Something I Need To Say

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- Ãn... Josh? Tá tudo bem? 
- O-oi? - eu respondi, e corei ao perceber que estive longe durante alguns minutos.
- O tal lugar, Josh, que eu te chamei para vir comigo. Temos que ir andando, sabe?

- Ah sim, claro. Isso. Por onde temos que ir?

- Primeiro temos que pegar um ônibus, e podemos nos fingir de estátua mais tarde.  - respondeu ele, e ele não pude deixar de rir do quão distraído (lê-se: idiota) eu fui. Que vergonha...


POV Niall

O ônibus não demorou muito, e logo chegamos á casa branca que era o nosso destino. Tinha um jardim florido, alguns carros no estacionamento, e uma placa que dizia "CLÍNICA DE REPOUSO MR. HAWKINS". Observei Josh ler a placa e tentei imaginar o que ele estaria pensando.

 Fiquei me questionando isso até quando entramos, e uma mulher loira que eu já conhecia veio até nós.
- Ah, olá, Niall!
- Rita! Que bom te ver de novo? E como ele está?
- Ah, Niall, você sabe. Na mesma. - disse ela, e percebi que Josh ficou preocupado quando meu rosto ganhou uma expressão abatida. - E quem é esse ele, amigo seu? - disse Rita, apontando para Josh. Fiquei com vontade de perguntar diretamente a ele se eu realmente era seu amigo, ou algo menos (ou mais) que isso, mas resolvi deixar pra lá.

- É, é sim, ele é meu amigo. - respondi-a, enquanto Josh a cumprimentava timidamente. - E então, Rita, pode me dar a chave?
- Ah claro, espere um pouco! - disse ela, indo até o balcão da recepção e trazendo de lá um molho de chaves, do qual ela retirou uma.

- Aqui, 72. Você já sabe onde é né? - perguntou ela, e eu assenti em resposta. - Ótimo, agora tenho que ir, tenho muitos pacientes pra cuidar. Até mais Josh, foi um prazer conhecê-lo. Bom te ver de novo, Niall. - ela falou e desta vez se retirou.

- E aí, vem comigo? - perguntei, virando-me para Josh com um olhar triste que eu não conseguia evitar.

 - Claro que sim. - respondeu Josh ao notar que aquilo era realmente difícil pra mim. - Se você quiser, é claro. 

 Seguimos pelo corredor estreito que era totalmente revestido em branco, dando uma aparência hospitalar àquele lugar que deveria ser uma simples casa de repouso. Lembro-me que eu jamais aprovei a ida dele para lá, mas ficou difícil de ir contra a própria vontade dele, que insistiu que "era maior de idade e que não gostaria de ser um fardo para mim e Greg". Ele nunca seria um fardo para mim, mas Greg decidiu que devíamos respeitar a sua decisão.


Parei em frente a porta do quarto, e retirei a chave do bolso, e um súbito de tristeza me ocorreu logo que girei a maçaneta. Pedi que Josh entrasse, e ele caminhou para dentro como se o chão fosse de vidro. Lá dentro, tudo estava em silêncio e bastante semelhante a um hospital, o que me aborreceu tanto ao ponto de chorar quando segurei a mão do velhinho que eu tanto amava. Senti um aperto no meu coração. Por que eu não poderia dar um jeito naquilo? Por que parecia tão errado querer que alguém que amamos vivesse para sempre? No momento em que a lágrima escorreu pelo meu rosto, Josh segurou os meus ombros e sentando ao meu lado na cama. Sem que eu tivesse pedido, estava recebendo o apoio que eu realmente precisava naquele momento em que me encontrava vulnerável,e não pude deixar de agradecer aos céus mentalmente por ter tido a ideia de tê-lo trazido até aqui.

Olhei para a mesinha ao lado. Vários medicamentos, uma jarra e uma ficha com um nome de sobrenome já conhecido por mim estavam ali. Horan. Charlie Horan, o melhor homem e avô do mundo estava agora postado em uma cama, dormindo um sono tão leve que era impossível não perceber o quão desconfortável ele estava se sentindo.

Enquanto eu acariciava sua mão, ele acordou.
- Niall? É você? - disse o velhinho, e assim que ouvi tais palavras, senti tanto o meu coração quanto o de Josh se aquecer, e lágrimas escorrerem como cascata de meus olhos. Meu instinto de elfo simplesmente não conseguia suportar tamanha tristeza, mas fiz um esforço e consegui esboçar um leve sorriso ao perceber que eu deveria parecer feliz, já que ele ainda estava ali comigo.
- Sim vovô, sou eu!
- Você está chorando, meu filho? Pare com isso agora! - ordenou ele, os olhos ainda fechados desde a última cirurgia. Sim, ele havia perdido a visão, e talvez isso só contribuísse cada vez mais com a minha tristeza. O garoto que riu e fez piadas sem sentido durante a viagem inteira não parecia mais ser eu.

Assim que o vovô ordenou,dei o meu melhor e enxuguei as lágrimas e logo começou a conversar com  ele, dizendo que sentia muito a sua falta, que eu estava aprendendo a desenhar, e contei que havia me lembrado dele quando vi o quadro que Josh havia desenhado mais cedo, um passáro que se aquecia debaixo de uma folha e que tinha os olhos fechados. Ao ouvir aquilo, Josh não se conteve e começou a chorar também, o que fez com que meu avô percebesse a sua presença.

- Niall...há mais alguém nesse quarto? - Josh virou-se para mim, como se pedisse desculpas de maneira silenciosa. Sussurrei um "está tudo bem". 

- Sim, vovô, Josh é um grande amigo meu, e está aqui comigo!

- Ora, seu moleque, e como é que você não avisa que você tem namorado, e ele está aqui?
- Vovô! Ele não é meu namorado! - repreendi-o, mas não consegui me segurar ao ver Josh corar em centésimos, e acabei rindo alto.  
- Nem vem, Niall, ninguém traz amigos para visitar velhos adoentados! - respondeu, e eu só consegui rir e cobrir o resto com as mãos, envergonhado. - E você, rapaz? Quem é você e quais suas intenções com meu neto?

- Me chamo Josh, senhor. Josh Devine - respondeu Josh, apertando a mão de vovô, ainda trêmulo, mas um pouco mais confiante  - E pode crer que as minhas intenções com seu neto são as melhores possíveis! - continuou ele, me fazendo corar de surpresa. O que ele queria dizer com aquilo?

- HA! Eu disse que ele era seu namorado! Enfim, Josh, cuide bem dele, porque apesar de ser um chato, esse fedelho é muito importante pra mim! - disse o danado velho Charlie, e logo estávamos rindo descontroladamente. O clima no quarto mudou completamente, e de repente era como se Josh conhecesse o vovô a seculos e tudo parecia bem.

Porém, quando o vovô começou a contar das sua viagens interessantíssimas ao México, ouvimos batidas na porta, e uma enfermeira que eu não conhecia apareceu. 

- Com licença, mas vocês precisam ir.  O senhor Charlie precisa repousar agora!

- Não mande-os embora, Helen, sua rabugenta! 

- Vovô, está tudo bem. - disse, segurando sua mão com mais força. - A gente tem que ir mesmo, mas ainda venho lhe visitar essa semana, okay?
- Certo, mas por favor, traga um café expresso para mim, não aguento mais essa comida fria de hospital! - disse o vovô, conseguindo fazer Josh rir descontroladamente mais uma vez. - Ah, e Josh, você parece ser um bom garoto, então cuide bem desse sem noção aí!
- Pode deixar, senhor Horan!
- O que eu disse sobre amizade mesmo?  - O vovô havia dito mais que exigia que o seu primeiro nome fosse usado.
- Ah, é verdade, nada de senhor... Charlie! - respondeu Josh, e eu o vi rir novamente antes de sairmos pela porta e deixá-lo sob os cuidados da tal enfermeira rabugenta.

xx

Estávamos no trem, voltando para casa por volta das sete da noite. O trem era vago, e se não fosse por alguns garotos dormindo lá na frente, seríamos apenas o maquinista, o cobrador, Josh e eu.

- Obrigado. - disse baixinho, na esperança de que ele não me tivesse ouvido, mas eu precisava agradecê-lo por isso. 

- Obrigado? Não têm o que agradecer!

- T-tem sim! Vir até a capital, pra visitar um velhinho com câncer não é o melhor programa do mundo...
- Não importa. - respondeu ele. - Seu avô é o máximo, e espero que ele se recupere. E além do mais, somos namorados, esqueceu? - gargalhou, lembrando do que meu avô havia lhe dito. Porém, ele parecia tenso demais pra rir por muito tempo, e depois disso houve um silêncio hesitante, até que por fim ele resolveu chamar a minha atenção.

- Niall...
- Sim? - adquiri o tom de voz sério, assim como o dele.
- T-tenho algo que preciso dizer. - disse ele. - E isso está...está me sufocando há dias!
- Diga, então. - respondi.
- Eu... eu te amo. - disse Josh, e não tive tempo de processar a informação, pois seus lábios me atordoaram com um avanço desesperado contra os meus.

Dear Werewolf || Ziam Mayne FanfictionWhere stories live. Discover now