Capítulo 6 - Promessas ~parte 3

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Aquela que era para ter sido mais uma noite chata e rotineira de Aika, porém, hoje mais parecia uma festa. Ela respondia as perguntas de todos animadamente e tentava simplificar tudo ao máximo para que entendessem. Também falou brevemente as funções de um computador. Todos estavam visivelmente fascinados – e até um pouco assustados. Era muita informação. Às vezes parecia que Aika não se importava e continuava falando sobre o quanto o anime de Kurikara era incrível, com seus ótimos dubladores, maravilhosa trilha sonora e ótima direção, ou o quanto eles eram conhecidos e muitos gostavam de comprar coisas deles – embora não tenha contado sobre as pessoas que se vestiam como eles.

–... e fora a importância que o Kurikara tem para a comunidade mestiça no Japão!

– Hã? – repetiu novamente Iruka.

Aika se virou para eles na cadeira, ainda mais animada, a ponto de sacudir as mãos como se regesse a conversa:

– Todo mundo aqui é como filho-puro. Porém, temos muitos, muuuitos países diferentes com culturas diferentes. Eu, por exemplo, sou mestiça de duas culturas! Tenho dificuldades por causa disso, assim como os vários mestiços do mundo. Aqui, é comum nos chamarem de hafu ou gaijin. Quando a história do Kurikara foi lançada, todo mundo que era mestiço meio que se sentiu "representado" no mangá. Isso acontece muito! As histórias não servem apenas para entreter. Elas sempre acabam tendo um impacto social. É muito mágico quando nos identificamos com um personagem.

– Como assim? – perguntou Riko.

– É simples! O Kurikara é uma referência para nós, um exemplo! Se ele consegue superar seus problemas e mostrar a todos que, mesmo sendo mestiço, ele pode tanto quanto qualquer um, é como se nos desse forças para continuar. Não foi fácil para mim, sair da minha terra natal e conviver com pessoas que me ignoravam só porque meu cabelo era cheio, falava diferente ou porque sou mais alta... eu tive de enfrentar muita coisa! Mas, quando conheci o Kurikara, tomei para mim que queria ser tão forte quanto ele!

Aika estava vermelha da cabeça aos pés por ter confessado isso. Kurikara, sentado contra o armário, a encarava de testa franzida. Ele nunca imaginou isso.

– Eeeee... bom, como disse... isso acontece com muitos personagens também... as pessoas se apoiam em suas histórias...

– Seu ego deve estar lá em cima, né? – riu Iruka, cotovelando a asa do amigo e sorrindo maliciosamente.

– Na verdade...

– Parece uma grande responsabilidade agora – afirmou Riko.

– Isso vale para vocês todos, sabiam? A Riko foi eleita a personagem feminina mais influente dos últimos dois anos e é muita querida! Muitas meninas tomaram você como referência, desejando se tornarem fortes também. Até seu corte de cabelo virou moda! Eu pensei em cortar assim, mas prefiro meu cabelo parecido com o de outro herói que gosto...

Todos ficaram pasmos em verem a poderosa guerreira corar pela primeira vez.

– Ah... que besteira...

– Tá tooooda vermelhinha... – e Kurikara recuou antes que fosse acertado por um chute de Riko em Iruka. Ela errou e Iruka continuou rindo: – E eu? E eu? – perguntou Iruka.

– Você, acredite ou não, é mais querido no meu país natal que o Kurikara! Lá a preferência é pelos personagens mais bem-humorados. E né, todo irmão do meio se identifica com seus problemas. Eu sou a mais velha, mas sei como é ser ignorada...

Iruka estufou o peito como um galo depois disso, fazendo Kurikara esconder o riso, principalmente da expressão de Riko. A conversa acabou ficando entre os três, embora Kurikara permanecesse mais calado. Ele observava Aika, que ainda estava bastante constrangida mexendo rapidamente uma das mãos sobre a "peça-preta-com-fio". Aquilo era realmente muito estranho... e pensar que ele, logo ele, seria um exemplo?

AIKA - A Canção dos Cinco (A Saga Aika #1) [degustação]Where stories live. Discover now