Capítulo Quatorze

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— Quero ir para casa.

— Eles vão te levar. — aponta para os guardas.

— Saiba que não vou voltar.

— Querida, não diga...

— Não me chame de querida. — são as últimas palavras que digo para o homem de branco, cujo nome é Mike Stinfer e é meu pai. Meu pai.

Me recuso a dizer esse nome. Jen, Theo e eu andamos deslumbrados pelo Departamento. 

Parece que avancei quinze anos numa máquina do tempo, e o mundo está assim. Entramos no carro e logo vem o bombardeio de perguntas da Jen.

— É inacreditável! O que vai fazer?

— Nunca mais colocar o pé aqui seria, no mínimo, a melhor coisa que já fiz na vida. — digo.

— Heather, me perdoa. Não devia ter me intrometido tanto na sua vida, ter seguido eles e...

— Você não fez nada, Theo. Eles só apareceram na escola para isso, então uma hora ia acontecer. — ele assente.

— Como se sente?

— Com raiva. Sinto raiva de tudo. Não pode ser, Theo, não pode ser verdade. Ele estar vivo, aquele lugar, minha mãe sempre saber de tudo, Victoria e Chad serem meus... Primos. Beijei meu primo. — Theo contrai a mandíbula ao ouvir isso. — É muita coisa. — encosto minha cabeça em seu peito.

Não sei o que fazer. Não sei o que pensar. Só quero acordar deste pesadelo. Mas, infelizmente, tudo é real.



Chego em casa e nem me despeço direito de Jen e Theo. Subo as escadas e lá está ela mexendo em alguns papéis que deduzo serem do trabalho.

— Mãe.

— Oi, filha. — ela vê meu estado e muda. — O que aconteceu?

— Jeremy Parks. — é a única coisa que digo.

Ela arregala os olhos e pensa por um tempo.

— Do que você está falando?

— Já sei, mãe. Chad e Victoria, lembra? São meus primos. Me levaram até o Departamento. Você sempre soube de tudo e nunca me contou.

— Achei que ele fosse esperar você...

— Esperar o quê? — Não estou deixando ninguém terminar uma frase sequer hoje. Simplesmente não consigo, não quero ouvir, somente falar. — Eu fazer 18? Ou a Quarta Guerra começar?

— Esperando você estar preparada.

— Acho que nunca estaria, agora que sei.

— Você precisa perdoá-lo. Desde que você foi crescendo, sempre pensei que ia adorar saber disso e sua raiva pelo Mike iria cessar.

— Não tem ideia de como aumentou. Não posso perdoá-lo, mãe, não é tão fácil.

— Mas também não é impossível. — me veio à cabeça que talvez seja impossível, mas preferi não falar.

— Não sente raiva dele?

— Não. Quer dizer, na época senti bastante. — me sento ao seu lado para ouvir a história. — Senti por ter me escondido o verdadeiro homem com o qual me casei. Mas eu o amava e não pude fazer nada. Não tínhamos escolha. Ele fez isso por nós, Heather. Precisa ir para lá.

— Não, mãe, não me peça isso.

— Não é um pedido, filha, nem é uma escolha.

— É sim. Tudo na vida tem uma escolha.

— Mas precisa fazer a escolha certa. — meus olhos marejam e as lágrimas caem.

— Preciso fazer uma pesquisa, então vou para o meu quarto.

— Daqui a pouco lhe chamarei para jantar. — ela hesita um pouco. — Eu te amo.

— Também amo você, mãe. — me levanto em direção à porta.

— Espero que um dia entenda o que fiz e possa me perdoar. — Não consigo responder nada em relação a isso e então, apenas deixo as lágrimas correrem pelo meu rosto e saio do quarto.



Fico um bom tempo no quarto. Faço as devidas pesquisas para o trabalho, mas não consigo tirar o que aconteceu hoje da minha cabeça. A sensação que tenho é de que tudo estava bem há algumas horas e de repente tudo desmorona. Vai ver, nunca nada esteve no seu devido lugar. Vai ver, esse não é o meu lugar. Mas não vou me entregar fácil. Tem muita coisa mal explicada.

Passo no quarto de Lexie para chamá-la, e lá está ela mexendo em seu computador.

— Vamos, Lexie, a mamãe está nos chamando. — disse eu.

— Já vou. — ela diz sem desviar os olhos da tela. — Venha ver uma coisa, Heather.Sento-me ao seu lado na cama para saber o que é, já que praticamente sussurrou ao falar, deve ser algo importante.

As imagens na tela me surpreendem. Tento disfarçar, para que Lexie não perceba. São imagens do Departamento. Como ela achou esse site? Ele não deveria existir, se segundo Jeremy, é secreto. Não entendo.

— Lexie, você sabe o que é isso?

— Sim. E lá talvez eu consiga uma cura. Eles têm a cura, Heather.

— Talvez o site não seja seguro.

— O que quer dizer? — ela pergunta de forma ingênua.

— Deve ser um site amador. Não pode confiar em tudo o que na internet, Lexie. — digo eu. — Me prometa que vai parar de ficar procurando isso, e não vai contar para a mamãe.

— Às vezes, você exagera. — ela fala, cansada do meu discurso. — Ok, eu não vou insistir. Mas eu só quero ficar boa.

— Não é assim que vai conseguir. Iremos dar um jeito. — termo acalmá-la. — Agora vamos descer.

O jantar foi de todo tranquilo, mas foi estranho o clima entre minha mãe e eu, e minha irmã talvez nem tenha percebido. Depois, pego no sono tentando entender essa história mal contada. Tento me desvencilhar de tudo isso, pois amanhã será complicado.

A HerdeiraWhere stories live. Discover now