Capítulo 52: Caminho ao Vale

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Melanie esperava para ver quem sairia do portal. Havia doze pessoas na organização chamada de Espadas do Alvorecer. Para Melanie, todos eram desconhecidos, mas vinham desde séculos antes trabalhando sabe-se lá em que. Ela sabia apenas que eles não tinham uma boa intenção.

Quem saiu era obviamente uma mulher, apesar do casacão de inverno cinza. Ela usava uma máscara redonda e lisa, que cobria todo seu rosto, deixando apenas um buraco para o olho castanho-escuro esquerdo. A máscara, de um tom leve de lilás, tinha vários escritos aos quais reconheceu sendo chineses. Melanie não considerava aquelas marcas algo esperto, pois eram uma indicação óbvia dos poderes deles e, consequentemente, uma pista para a fraqueza deles.

Melanie estava diante da Espada de Chi You, o deus da guerra chinês.

Num salto, a desconhecida avançou rápido, atacando fisicamente Melanie, que se defendeu habilmente. Trocando socos e chutes, as duas usavam e abusavam da magia, cada uma a seu estilo. A Artista conseguiu se desvencilhar da mascarada e recuou alguns metros, o bastante para invocar seu martelo de batalha e Arma, Riesenheim. Contudo, antes que conseguisse atacar, a inimiga já estava em cima dela com uma espada típica chinesa – lâmina reta de fio duplo, a proteção dourada e com várias grafias chinesas e o punho de madeira com o fim dourado, em que um enfeite vermelho de pano prendia-se indo de um lado para outro conforme ela atacava.

Kung fu, Melanie pensou. Era óbvio que a garota lutava kung fu e que sua magia dependia principalmente daqueles movimentos. Um chute da garota na face de Melanie afastou-as. Ela posicionou a espada diante de si, na vertical e disse umas palavras em chinês que, obviamente, Melanie não entendeu. Palavras brilharam em dourado na lâmina. A garota iniciou uns movimentos ritmados, como em um ritual, e Melanie deduziu que se ela terminasse, seria o fim. Então, atacou.

O martelo parou a um metro da garota em um escudo invisível. Então ela parou sua dança e olhou direto nos olhos de Melanie, que imaginou naquele momento o sorriso de sua inimiga. Com uma agilidade incrível, a espada veio em direção ao estômago da Artista, que se defendeu por pouco do ataque com Riesenheim.

Os olhos de Melanie arregalaram ao notar que Riesenheim ficara mais pesado.

– O que você...? – Ela não terminou.

– Chi You é o criador das armas de metal, isso significa que posso alterar a composição deles a meu favor, até mesmo aumentar o peso. Um feitiço que requer um pouco de tempo, como você mesmo notou, mas bem útil. – A garota respondeu com uma voz de desdém, como se não quisesse explicar.

Tendo um pouco de dificuldade, ela atacou. A mulher se defendeu. No momento que o martelo foi bloqueado pela espada, ele ficou mais pesado. Melanie, então, entendeu como o feitiço funcionava: primeiro as palavras, aquelas que ela disse alguns minutos antes. Segundo, a dança, que era basicamente repetição de movimentos do kung fu, contudo mais suavemente. Terceiro, a espada dela tinha que acertar o alvo. Consequentemente, as fraquezas do feitiço eram: impedir que ela dissesse as palavras, parasse a dança e, agora, que sua espada não tocasse em Riesenheim. Duas delas era tarde demais para fazer e seria impossível lutar contra alguém tão habilidosa sem o martelo. Devia evitar ao máximo bloquear os ataques.

A garota se afastou de novo e iniciou um movimento de meia-lua com a espada. Outro feitiço, pensou. Ela recitou algo que soou como um poema para Melanie e no segundo seguinte, atacou ainda mais rápido que antes. A Artista conseguiu desviar de muitos dos ataques, que eram de frente, porém extremamente rápidos. Por isso ela foi obrigada a se defender algumas vezes com o martelo, que acabou tão pesado que ela não conseguiu mais levantá-lo. Foi obrigada a desinvocá-lo, abrindo uma brecha imensa, que a adversária obviamente aproveitou. Quando a espada estava quase no pescoço da Artista, uma voz grave e profunda, porém também abafada por uma máscara, disse:

– Já chega!

Melanie virou-se e viu um homem mascarado como a garota: uma máscara redonda deixando apenas o olho esquerdo, que no caso dele era um azul penetrante, à mostra. Porém, os escritos em sua máscara eram runas nórdicas.

– Você já venceu, Camilla. – Ele andou até Melanie e tocou seu ombro.

Ela estava em uma floresta escura, iluminada fracamente por uma luz verde que passavam pelas folhas que davam a cor. Não entendeu. Onde estava? Os machucados doeram. Reparou que ela estava ensanguentada e que suas roupas estavam praticamente destruídas. Ela tinha cortes por todo o corpo, mas nenhum era profundo ou causava algum risco a sua vida. Não estava fazendo sentindo. A um segundo ela estava bem no meio do deserto e agora estava em uma floresta. E de onde haviam surgido todos aqueles ferimentos?

Notou que em seu braço direito havia um desenho. Uma palavra, ela sabia de alguma forma. Mas em qual língua, não soube dizer.

– Se você não se perder. – Uma voz masculina disse. – Por que acha que este lugar está abandonado? Milhões se perderam nesta Floresta e foram mortos pelas três Feras. Ninguém sobreviveu para contar onde é à entrada do Reino dos Sonhos. Nem mesmo Dante soube onde é, soube apenas que de alguma forma chegou lá.

Melanie ouvia vozes vindas de algum lugar a sua direita. Em silêncio, seguiu-as.

– Então alguém atravessou e sobreviveu a Floresta. – Uma voz feminina retrucou.

– Sim, apenas por ter a ajuda de uma alma que já estava do outro lado. – O mesmo homem disse.

– E como, então, vamos chegar lá? – A mesma mulher falou.

– Igual ao Dante. Você irá dormir.

Dante?, pensou, Será que estão falando de Dante Alighieri? Se estiverem, significa que eu possa estar na... Melanie agora tinha uma visão das pessoas que falavam. Era um grupo de três pessoas. Um homem de pele cinza escura fosca e hieróglifos egípcios desenhados em branco nos ombros definidos – de alguma forma ela soube que era um deus –, outro homem vestido com um sobretudo preto que tinha um coração com detalhes tribais. Achei que eles estavam extintos, pensou. Deixando isso de lado, ela observou a garota. Era familiar. Então lembrou-se: era ela da turma de Aaron no Colégio Andersen. Contudo, não lembrava seu nome.

A garota deitou, enquanto o homem de sobretudo ficava de guarda e o deus virava um chacal imenso e cinza e entrava correndo na floresta.

Sim, estou mesmo na Floresta da Infinita Escuridão, estou perto de um dragão. Apesar de se sentir esgotada, e sem saber o porquê, ela tentou um feitiço de escudo para protegê-la enquanto dormia. Então, sentindo uma dor absurda, ela sentou, se recostou numa árvore e dormiu.

Ela ainda estava na floresta, porém, ao contrário de quando acordada, ela não estava machucada nem suas roupas estavam rasgadas. Tornou os olhos para onde estavam aquelas pessoas e viu que apenas a garota estava ali. A menina foi pela floresta, Melanie a seguiu. As Três Feras estavam encurralando-a, enquanto a Artista passava despercebida. Finalmente, elas se dissiparam e a garota parou diante de uma gruta. A entrada para o Reino dos Sonhos, onde estava o dragão.

Melanie entrou logo depois da garota, porém quando chegou à porta viu dois olhos roxos encarando-a em meio ao breu com uma ferocidade quase animal.

– Quem está aí? – Ouviu a voz da garota.

– Meu nome é Melanie. Melanie Craymer. – Respondeu; os olhos desapareceram.

– A bibliotecária? – A garota adiantou-se, deixando seu rosto revelado pela luz que entrava pela porta.

– Sim. Você estudou no Colégio Andersen, não é?

– Sim. – Respondeu. – Meu nome é Elena. Elena Treagus.

Osolhos de Melanie se arregalaram. Mais uma vez o destino estava brincando comela, pois ali, diante dela, no lugar mais improvável do mundo, ela encarava afilha de um dos homens que ela mesma assassinou. 

***

Hey there, friends

Um capítulo direto do forno pra vocês e, a melhor parte, hoje é o dia certo! (haha) Nenhum imprevisto aconteceu até agora, então estamos indo bem.

Espero que tenham gostado!

Até semana que vem!

P.S.: Semana que vem trarei notícias sobre o romance que estou escrevendo. Então se você gosta de histórias de amor, fique ligado.

AfterlifeWhere stories live. Discover now