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Cinco dicas para a sexta.

1. Sorria
2. Vá a uma festa.
3. Beba tequila
4. Faça sexo
5. Mas quem se importa? É sexta-feira, amor.

Sorrio olhando para o bilhete que minha irmã colou na geladeira. Volto para o quarto, pego um marca texto e passo por cima da última frase.

Finalmente, sexta-feira. Normalmente, eu não fico tão ansiosa por uma sexta-feira, mas depois da semana que tive, eu estava desesperada por ela. Vocês devem estar me achando uma louca, já que na segunda-feira eu estava nos braços de Benjamin gozando em sua mão. Pois é, amigas... Um tsunami atingiu a minha semana depois desse dia. Vou resumir um pouco pra vocês.

Na terça-feira acordei disposta. Alegre. Depois do ocorrido com o Benjamin, eu estava eufórica, nunca tinha feito algo tão ousado assim. Mas estava com medo, por não saber o que eu estava sentindo. E por fim, excitada por lembrar-me dos seus dedos mágicos... Eu estava uma bagunça.

Eu e Mia chegamos ao ensaio, e tudo estava em perfeita ordem. Era o dia que íamos ensaiar com o figurino. As roupas eram normais, mas tínhamos que saber se dava tempo de trocar entre uma cena e outra. Já vi peças que o ator não conseguia ter esse tempo, e entrava no palco ajeitando a roupa. Péssimo.

Notei que Fabio estava bem agitado hoje, e quando ele fica assim, é melhor não se meter em seu caminho. Até Luana estava conversando comigo, pra vocês verem como meu dia estava sendo bom. Benjamin chegou e cumprimentou a todos e seguiu seu caminho no palco. Durante o dia ele não tentou se insinuar, me perturbar, ou falar qualquer gracinha. Ele estava distante, e isso era estranho. O ensaio terminou e Benjamin saiu como um jato pela sala se despedindo de todos.

Na quarta-feira, Fabio estava mais agitado do que na terça. Quando eu falo agitado, eu estou amenizando a situação. Ele estava histérico, arrancando os cabelos, eu via sair fumaça de seus ouvidos. Iguais àqueles desenhos animados de antigamente. Benjamin continuava sem fazer qualquer tipo de gracinha comigo, eu tentei perturbá-lo um pouco, mas ele nem deu bola. Só falava comigo nas cenas e o essencial. Ele era bipolar?

Na quinta-feira, minha irmã chamou alguns amigos da peça para uma social lá em casa. Fábio, desde segunda-feira, já tinha cortado tantas cenas, que eu nem sabia mais se ia ter peça ou não. Cada hora ele mudava uma coisa, e isso só deixava todo mundo mais aflito. Ele gritava com a gente, mandava fazer tudo de novo, e chegou a jogar um tênis em um dos meninos. Como prometido.

Benjamin parecia estar de bom humor, falava com todos, sorria, brincava, mas em particular, me ignorava. Já tinha desistido de entender o humor dele, então eu só o ignorei. Não pensem que eu sou essas mulheres chatas que gruda no homem depois de ter seu primeiro orgasmo com ele. Não é isso. Eu gosto de conversar com Benjamin, ele é uma pessoa legal. Exceto quando estava sendo bipolar, tipo essa semana.

E aqui estamos nós, sexta-feira. Ontem saímos do teatro sabendo que não teríamos ensaio até segunda, pois Fabio teve que viajar para resolver alguns problemas pessoais. Ele preferiu não tocar no assunto, e falou que segunda-feira conversava com a gente.

Mia já tinha acordado e ido para a faculdade. Eu tomei meu café, e agora vou arrumar a casa. Acho que se quinze pessoas entrarem aqui hoje, os moveis terão que sair. Pois é, meu apartamento é grande nesse nível. Vou começar arrumando pelo meu quarto, não que eu tenha a intenção de levar alguém lá, mas é sempre bom se prevenir, né?

Ligo o som, porque é impossível arrumar a casa no silêncio, e deixo Shake It Off da Taylor Swift tocar. Começo pelo meu quarto. Arrumo a cama, troco os lençóis, limpo os banheiros. Eu sei que não preciso limpar o quarto de Mia, porque ela é tão sistemática com seu quarto, que parece que tem TOC.

Em seguida vou pra cozinha, começo lavando a louça do meu café, depois varro o chão, passo um pano na bancada e termino na sala. Eu reclamo por ter um apartamento pequeno, mas se eu morasse em um grande, nem faria faxina.

Acabei! Eu guardo os produtos de limpeza no armário e vou indo em direção ao banheiro, mas meu celular toca, e é Mia.

— Oi cadela.

— Oi. Pode me ajudar? Estou aqui embaixo com algumas compras.

— Sim senhora. — calço o chinelo e desço.

Quando chego à portaria eu reparo na roupa que estou usando. Porra. Eu estou com um vestido soltinho que mal cobre minha bunda, e adivinhe? Sem calcinha!

Merda, eu tenho que parar com essa mania.

Tento voltar para o elevador, mas Mia vai surtar se eu demorar mais três segundos. Olho de um lado para o outro e nem o porteiro está aqui, respiro aliviada e saio em direção à garagem. Assim que chego vejo minha irmã falando sozinha.

— Falando sozinha? — eu pergunto. Ela olha pra mim sorrindo e aponto para o lado.

— Não. Olha quem está aqui.

Eu viro a minha cabeça e vejo Benjamin parado com duas caixas na mão.

Ai não. Merda, eu tô sem calcinha.

Ele olha pra mim de cima abaixo, e para seu olhar em minha boca. Eu mordo o lábio para não gritar. Eu quero sair daqui agora.

— O que você esta fazendo aqui?

— Hm... — ele abre um sorriso tímido e da de ombros. — Eu moro aqui.

— Você O QUE? — não era pra eu ter gritado, mas gritei. — Desde quando? Nunca te vi aqui.

Ele sorri e começa a ir em direção ao carrinho para colocar as caixas.

— Desde uma hora atrás, quando assinei o contrato.

Entregando-MeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora