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A minha primeira aula era Português. Parecia ótimo para começar as aulas numa segunda-feira logo de manha.

Mas como eu não tinha lá grande poder de escolha e como aquele era o curso que eu queria fazer, encaminhei-me para a sala 409 que sem exagero era no 5º andar da escola e esperei pacientemente perto dos meus novos companheiros de turma pelo professor.

Passado uns minutos de lá ter chegado a cima, apareceu uma senhora, baixinha e magrinha, com cabelo loiro assim meio despenteado, ondulado e embaraçado. Na realidade tinha um certo ar de maluca, mas parecia simpática. Ela abriu a porta da sala e eu deduzi que fosse a professora. Fui a ultima a entrar, não porque quis chamar a atenção, mas sim porque mal a mulherzinha abriu a porta, todas as pessoas pareceram abutres esfomeados a voar todos em direção á mesma hiena morta, atropelando-se e empurrando-se para escolherem todos os novos lugares. Quando eu consegui entrar na sala, já todos tinham ocupado os seus lugares e havia apenas uma mesa disponível. A da frente ao lado da janela. Agradeci a deus por isso, até preferia sentar-me à frente.

A professora clareou a voz como sinal que todos deviam de ficar calados e surpreendentemente, os alunos selvagens de 15 anos se calaram.

'' – Em primeiro lugar, bem vindos ao curso de Artes. Eu sou a Professora Annabella. Vejo que temos bastantes candidatos para este curso e feliz ou infelizmente muitos de vocês não vão chegar até o final do 2º período. Que isto sirva de aviso para os alunos que estão aqui porque pensam que isto é fácil e que vêm para aqui passear os livros. E todos os que conseguirem passar para o 11º não são os mesmo que vão chegar ao 12º. Por exemplo, vocês são...2, 4, 8, 14, 18, 23. À dois anos, entraram para o 10º deste mesmo curso, 30 pessoas, só 12 chegaram ao 11º e neste momento, no 12º só estão 5. Mas não desanimem, se se esforçarem e fizerem os módulos, vão ver que chegam ao fim do curso.''

Ela calou-se. Talvez para ver se alguém se atreveria a falar ou a comentar o que ela acabara de dizer. Ninguém o fez, logo, ela continuou.

'' – Bem, como todos já perceberam, eu sou a vossa professora de português se não, não estaria aqui.'' – Ela disse e sorriu. – ''Hoje, os nossos 2 tempos, vão servir apenas e exclusivamente para apresentações. Vamos usar 20 minutos do 1º tempo para vocês dizerem quem são que idade têm, de onde vêm e se este curso era ou não a vossa primeira opção. Depois, o restante tempo do 1º tempo vocês são usar para escrever uma pequena composição que fale sobre vocês. E no 2º tempo, cada um vai ler a sua composição.''

Parecia interessante.

'' – Vamos começar. Que tal se começássemos por esta menina aqui à frente.'' – Ela disse e olhou-me.

E eu já sabia que isso ia acontecer.

'' – Sou a Beatrice Miller. Tenho 17. Chumbei no 9º ano, depois quando passei para o 10º escolhi ir para humanidades. Tava tudo bem até o 11º onde chumbei. E não me apetecia fazer o 11º ano de novo por isso, como sempre tive um certo amor pelas artes, decidi tentar.''

'' – Se sempre tiveste um amor pelas artes porque é que não decidiste ir logo para artes?'' – A professora perguntou como se aquilo lhe interessasse realmente.

'' – Para ser sincera, humanidades nunca foi a minha primeira opção. Desde pequena que fui muito ligada a tudo o que tem a ver com arte. Sei tocar violino e piano. Sempre soube que queria seguir algo que tivesse a ver de certa forma com a arte. Mas os meus pais não apoiavam muito. Ambos os meus pais seguiram humanidades no 10º ano, e foi aí que se conheceram, mas quando chegou à altura, foram para áreas diferentes, a minha mãe foi para a área da Psicologia e o meu pai para Direito. O meu irmão esta no 12º de humanidades também e eu não queria ser a única da família a estragar esse tipo de tradição. Então fui para humanidades. Quando chumbei fiquei toda feliz porque pude voltar atrás e seguir artes. Os meus pais não ficaram lá muito agradados, mas eles perceberam que era o que eu queria mesmo, então apoiaram-me. Não havia muito a fazer, já tinha feito a matrícula e enviado quando disse que ia voltar atras para estudar artes. Entretanto mudamo-nos para esta cidade um bocado por causa de eu ter escolhido artes.'' – Quando me calei, sentia-me como se tivesse acabado de contar à minha mãe como é que tinha perdido a virgindade.

Life Guard || Nash Grier Ptحيث تعيش القصص. اكتشف الآن