Uma expressão de incredulidade passou por todos os rostos ali presentes, exceto o de Gina, a única que parecia não estar surpresa com a situação.

- Rose voltou mesmo? – Questionou Angelina, ainda sem acreditar.

- Um Weasley nunca abandona o outro. – Gina respondeu, piscando para Victoire que, o mais rapidamente que sua barriga de quase nove meses permitia, se esgueirou para fora da cozinha.

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Se para a família dos Weasley a situação estava difícil, para o departamento de mistério do Ministério da Magia a coisa não estava mais fácil. Albus Potter, apesar da pouca idade, chefiava o grupo que tinha como missão encontrar – vivo ou morto – o assassino de seu primo. Ele decidiu não comparecer aos atos fúnebres e, sim, contribuir verdadeiramente com sua família descobrindo o que estava por trás de toda aquela tragédia.

Estava sendo um dia difícil, cheio de gritos, depoimentos e apresentação de provas. Mas nada de conclusivo tinham encontrado. A pessoa que disparou o feitiço parecia ter simplesmente evaporado como fumaça. E a frustração de Albus começava a ser sentida por sua equipe, que acabou sendo dispensada algumas horas antes.

Agora, Albus Potter encontrava-se em sua sala, sentado atrás de sua mesa, com as mãos enterradas nos cabelos despenteados e grandes. Por fora, ele era muito parecido com o pai, mas por dentro, ele tinha apenas o sangue quente dos Weasley correndo por suas veias.

Sentia-se estranhamente culpado e inútil. Ele estava lá, ao lado de Hugo quando tudo aconteceu. Por que não conseguiu ver nada além do primo tombando? Como não enxergou ninguém suspeito, como não sentiu nada? Afinal, que espécie de auror ele era?

Não tinha nenhuma resposta para aquelas perguntas. E nem sabia como iria encarar a família sem tê-las em suas mãos.

Ouviu a porta bater, mas não se dignou sequer a pedir para a pessoa entrar. Já sabia quem era e, por saber, girou a cadeira para ficar de costas; para que o homem que estava agora, em frente a sua mesa, não visse seus olhos vermelhos ou sua expressão culpada.

- Potter, você devia ir pra casa. – Scorpius Malfoy murmurou com a voz firme.

- Não posso, eu preciso ver algumas coisas e...

- Não, cara! – Malfoy ergueu a voz. – Você precisa ir pra casa, tentar esquecer um pouco tudo isso... Voltar amanhã com a cabeça vazia. Vai ser melhor de pensar assim.

Potter ficou em silêncio alguns segundos, avaliando as palavras que aquele amigo tão recente lhe dizia.

- Como eu vou encará-los, Malfoy? – Questionou. – Eu estava lá, quando tudo aconteceu. Como eu vou olhar nos olhos da minha família, nos olhos dos meus tios, e dizer para eles que eu não vi nada? Que não tenho a menor ideia do que aconteceu?

Albus girou a cadeira, chocando os olhos do Malfoy quando este percebeu que ele chorava. Scorpius respirou profundamente, espalmando as mãos sobre a mesa.

- Eu também estava lá, quase do lado de vocês. – Ele falou. – Dezenas de outras pessoas também estavam lá, com seus filhos, comprando as bugigangas para Hogwarts, e ninguém viu nada também. Não é sua culpa, Albus. Não faça o que meu pai faz até hoje. Não se culpe.

Albus inspirou, o resto de sua dignidade de homem sendo salva pela lareira de sua sala, que acendia incessantemente. Rapidamente, quase fugindo de Scorpius, ele se levantou da cadeira e voou para o seu lado esquerdo, onde a imagem de uma mulher começava a se formar.

- Al, é você? – As cinzas em forma de mulher perguntavam. A voz chorosa penetrou não só nos ouvidos de Albus, mas nos de Scorpius também.

- Sou eu sim. – Ele respondeu, reconhecendo de imediato com que falava. – Como você está, Rosie?

Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)Where stories live. Discover now