Capítulo 5 - Consequências ~ Parte 1

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Aika precisou de um minuto para tomar fôlego. Suas pernas e coração tremiam e doíam como nunca antes em sua vida. Olhou para os lados, sem sinal de qualquer presença ou daquele frio sinistro. Em seguida, sentou-se e olhou para a lâmpada central apagada. A noite caía, deixando o ambiente ainda mais escuro. Suspirou.

– Obrigada... – disse em voz baixa.

Ergueu-se e cambaleou um pouco, rindo. Mal podia acreditar! Estava vivenciando coisas que só aconteciam em filmes ou animes. Isso de certa forma era muito interessante – era uma aventura de verdade. Foi tomada por êxtase, como se tivesse acabado de concluir uma fase complicada de um jogo.

Andou um pouco e parou sobre o parapeito, de onde tinha a visão perfeita da cidade tomada de pontos brilhantes e coloridos, enquanto no céu surgiam pequenas estrelas tímidas. Virou-se e deu-se com o majestoso oceano do outro lado. Era realmente uma vista magnífica e ficaria horas ali se não estivesse com pressa. Fora os fantasmas, o farol por dentro não parecia ter nada de anormal. Aika tomou então a conchinha em mãos e se ajoelhou em frente à lâmpada. Parecia algo idiota, mas podia dar certo.

– Estou aqui para usufruir do portal do Mon-en! Por favor, me conceda esse desejo! Vi o seu brilho e preciso saber se Kurikara e Gattai existem!

Nada aconteceu. Nenhuma luz, nenhuma voz, nenhuma imagem, nem mesmo um fantasma. Ela engoliu em seco, temendo ter se enganado novamente e repetiu as palavras. Apresentou-se, pediu ajuda e disse que queria salvar o jovem Guardião.

Nenhuma resposta.

Esperou por quase cinco minutos e nada.

Teria sido tudo em vão? Ou teria cumprido as etapas de maneira incorreta?

O desespero começou a tomá-la. Não seria merecedora? Mas ela viu o farol brilhar ou... teria enlouquecido de vez? E a conchinha? Não, ela tinha certeza que havia algo.

Talvez o farol lhe negasse ajuda por ela não ter nascido lá. Não era descendente da cidade e o portal foi feito exclusivamente para eles. Como não pensou nisso? O Mon-en jamais a aceitaria. Era estrangeira e morava lá havia pouco tempo. Nem mesmo simpatizava com a maioria dos moradores. No entanto... por que ele teria brilhado?

Naquele momento, Aika sentia algo mais forte do que o medo: sentia raiva. Ele brilhou para ela, sim. Percorreu um longo trajeto, ainda bateu de frente com Yui, para no final ignorá-la? Com o sonho que tivera com Kurikara repetindo-se em sua mente?

– Eu não sou filha dessa cidade... mas sou filha deste mundo! Não me negue só porque nasci do outro lado dele! Eu não vim por ganância! Eu... eu preciso saber se ele é real!

Silêncio absoluto. Os únicos a lhe responderem eram o vento e o mar.

– Aquilo não foi um sonho! Eu sei que não foi um sonho! Ele está em perigo e talvez eu tenha pouco tempo! Como pode ser tão cruel? É por que sou uma mulher também? Ora, vamos! Mostre-se de uma vez por todas! Tenho todo o direito de saber porque acendeu para mim, eu me esforcei para isso!

Sem pensar, Aika jogou a conchinha na lâmpada apagada. Quando ouviu seu choque, tudo se incendiou.

 Quando ouviu seu choque, tudo se incendiou

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AIKA - A Canção dos Cinco (A Saga Aika #1) [degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora