XVIII. O adeus

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Eu queria tanto ver Harry, mas sabia que seria inútil procurá-lo sem saber onde ele estava e tinha certeza de que ainda estava bravo por tudo o que aconteceu.

Algumas lágrimas caíram de meus olhos azulados e as enxuguei com as costas da mão enquanto encarava o chão e não tirava meu pai do pensamento.

─ Claro. Claro. ─ Falou comovido. ─ Onde você está indo?

─ Para Doncaster. Meu pai... Ele...

Fiquei em silêncio e, quando levantei os olhos, vi Liam lançar um olhar de que era aquilo mesmo que Zayn estava pensando. Seu rosto se transformou em puro choque e vi seu olhar consolador para mim. Ao lembrar, um soluço escapou por entre meus lábios.

─ Ei, Lou. Não fique assim. ─ Sem pensar duas vezes, Zayn me abraçou e enterrei minha cabeça em seu peito. ─ Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo para o que precisar.

Concordei com a cabeça, mas não disse nada. Assim que seus braços se afrouxaram em torno de meu corpo, afastei-me lentamente.

─ Tem como nos levar para o aeroporto? ─ Liam pediu. ─ O avião do Lou sairá daqui a poucas horas e de táxi ficará muito caro.

─ Claro, amor. ─ Zayn sorriu para ele. ─ Será inútil mesmo esperar por Harry. Não sei que horas ele voltará. E é capaz de perder seu voo se esperar por ele. Mas não se preocupe, pois assim eu encontrá-lo pedirei para que te ligue.

─ Tudo bem. Obrigado. ─ Dei uns passos para trás e peguei minha mala no chão. ─ V-Vamos?

─ Sim. Só vou vestir alguma coisa e pegar as chaves do carro. ─ Zayn deu um beijo suave nos lábios de Liam que corou imediatamente e sorriu pequeno para ele. O moreno entrou no quarto novamente e pegou a primeira roupa que viu pela frente, vestindo logo em seguida.

**
Quando chegamos ao aeroporto e eu estava prestes a embarcar, quis desistir de ir. Ao simples fato de chegar em minha cidade, eu teria de encarar a realidade de que eu não encontraria meu pai em casa, na rua e em nenhum lugar. Ele não estaria mais lá. Nunca mais. Seria como adentrar fundo naquele terrível pesadelo sem volta.

No entanto, o que me restou foi abaixar a cabeça, apertar contra o peito o suéter que meu pai me dera e seguir em direção ao embarque. Uma hora ou outra eu teria de aceitar o que aconteceu, afinal de contas.

Durante o voo, precisei tomar um remédio para dormir, pois não conseguia nem fechar os olhos devido a toda a tristeza. Agradeci pelo efeito do medicamento ter sido rápido. O princípio ativo me fez dormir praticamente a viagem inteira.

Depois de horas de viagem, tanto de avião quanto de ônibus até Doncaster, finalmente cheguei em casa. Estava silenciosa e parecia vazia e sem graça. Contudo, quando me concentrei melhor, ouvi os soluços sufocados de minha mãe que estava na cozinha. Caminhei silenciosamente e a encontrei encostada na pia, chorando inconsolável pela morte de meu pai.

Quando me viu, olhou-me com seus olhos azulados chorosos e veio em minha direção com os braços abertos para me dar um abraço que eu tanto precisava.

Não tinha o que falar.

A falta que Mark fazia já podia ser sentida e deixei a dor tomar meu coração.

Eu só queria meu pai naquele momento.

Queria ele para sempre comigo.

**

Vesti um terno preto com uma camisa social branca por baixo. Olhei novamente para o celular e não tinha nenhuma chamada perdida. Somente algumas mensagens carinhosas de Liam e Niall que provavelmente ficara sabendo do que havia acontecido. O loiro tinha um coração tão grande que até mesmo tinha cogitado a hipótese de voar até Doncaster para me dar um abraço.

Shy Soul (Larry Stylinson)Where stories live. Discover now