-Ele nunca bateu muito bem das ideias, não é mesmo?

-Melissa, isso é muito perigoso, ele deveria estar escondido nos confins da Escócia, pra onde a irmã dele o mandou.

-Eu sei, Kate. Mas, como você deve imaginar, eu não tinha ideia de que ele apareceria na minha vida algum dia e... Simplesmente não posso manda-lo embora agora.

-Não é questão de querer ou poder, é apenas questão de que você deve manda-lo de volta para a Escócia, para a própria segurança dele. Especialmente nesse momento crítico.

-Kate, eu... Espera! Você sabia que ele estava na Escócia?

-Sim, eu sabia. – ela pigarreou, hesitante. Parecia envergonhada pelo fato de saber mais sobre o "namorado" de Melissa do que ela mesma. – Carolyne e eu nos comunicamos desde... Você sabe o quê. Ela vai ficar muito interessada em saber que Corey não está mais onde deveria estar, inclusive.

-Está me dizendo que até hoje ela não sabe que Corey... Saiu? – Melissa espiou o taxista novamente, mas ele parecia mais interessado no traseiro de uma mulher que atravessava a rua do que na conversa de Melissa.

Bom.

-Não. Ela achou melhor se manter afastada por um tempo, nunca se sabe quando a Scotland Yard vai resolver te espionar...

-Eles andaram me vigiando esse tempo todo, por isso Corey esteve afastado. Ele saiu da Escócia há mais tempo, pelo que sei.

-E o que andou fazendo esse tempo todo?

-Ele diz que... – Melissa baixou a voz, preocupada com o taxista novamente. – Bem, diz que esteve atrás de Danny Langdon, porém eu não tenho certeza... Ele não fez tanto progresso quanto deveria... Não esteve em Cambridge, que é o primeiro lugar em que deveria procurá-lo...

-É de se entender o motivo pelo qual ele não foi a Cambridge... Seria estranho o assassino de Cambridge, que supostamente deveria estar morto, sendo visto por lá, não seria?

-Pensando por esse lado, sim. – Melissa respondeu, mordendo a ponta do dedo.

Percebeu que estava trêmula e que suava frio. Percebeu que estava com medo de perdê-lo mais uma vez por conta do que iria acontecer no cemitério de Londres dali a dois dias.

-Melissa? – a voz de Kate soou naquele tom complacente e gracioso de sempre. Porém receoso também. – O que estão planejando?

-Ir a Cambridge...

-Eu não acho que seja uma boa ideia. Você não deveria se meter nisso. É exatamente por esse motivo que não te contamos o plano, você não...

-Kate! – Melissa chamou, impaciente – Nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia. – ela baixou o tom de voz o máximo que pode: - Eu jurei ao pé do túmulo dele que encontraria Danny Langdon e o faria pagar pelo crime que cometeu, de alguma maneira. Agora que eu sei que ele está... bem, não posso descumprir minha promessa por outro motivo muito maior e você deveria entender.

Kate suspirou pesarosa do outro lado da linha.

-É perigoso demais, ele poderia ficar isolado na Escócia pelo resto da vida e você poderia se enfiar lá com ele e tudo ficaria bem...

-Ele não merece pagar pelo erro dos outros, Kate. – Melissa sussurrou entredentes, com sua discrição chamando a atenção do taxista.

Ele a encarou de esguelha, uma sobrancelha arqueada em desconfiança. Melissa deu de ombros e sorriu, então o homem voltou a olhar para frente.

-Talvez você tenha razão... Mas precisa ter muito, muito, muito cuidado! Por favor!

-Eu terei, Kate, não precisa se preocupar. Vai dar tudo certo. – Melissa arriscou um meio sorriso que a amiga não veria, embora ainda tremesse levemente.

Lobotomia (Livro II)Where stories live. Discover now