Heart and Soul III (Justin Bieber)

Capítulo 8 - Heart and Soul III

 Eu tinha um discurso planejado na minha cabeça, sabia exatamente as palavras que queria dizer e estava só esperando que Justin voltasse para o nosso ônibus para que eu pudesse começar a jogar as bombas. Mas quando eu ouvi a porta sendo aberta e o vi subindo os pequenos degraus, perdi toda a coragem. Ele não ousava encarar meus olhos e eu conseguia ver suas bochechas coradas de vergonha. Por mais que eu ainda quisesse reclamar, gritar, arrumar outra briga, balancei a cabeça e me neguei a fazê-lo.

 – Você planejava me contar isso quando? – foi a única coisa que perguntei a ele.

 – Eu não… – ele deu de ombros, parecia procurar palavras que não existiam.

 Eu já havia voltado a sentar no sofá depois da luta para achar sinal. Justin caminhou lentamente e se sentou no mesmo sofá, o mais distante possível de mim que conseguiu.

 – Você o quê? – perguntei.

 – Não sabia como te dizer – ele deu de ombros de novo.

Aquela não era exatamente uma boa desculpa.

 – Essa foto é recente? – mostrei a tela do meu celular com a manchete do TMZ.

 Ele olhou para a foto por menos de um segundo e depois desviou os olhos, com uma expressão de completo descontentamento e raiva.

 – Sim, mais ou menos.

 – Faz tempo que você anda fumando?

 – Mais ou menos.

 – Mais ou menos não é resposta, Justin. Vai, me fala. Faz tempo ou não? – perguntei, impaciente.

 Ele coçou a cabeça e desviou o olhar.

 – Faz um pouco de tempo, sim.

 Bufei e assenti com a cabeça, fechando a página do TMZ. Eu não queria ter que olhar aquelas fotos. Era humilhante demais. Não só para mim, para Justin também. Eu me sentia mal por ele, por aquele assunto ter sido jogado ao público como se fosse banal. Claro que eu também me sentia mal por ter ficado de fora, por não saber de nada. Meu peito parecia que ia explodir. Eu queria tanto não ter que brigar com ele de novo, mas sentia tanta vontade de lhe falar o que estava sentindo. Ele mesmo havia me dito que queria participar da minha vida, então por que eu não conseguia lhe dizer que me sentia inútil? Ficar sabendo de uma coisa tão séria daquelas através de um site de fofocas era patético.

 – Mas, em minha defesa, nunca fumei quando estava com você no mesmo lugar – ele quebrou o silêncio e acrescentou, afobado.

 – Você acha que isso faz com que eu me sinta melhor? – perguntei.

 – Era pra fazer – ele deu de ombros de novo.

 – Não, porra. Não faz.

 Esfreguei as mãos no rosto e me encostei no sofá. Eu me sentia tão cansada, como se pudesse dormir por uma semana. Não queria nem imaginar como Justin se sentia. Tudo o que eu menos queria naquele momento era começar uma briga, mas era inevitável. Se nós ficássemos adiando seria pior. Era melhor acabar com aquele assunto ali mesmo.

 – Olha, Liv, eu… Por favor, me desculpe. Eu vou parar com isso, eu sei que… – ele tentou segurar minha mão.

 Puxei meu braço e não deixei que ele me tocasse.

 – Pra mim tanto faz se você fuma essa bosta – soltei – O que me deixa brava é que você mentiu pra mim, você não me contou nada disso.

 – Eu sei, me desculpe…

 – Eu sei que você sabe! Você é muito autoconsciente, sabe dos seus erros. Só não entendo como que uma pessoa que esconde uma porra dessas pode ter coragem de me dar sermão sobre guardar segredos. Tipo, sério? É muita hipocrisia.