Pela Neblina

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  Luke deixou a casa impecável, com todos os móveis em seus devidos lugares e sem nenhum grão de poeira. Depois de ter varrido toda a sala, Luke decidiu ir tomar um banho quente para relaxar seu corpo naquela noite fria. Sim, ele havia levado o dia inteiro para arrumar a casa.

  O loiro subiu as escadas cansado, suspirando de alívio por já ter terminado de arrumar a maioria de seus pertences. Faltava pouca coisa para a casa estar de agrado a Luke. Ele entrou em seu novo quarto e bufou ao ver que havia esquecido suas roupas e malas em cima da cama. A casa estava arrumada, porém o quarto estava um horror. Meias, cuecas, sapatos, luvas e até  suas roupas de frio... Luke achara melhor deixar aquilo para outra hora, já que seu corpo implorava por descanso.

  Ele pegou umas roupas leves, porém quentes junto com sua toalha e desceu até o banheiro que ficava no andar de baixo. Luke achou um absurdo não ter um banheiro no quarto, mas dar alguns passos não o faria mal algum. Ele entrou e pôs suas roupas  penduradas. Puxou a toalha do box e se assustou ao ver centopeias fazendo uma pequena festa ao redor da janela na parede. Luke achou aquilo nojento, mas era típico daquela região ter esses insetos. Ou seja, ele teria que aprender a conviver com seus amigos de várias pernas.

  Luke pegou seu chinelo e matou cada uma delas, deixando apenas duas escaparem pela janela. Depois ele teria que limpar aqueles azulejos da parede, pois os insetos estavam ali esmagados. O loiro ligou o chuveiro e a água fria começou a cair. Ele esperou um pouco e quando pôs a ponta dos pés para dentro do box, sentiu que a água já estava na temperatura ideal. Tomou um banho relaxante, mas decidiu economizar a água. Se secou com a toalha e vestiu sua calça moletom, junto com seu moletom. Desligou a lâmpada do banheiro e saiu em direção ao seu quarto novamente.

  Ao entrar, Luke pôs a roupa suja em cima da cadeira ao lado da cama. Jogou toda a bagunça que estava em cima da cama no chão e se deitou, pegando seu celular logo em seguida para ligar para seus pais, avisando que deu tudo certo.

  "Mãe?" Luke disse depois de ouvir a voz de Liz na ligação.

  "Oi querido. Chegou bem?"

  "Sim. Aqui é ótimo. Tudo exatamente do jeito que eu planejei."

  "Que bom que esteja se divertindo, querido. Qualquer dia eu e seu pai lhe faremos uma visita para ver se você está se cuidando dai direitinho." Liz brincou e Luke sorriu de lado.

  "Claro que estarei cuidado. Sou uma pessoa organizadíssima e muita bagunça me incomoda." Luke disse olhando para seu monte de roupas no chão, no meio do quarto. "Eu espero que aqui não tenha muitos bichos nojentos. Agora mesmo eu encontrei uma have de centopeias no banheiro."

  Luke ouvir Liz resmungar um "Ew" do outro lado da linha e sorriu divertidamente. Realmente, sua mãe detestava insetos.

  "Vou pedir para a dedetização lhe fazer uma visita também. Quando eu chegar ai, não quero me deparar com uma dessas coisas."

  "Não vai. Eu prometo!"

  "Luke, querido, soube que você tem vizinhos idosos. Já fez amizades?"

  "Não. Eu nem sai de casa hoje. O meu dia foi dedicado à faxina, mas amanhã pretendo conversar com cada um deles."

  "Que ótimo ver que você terá companhias."

  "Por um lado, sim. Eu vou fazer algo para jantar, aproveitar essa chuvinha que está caindo e tirar um cochilo. Talvez eu durma logo já que são onze da noite." Luke falou vendo o relógio em cima do criado-mudo. "Onde está Andrew?"

  "Está tomando banho. Acho que está passando por tribulações, já que fazem vinte minutos que ele entrou."

  Luke gargalhou ou ouvir aquilo. "Eu sei, é horrivel."

  "Horrivel é esse sinal daqui. Parou para perceber que a ligação falha de dois em dois segundos?" O loiro resmungou.

  "Oras, você quis ir para um lugar fora do centro urbano. Logicamente ai não terá um bom sinal de celular. Melhor ir se acostumando."

  "Tentarei." A barriga de Luke cantou ópera. "Vou fazer algo para jantar agora. Amanhã, talvez, eu ligue para dar mais informações."

  "Ok. Boa noite, querido. Aproveite bem esses seis meses."

  "Farei tudo o que posso para atingir esse objetivo. Boa noite."

  Luke se despediu de sua mãe e encerrou a chamada. Se levantou da cama e saiu do quarto. Desceu as escadas e finalmente chegou na cozinha.

  Ele pegou uns ovos da geladeira, junto com uma caixa de leite liquido e decidiu fazer omeletes para jantar. Preparou tudo corretamente e finalmente se alimentou, lavando a louça logo em seguida e deixando a cozinha exatamente do jeito que estava.

  Luke escovou seus dentes no banheiro e depois foi para o quarto. Pôs o despertador para tocar um pouco cedo, desligou a lâmpada e se deitou, dando ao seu corpo o tão esperado descanso.

-x-

  Às oito da manhã o despertador de Luke apitou, lhe avisando que estava na hora de levantar. Ele desligou e se sentou em sua casa, abrindo os braços para se espreguiçar e finalmente respirar aquele ar da manhã. O sol não aparecia no céu, pois ali estava sempre nublado. Luke pôs os pés para fora da cama e calçou suas pantufas pretas. Se levantou e vestiu o roupão verde que estava no meio do monte de roupas.

  Logo depois ele foi ao banheiro para lavar o rosto e escovar seus dentes. Desde pequeno Luke criara esse hábito de sempre fazer suas higienes matinas. Sua mãe lhe ensinava dizendo "Se você estiver em um hotel e precisar descer para tomar café, levará seu hálito de sono e sua cara inchada." Realmente aquilo era educativo.

  Luke preparou um café quente para lhe manter aquecido e foi para a sala, onde ligou a pequena televisão e se sentou no sofá afim de aproveitar aquela manhã tranquila.

  A neblina era constante e uma massa fria estava por ali. O som agradável dos pássaros na floresta deixava tudo aquilo do jeito que Luke gostava. Realmente, aquele era o lugar perfeito. Ele assistiu alguns programas na televisão sobre culinária e botânica e decidiu tomar um banho quente, mas não sem antes explorar sua nova casa. 

  Luke se levantou e pôs a xicara na mesinha do centro. Ele começou a andar pela casa com as mãos em seu roupão e de vez em quando as aquecia com sua boca. Luke encontrou uma pequena agenda com uma caneta em cima da estante do corredor e achou legal se escrevesse as informações de sua nova casa na pequena agenda. E então ele decidiu fazer isso: pegou a caneta e começou a contar portas, janelas e todo o resto. Percebeu que a pintura azul dominava as paredes e alguns objetos. Então ele decidiu contar tudo o que era azul. O resultado foi este:

  Coisas azuis (153)

  Janelas (21)

  Portas (13)

  Luke percebera que no canto da sala havia uma marca grotesca no papel de parede bege. O loiro se aproximou e viu que a tal marca ia até a altura de suas pernas, dando a Luke uma pitada de curiosidade para saber o que havia ali. Ele foi na cozinha e pegou uma faca média para conseguir rasgar o papel de parede.

  Luke fez isto e quando puxou o papel de parede viu que ali havia uma pequena portinha. Imediatamente Luke se corrigiu.

  Portas (13 e meia)

  A portinha não possuía maçaneta. Apenas o buraco para a chave. Luke suspirou frustrado ao ver que a portinha estava trancada.

  "Porque alguém faria uma porta tão pequena e a esconderia atrás de um papel de parede?" Luke pensou, intrigado.

  Talvez fosse uma porta qualquer e desse pra alguma tubulação ou algo do tipo. Luke decidiu ignorar a tal portinha e foi tomar seu banho quente, pois o frio ali não daria trégua tão cedo.


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