O começo do fim

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Embarca-se em barcos furados todos os dias, se perdem esperanças, desvaem-se olhares, sorrisos somente ecoam. Convido a mim mesma para um breve café, acendo meu último cigarro e questiono quem de nós está tentando morrer, se eu o fumando ou ele deixando-se ser tragado por um pulmão que não sente pena nem de si. Pena, sentimento perturbador, não? Deve ser por isso que eu não a sinto ao tragar essa fumaça que talvez me mate mas talvez, só me acalme naquele instante e, imediatista que sou, é só disso que preciso. Já li por aí que os que mais questionam a origem das coisas, são os mais propensos a sofrerem loucos por não encontrarem respostas, eu busco resposta, questiono até mesmo meu respirar, pois, pense comigo, se não pra isso (questionar, buscar respostas) por que então estaríamos nós aqui? Nesse lugar extenso, tão extenso que somos incapazes de dimensionar, somos nós um ponto dentro de outro ponto e outro e outro e outro, mas lá estamos, um ponto. Sabes que essa parte me alegra? posso ser apenas um ponto, mas não um ponto final, um ponto de interrogação, questionador, buscador de relíquias físicas e mentais. Das mais belas relíquias que se pode encontrar, penso que seja sentar num banco de uma praça qualquer, com aquelas folhas soprando, tomar um picolé de groselha e concluir que todo começo, é na verdade um fim, o começo do fim, fases, fases como as da lua, fases como as da nossa vida: nascer, viver, morrer. Embora eu me questione se a morte é mesmo o fim, chego a mesma conclusão: o fim do começo, e o ciclo se repete, a roda gigante chega ao topo mas volta ao chão, vai ao chão mas volta ao topo. Se no topo ou no chão, onde estivermos, e o que façamos, devemos dar aquele momento a importância que ele realmente tem, aquilo que chamamos de único. Fim ou começo, tudo é único. E e com essa reflexão torpe e desalinhada que Quimeras abortadas tem seu inicio, inicio do fim. Início das escritas e externação de pensamentos, fim de algumas horas vagas ou inúteis. E com capítulo de hoje, eu deixo tirardes a conclusão que quiser, acrescentando que: jamais esquecer, tudo que chega ao topo, volta ao chão.

Quimeras AbortadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora