Capítulo 3 - O terno

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"Hey, você! Não fecha, por favor!", disse mais alto do que esperava.


Adrian se virou e viu uma Cassie completamente molhada e com os lábios tremendo. Desajeitada, despenteada, mas ainda assim bonita. Olhou seus lábios trêmulos mais do que devia, eram grossos e estavam mais do que vermelhos com a mordida que ela deu para controlar o tremor. Seu olhar cruzou o dela por um segundo, trazendo-o para o mundo real. Rapidamente, abriu a porta do seu carro e pegou um terno que tinha guardado. Ela poderia ter entrado na casa antes dele, mas parece que Cassie sabia exatamente as intenções de Adrian. O acompanhou com os olhos, até ele voltar. Olharam-se enquanto ele cobria a cabeça dela e seu corpo com o terno. Adrian envolveu o pequeno corpo de Cassie com um braço, a apertando forte contra a lateral de seu corpo e entrou, correndo com ela.


"Obrigada por me emprestar o terno!", sorriu, batendo os dentes.


Ele não respondeu, sequer acenou com a cabeça ou a olhou de volta. Tinha os olhos focados à frente e um passo acelerado, apertando-a mais contra seu corpo, correndo contra o vento. Adrian estava ocupado demais para ser gentil, enquanto pensava "Como essa garota vai passar a festa toda molhada?".

A parte frontal da casa de Edward é totalmente descoberta, enquanto a festa ocorria na parte traseira. Um lugar coberto, fora da casa principal, de frente para a piscina. Adrian poderia ter feito o percurso normal e a acompanhado até os fundos da casa, deixando-a na festa, mas a sua preocupação foi extrema. Decidiu entrar na casa, que era contra as políticas de Edward em dias de festa, mas sabia que poderia ligar o ar condicionado e aquecê-la por um tempo.

Apesar do homem rude, arrogante e sério, Adrian era um cavalheiro e sabia, exatamente o que fazer para uma mulher. Especialmente para aquelas que atraíam seus olhares. No momento, Cassie havia atraído não só isso, mas como sua preocupação, atenção e cuidado. Diferentemente de como olhava Sarah, Adrian olhava Cassie com seriedade e preocupação. Talvez, estivesse preocupado demais para olhá-la como um material. Talvez, Cassie fosse desajeitada demais para ele. Talvez. Quem entende Adrian?


"Por favor, sente-se.", apontou o sofá. "Vou subir e ver o que posso providenciar para você."

"Uau! Você fala!", abraçou uma almofada, sorrindo. "Eu pensei que você era mudo. Só mudo, já que me ouviu gritar lá fora."

"Oh, não, querida. Eu não sou mudo.", deu um sorriso curto. "Eu aprecio as palavras e o impacto que elas têm quando eu as uso, muito mais do que você possa imaginar. Me dê um momento."


Cassie prendeu o ar quando viu o sorriso de Adrian. Ela se surpreendeu pela piada dela atrair qualquer atenção dele e fazer o rosto sério desaparecer, mesmo que por instantes. O sorriso foi sarcástico, mas ainda assim, fantástico. O deixava mais bonito. Cassie agradeceu aos céus por ele não ser mudo ao ouvir o tom de voz grave que ele tinha. Nenhuma voz era tão grossa e quente como a dele. Tão quente, que a fez esquecer-se do frio, por alguns instantes. E ele falava de uma maneira muito correta para fazer parte da festa que ela estava esperando, com pessoas bêbadas mal sabendo pronunciar o próprio nome. O moreno subiu as escadas e ela apertou mais a almofada contra o corpo, assistindo-o. Quando ele desapareceu da sua vista, sua voz dele parecia ainda presente. "Eu aprecio as palavras" 


"Querida...", ela sussurrou, tentando pronunciar da mesma forma que ele.


Ela retirou os sapatos e colocou as pernas no sofá, se cobrindo com o terno, que exalava o perfume forte de Adrian cada vez que ela se movia. Cassie se encolheu dentro do terno e o cheirou, suavemente, enquanto encarava a escada, esperando-o descer. Ela sentia seu corpo mais quente, com a ajuda do terno e do ar condicionado. Já conseguia ter pensamentos grandes e se mover sem tremer.


"Como será que o Senhor Palavras Bonitas e Cheiroso se chama? Ele deve ser mais velho. Nenhum garoto da minha idade tem um terno no carro. Quem é ele? O que será que ele faz? Você precisa dar um tempo com os pensamentos, garota. Ele é um homem comum que ajudou uma garota com cara de louca. É o que as pessoas fazem. Não tem nada demais aqui. Isso não é um conto de fadas. Vida real, Cassandra. Vida-real.", pensou.


Os pensamentos se apagaram à medida que ela ouvia os passos dele se aproximando da escada, outra vez. Ele não desceu, entretanto, chamando-a com a mão.


"Venha. Eu tenho algo para você."


Sem questioná-lo, ela se levantou rapidamente e foi em direção à escada. Ao ouvir o comando de Adrian, seu corpo reagiu. Estranhamente, ela poderia ir à qualquer lugar, com ele.

E ela estava indo.


A AmanteWhere stories live. Discover now