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Depois de ontem à noite, eu precisei esfriar a cabeça e pensar em tudo que aconteceu nesses dois meses. Eu decidi correr pra pensar. Normalmente o melhor lugar para me acalmar e pensar, é no palco, mas o teatro ainda está fechado essa hora.

Meu mundo quietinho e controlado virou de cabeça pra baixo desde que Benjamin chegou. Eu lutei contra essa inquietação que eu sentia todas as vezes que encontrava com ele. No primeiro mês, eu tinha certeza que era só atração, afinal, vocês já viram Benjamin né? Ele exala sexo e desejo, mas fui trouxa. Eu sei que estou apaixonada por ele, desde a festa na minha casa. Essa mesma, à noite em que nós conversamos, eu bêbada e ele sóbrio, totalmente honesto. Aquilo me pegou tão desprevenida, que eu sabia que mesmo se lutasse contra, não havia mais jeito. Eu me lembro de tudo que conversamos, e sei que ele também se lembra do "Te amar" que eu soltei. Eu estou igual àquelas princesas chatas e melosas, que vê o mundo cor de rosa.

"Tô vomitando agora.". Minha consciência grita. Acredite, eu também.

Eu atravesso a rua em direção ao calçadão. O sol está nascendo, e não tem visão mais bonita do que essa. Exceto Benjamin dormindo nu.

"Chega de Benjamin.". Opa, eu não tenho culpa! Desculpa.

Eu me alongo em um banquinho e começo minha corrida. Eu nunca fui muito de fazer exercício, mas sempre adorei correr. Eu adoro a sensação de em sentir livre. Algumas pessoas falam que quando você anda de moto, você se sente leve, prestes a voar, eu sinto o mesmo correndo. Sem contar que eu ainda perco as calorias.

Uma hora de corrida, e eu sento em um banquinho pra respirar. Nem parece que choveu ontem, o céu está tão limpo, talvez fosse Deus me mandando procurar...

"Se você falar nele novamente, eu saio da sua cabeça, e te bato.". Ok. Relaxa, não está mais aqui quem pensou.

Eu levanto e atravesso a rua voltando pra casa. Lembra que eu falei da sensação de ter alguém me seguindo? Pois é, eu estou sentindo ela agora mesmo. Eu olho para um lado e depois para o outro, mas não vejo ninguém, está cedo ainda, e tem poucas pessoas correndo no calçadão. Eu aperto meu passo com uma inquietação nada agradável, e respiro aliviada quando vejo meu pai, em frente ao meu prédio saindo do carro. A sensação de estar seguida some imediatamente.

— Oi pai. — eu o abraço e ele beija minha testa.

— Oi Raio de Sol, está tudo bem?

Será que ele percebeu minha cara de assustada?

— Hm... sim. — eu tento disfarçar, mas meu pai é igual Mia, não deixa passar uma.

— Não acredito. Vamos tomar café e você me conta o que aconteceu.

Ele segura minha mão, tranca o carro, e assim que vou andando em direção à padaria da esquina, eu ouço alguém me chamar.

— Victoria.

Eu congelo imediatamente. Ai não, Benjamin não. Ele vai conhecer meu pai. 

Eu me viro com muita calma e o vejo correndo até mim. Está com um short de corrida e uma blusa do Fluminense. Eu reviro meus olhos, sabendo que meu pai, vai ficar bem contento em saber quem meu... Amigo é tricolor.

— Oi. — eu sorrio tímida e Benjamin se aproxima de mim.

Por favor, não me beije na frente do meu pai.

Ele da um beijo na minha testa e se vira para o meu pai.

— Prazer, Benjamin Dantas.

Eles se cumprimentam e meu pai abre um sorriso.

Entregando-MeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora