Capítulo 7

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Pietro POV

Passo pela cozinha da mansão principal e aviso a nossa melhor cozinheira de que para o jantar quero uma saborosa pizza napolitana artesanal. Apesar de ela estranhar o pedido, aceita-o e dá-me indicação de que a terei pronta à hora de jantar habitual.

Depois disso vou ter com Erminio, o nosso mordomo, um homem de porte médio, na casa dos cinquenta anos, que trabalha na nossa família há anos e que sei que é uma das poucas pessoas que posso sempre contar e em quem confio plenamente.

Peço-lhe que passe pelo melhor restaurante de sushi no centro da capital e que me traga às horas combinadas um menu individual de moriwase. Sei que ele também estranha o pedido, porém não coloca nenhuma questão.

Quando regresso ao quarto encontro uma mensagem da Sabrina, a minha namorada de longa data, a pedir que passe por lá durante a tarde.

Por mais surpreendente que pareça, a família da Sabrina consegue ser mais influente que a nossa. Os Vientura têm no seu poder vários negócios dentro do país relacionados com as telecomunicações e, para além de terem ligações fortes ao governo, a sua fortuna é maior que o PIB de alguns países.

Conheci a Sabrina Vientura num concerto de ópera em Milão, quando uma tia dela reconheceu a minha mãe já que trabalhara com ela no passado. A partir daí guardámos o nosso contacto e reencontrámos-nos várias vezes em ocasiões às quais a tia dela e a minha mãe iam juntas e nos levavam com elas. Na altura em que começámos a namorar tinha dezassete anos, e até é estranho pensar que já passaram quatro anos e continuamos juntos.

O fato de morarmos ambos em Roma ajuda imenso, mesmo que ela passe alguns meses do ano nas outras casas que tem espalhadas pelo país, pois geralmente esse tempo passa rápido.

Quem não gosta muito dela é a minha irmã, Maria, que insiste que eu sou capaz de arranjar muito melhor. O que ela não percebe é que não há nada melhor que uma loira de corpo bem-definido e herdeira de uma fortuna que é o triplo da nossa. Já para não falar do quão boa ela é na cama, mas isso já é outra história.

Quanto à minha mãe, ela diz que somos perfeitos um para o outro e que não poderia estar mais satisfeita pela nossa relação. A tia dela acha o mesmo, o que é ótimo pois significa que temos a aprovação das duas famílias.

Saio de carro até à casa dela, que fica a quarenta minutos da minha, e pelo caminho penso no que irei fazer relativamente à Natália.

O meu pai não me chegou a contar a história toda, e o pouco que sei faz-me querê-la conhecer melhor.

Essa história começou quando o meu pai recebeu uma denúncia anónima a informar que a Sociedade Internacional de Assassinos Treinados, coisa que eu nem sabia que existia, estava atrás dele.

Para ser capaz de descobrir o motivo, enviou-me a mim para um hotel no centro de Roma juntamente a dez seguranças privados (sim, dez!) numa reserva em nome dele. Não sei como ele soube que isso ia resultar, mas resultou.

Nem eu fazia ideia de que aquela jovem de cabelos escuros, feições exóticas e vestido vermelho seria capaz de ser uma assassina treinada, e o pior é que sabia que muito provavelmente algum deles estava atrás de mim naquela noite.

Quando aquela lágrima lhe deslizou pelo rosto enquanto me apontava uma arma, percebi que a situação em que ela estava jamais teria sido por vontade própria. E acabei por sentir uma ligação entre nós que me fez compreender que o mundo fora mais injusto para ela que para mim.

Por isso, decidi jantar com ela esta noite, numa tentativa de a conhecer melhor, já que até agora sei tão pouco que mal dava para fazer uma lista.

Mesmo assim, tenho a certeza de que se chama Natália, pois a denúncia que fizeram ao meu pai incluía o nome de alguns assassinos que dominavam a nossa língua e apenas um desses nomes não era de alguém nativo de Itália, algo que o sotaque dela denuncia.

Chego por fim à mansão da família Vientura em Roma e deixo o carro no pátio em frente. A casa deles é tão luxuosa que podia ser facilmente confundida com um palácio de uma família real árabe ou assim.

Na entrada a porteira recebe-me e trata de ir chamar a Sabrina ao quarto. Passado uns minutos ela chega e recebe-me com um beijo demorado.

— Chegaste mais cedo que o previsto.

— Estava com saudades da minha princesa.

Ela beija-me mais uma vez e dá uma leve mordida no meu pescoço.

— Vem ter ao meu quarto daqui a cinco minutos - sussurra antes de desatar a correr pelas escadas a cima.

Vindo da Sabrina, posso esperar qualquer coisa.

Aproveito para apreciar a decoração e os quadros colocados na entrada e penduro depois o meu casaco num dos cabides.

— Poder vir — grita lá de cima.

Subo apressadamente e avanço até ao quarto dela que fica no final do corredor. Ao chegar, ela recebe-me com outro beijo, desta vez mais intenso, até que finalmente vejo que mudou para uma lingerie rosa com algumas rendas.

— Esta tarde acabou de ficar muito melhor.




Implacável: A Assassina InocenteWhere stories live. Discover now