
- Foda-se, eu só entendi a parte que invadimos e que eu trarei a cabeça de Perrie comigo se Liam não estiver lá. - disse o garoto, e eu decidi desistir de regular sua imprudência. Ele estava me pagando então isso que importava. Saímos do jipe e entramos mata adentro, até avistar as tais ruínas do castelo velho.

Farejei o ar e senti que havia um grupo lá dentro, mas o cheiro humano não era mais presente. Já ia avisar isso a Zayn quando o vejo correr em direção ao castelo, guiado por seu impulso infernal.
- Garoto idiota! - gritei, correndo atrás dele para tentar acompanhá-lo. Ele iria estragar tudo e descobri que ele havia feito isso no momento em que uma bomba estourou abaixo de nossos pés. Droga, eu sabia das tais armadilhas mediavais que rondavam o castelo, mas na tentativa de tentar conter o garoto estúpido, acabei esquecendo-as. Quando me levantei, percebi que Zayn havia atravessado a cortina de fumaça, que se abria lentamente, e arrombado a porta do velho castelo. Merda, o garoto era tão rude que acabara de iniciar uma briga sem motivos, Liam não estava lá. Corri o mais rápido que pude para acudi-lo, mas percebi que quem estava dentro era quem realmente precisava de ajuda.

Em uma ambiente apenas iluminado por velas, encostado em uma parede pude ver Zayn a sufocar uma garota loira pelo pescoço, enquanto seus capangas estavam no chão.
- Eu vou te perguntar mais uma vez antes de quebrar seu pescoço, sua vagabunda! CADÊ O LIAM? - gritava Zayn, não se importando se alguém poderia ouvir aquilo. Sua raiva era transparente e eu tenho que admitir que isso lhe ajudou a chegar aqui tão fácil e render a todos. Foi pelo tal Liam que ele conseguiu conseguir fazer isso? Devo admitir que por mais inconsequente que ele seja, o amor o deixou forte.  

Dear Werewolf || Ziam Mayne FanfictionWhere stories live. Discover now