Capítulo Doze

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O dia flui normalmente. Até que a diretora chega na sala. E quando a diretora aparece, boa coisa não é. Mas o dia estava tão normal que ela logo disse que era uma notícia boa.

— Silêncio, turma. — A sala se cala rapidamente. — Irá começar a organização e preparação para o Baile de fim de ano. 

— Estava bom demais para ser verdade! 

— Como sabem, os alunos do último ano ficariam de fora, já que estão se preparando para a faculdade. Mas houve uma modificação. Não irão apenas participar como também vão ajudar na ornamentação da festa, já que estão na reta final e o fim do ano se aproxima. — Um barulho de felicidade se espalha por todos. Mas o que tem de bom nisso? Talvez só eu vejo pelo lado ruim. — Pessoal, silêncio! — Ela limpa a garganta e continua. — Houve outras alterações. Ou melhor, adições. Haverá uma semana de competições. — Olho para trás e vejo os rostos confusos, e vejo que a Sr. Moore percebeu com clareza nossa expressão. — Calma, vou explicar: será uma competição de aptidão. Só será com as três turmas do terceiro ano. Mas toda a escola irá assistir. Nessas competições haverá competências e habilidades específicas para cada área profissional. Serão cinco. — Ela pega uma caneta e começa a escrever no quadro. — Deverão se inscrever e no final dos jogos vão receber o resultado que será a área de aptidão para cada um. E encerraremos com o baile no sábado. Não é necessário escolher o que o teste disser. Isso está sendo feito com a intenção de ajudá-los em suas escolhas. E queremos que façam a escolha certa. Obrigada professora. Tenham um bom final de dia.

Ela sai fazendo barulho com o seu sapato e pequenos murmúrios surgem na sala. Isso foi ótimo. Sinto uma certa empolgação dentro de mim. Uma certa esperança, de que essas competições me auxiliem na minha escolha. Estou sem direção, e esse campeonato pode me dar um caminho.

— Heather? — Theo me traz de volta à Terra.

— Oi.

— Gostou da notícia?

— Sim. As competições serão bem legais. — Olho para o quadro e vejo o que a Sr. Moore escreveu:

- Artes 

- Ciências Humanas 

- Ciências biológicas 

- Ciências Tecnológicas



A aula toca e agora vamos ver química. Encaminho-me ao laboratório com Theo.

— Você está pensando em ir ao baile? — ele parecia nervoso.

— Sim, nunca participei muito dos eventos da escola, você sabe. Então, estou sinceramente cogitando em ir.

— Então... Vamos... — ele me para ao dizer. — Quer dizer, você quer ir comigo?

— Sim, é claro. — Sorrio para ele. — Estamos ficando para trás, é melhor irmos.

Somos abordados por panfletos colados nos armários, paredes, quadro de avisos e muitos pôsteres sobre o baile. Com certeza produzidos pelos segundos anos. As inscrições irão começar amanhã e não tenho ideia do que escolher.

— Teremos que fazer todas as provas da competição.

— Sério? — digo assustada. Como assim? — Não podemos escolher?

— Não. Neste cartaz aqui diz que para obter um resultado mais preciso, teremos que fazer todas.

Eu até gosto de esportes e lutas, mas não sou boa e nem tenho preparo físico para tal coisa. E matemática, então — pulemos essa parte sobre matemática — nem se fala. Estou ferrada.

— Meu resultado vai dar inconclusivo. Heather Stinfer não tem aptidão para nenhuma área!

— Eu já te falei isso, você não quis acreditar. — Pego um bisturi que encontro na mesa do laboratório para fingir ameaçá-lo. — Calma, só estava brincando. — ele ri.

— Não usaremos isso hoje, Heather. Quem sabe na aula de biologia. — o professor brinca e pega o bisturi da minha mão.

É estranho estar na mesma sala que Chad, e não falar com ele.  Victoria, desde que a conheci, que sinto um certo desprezo por parte dela. Pode ser que seja apenas impressão ou coisa da minha cabeça, mas sinto isso. E meu Deus, eles estão aqui há apenas algumas semanas. Esses pensamentos navegam em minha mente. E decido que, após esse trabalho que iremos fazer, irei me afastar deles. Não quero ficar nessa situação com dois irmãos que chegam e deixam confusa.

— Acho que são vampiros. — Theo novamente me chamando a atenção.

— O quê? — percebo que ele se refere a Chad e Vick. — Aposto em alienígenas. — falo em um tom humorado.

— Continuo surpreso por convencê-los tão rápido.

— É por isso que estou com medo. Algo tem.

Ligo para minha mãe, para avisar que vou passar a tarde na casa deles. E confesso que nunca fiquei tão desesperada para dar 11:30. Percebo que Vick e Chad não estão na sala. Estão matando aula. Mas é a última aula! Deve ser pelo fato de que o professor é estranho. É só ele começar a aula que todos dormem. E apenas Theo, Logan, Jen e Jhonnattan e Amanda — sim, acredite — estão acordados além de mim. Até que o sinal toca, e todos automaticamente levantam e saem em disparada. E nada de Chad e Vick. Theo me olha meio que dizendo "vamos", e digo que preciso ir guardar os livros.

Saímos juntos, Jen e Theo atrás conversando algo que eu não sei. Chego ao armário tão rápido que parece que fiz um atalho, o que é impossível num andar cheio de corredores.

— Jen, sabe onde eles estão?

— Não faço ideia. Falaram irem resolver algo. Pensei que seria rápido.

— Acho que devem estar lá fora.

O corredor estava cheio de alunos passando ou esperando alguém. É quando o alarme de incêndio aciona, e todos saem correndo. Desespero-me, e fecho a porta do armário às pressas. Theo e Jen foram até o final do corredor, para ver se havia muito fogo. Quando dois caras surgem e os pegam. Grito e vou atrás, mas sinto alguém me algemar e colocar um capuz sobre minha cabeça. Não vejo nada. Me sacudo o máximo que posso, mas a pessoa que me segura — presumo que seja um homem — é maior e mais forte e todo o meu esforço é nulo. Ele me levanta e ouço Jen gritar e xingar alguém.

— Jen! — grito, mas fica abafado. — Jen! — não a ouço mais.



O homem que me sequestrou me coloca em um carro. E, após falar com alguém, tira o capuz que estava me sufocando. Ele é negro e musculoso, não tem cabelo nem barba, mas é bonito. Tem mais duas mulheres que desconheço.

— O que está acontecendo? — pergunto. — Onde estão eles?

Ninguém responde. Só me olham com dúvida, como se eu fosse a pessoa errada a estar ali. Seria ótimo se fosse. Afinal, eu fui sequestrada! Por que fui sequestrada? Vejo uma seringa apontada para o meu braço. Reluto contra o líquido transparente que vejo na seringa. Porém, não sou páreo para o cara de terno. Ele injeta e, aos poucos, vou perdendo a consciência... Meus olhos pesam, e eu tento não apagar, e sinto o líquido em poucos segundos me socar no rosto, pois entro num sono profundo.

A HerdeiraWhere stories live. Discover now