Capítulo 48: Corrupção

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Elena Treagus fitava Jonathan, o pai de Leonard, sem acreditar e, ainda, esperando sua resposta. Nunca que ela imaginaria que ele seria algum tipo de super-herói. Os dois, Jonathan e Nathanael estavam presos em gaiolas feitas de fogo do Inferno que ela invocara – uma das vantagens com o pacto com a Voz, como o chamou, é que ela sabia todas as palavras que podiam fazer mágica em qualquer língua falada por homem, fosse morta ou não.

– Eu vou com você. – Ele finalmente respondeu.

– Isso é impossível! Você não tem coração. Não pode trair ao Conselho! – Nathanael disse.

– Muitas coisas mudaram desde aquela batalha contra Lúcifer, Caído. Desde que os Caídos foram mandados de volta ao Paraíso e de nós sobrou apenas eu, muitas coisas que eu julgava impossível aconteceram. Uma delas é que ganhei um coração e, com ele, a habilidade de manipular os cinco elementos.

– Está me dizendo que o ar não é o único que você consegue manipular?

Ele posicionou-se como se fosse combater e movimentou-se, dando socos no ar, ou melhor, na gaiola que o prendia, mas sem tocá-la. Aos poucos, duas grades foram se afastando, como se as tivesse puxado. Depois de um tempo, elas estavam afastadas o bastante para que ele estivesse livre.

– Isso é impossível. – Nathanael gaguejou incrédulo.

– O fogo do Inferno é um tanto difícil de manipular, mas não é impossível. Nesses três anos eu lutei bastante com demônios devido, já que vocês voltaram à Glória. E, como eles basicamente usam o fogo para combater, eu treinei manipulá-lo. Não o faço com perfeição e sou um tanto demorado, todavia consigo. – Explicou. – Vamos indo, Elena.

Ela montou em Anúbis, que mandou que segurasse. Ele ia novamente misturar a realidade com o Duat. Antes de partirem ela se virou para Jonathan.

– Nos encontramos no Vale?

– Sim. – Ele respondeu.

Os dois, então, correram. Jonathan saltou e, usando o vento, voou.

****

O anjo Nathanael simplesmente não conseguia acreditar que Jonathan, o último Heartless vivo, havia conseguido um coração. Como? Quem dera um coração para ele? Por quê? Como? E isso conseguira corrompê-lo e o fez, ainda, trair ao Conselho de Prata. As coisas realmente estavam mudando. O Paraíso, a perfeita utopia, estava em guerra. Os deuses – pelo menos um dos que sobreviveram – estavam se libertando e voltando para a Terra. Algo muito ruim estava por vir. Será que era aquilo que Miguel contara enquanto voavam para Nova Jerusalém? Seria mesmo possível que a Batalha das Eras iria mesmo começar?

Você ainda não tinha sido criado na época e eu – Miguel contava – era um jovem querubim quando a Primeira Guerra Celestial aconteceu. Nós fomos obrigados a nos tornar guerreiros, pois o Senhor lutava contra a Morte e o Mal em pessoa e os Filhos do Abismo poderiam conquistar com facilidade a Cidade de Prata. Nós lutamos, vencemos e a paz foi restaurada. Contudo, os dois inimigos ainda estavam livres, apesar do Mal estar enfraquecido. Deus não podia matar nenhum dos dois devido ao Equilíbrio e as Leis. Enfim, não tenho tempo para explicar todos os detalhes. O Mal, depois que o Senhor criou o Paraíso e a nós, criou criaturas imortais, de aparência humana e com poderes sobrenaturais e as colocou no lugar que chamou de Duat. Quando ele estava forte de novo – e isso aconteceu quando os homens já estavam sobre a Terra – ele espalhou suas criaturas pela Terra para tirar o foco dos homens de Deus. Eles chamaram esses seres espetaculares de deuses.

O Criador decidiu fazer algo e criou uma prisão para o Mal e fez as chaves dessa prisão usando alguns deuses. Os escolhidos para chaves ou que tinham um propósito no futuro e seus Panteões – como é chamada uma comunidade de deuses – foram expulsos da Terra. Eram o Panteão Grego, o Nórdico e o Egípcio. O Conselho disse que há de chegar o dia em que o Mal se reerguerá. É o que eles chamam de a Batalha das Eras. Uma guerra que envolverá os sete mundos. Aquilo que está por vir.

Será que isso é mesmo possível? Será que a Segunda Guerra Celestial que está acontecendo nesse momento tem a ver com tudo isso? Batalha das Eras... Será que realmente uma batalha assim está por vir?, Nathanael estava tão imerso em seus pensamentos que se esquecera de que estava dentro de uma gaiola. Pensou em alguma forma de sair da gaiola, sabia que não conseguiria abri-la, então ele teria que sair de lá.

Anouvot. – Ele disse a palavra na Língua de Prata.

Algo como um buraco negro surgiu dentro do olho dele, sugando-o. E, do lado de fora da gaiola, outro surgiu e expeliu-o. Ele ficou imediatamente cansado após o feitiço celestial. O próximo passo era contatar o Conselho imediatamente, mas ele não tinha energia nem para voar, o que dirá para mandar uma mensagem ao Paraíso. Ele sentiu-se cansado, mas havia algo errado. Estava mais cansado do que o de costume quando usava magia celestial. Parecia que havia alguém sugando sua energia.

A consciência dele foi aos poucos indo embora, mas antes que sua visão fosse embora totalmente, ele pode jurar que um homem de imensos cabelos brancos vinha em sua direção.

****

Poucos minutos de cavalgada haviam passado quando Anúbis parou. Jonathan parou ao lado deles. Diante dos dois estava uma pequena vila cercada por uma floresta fechada, que por sua vez estava cercada por uma montanha de pico enevoado. Aquela vila não parecia habitada há pelo menos cinco séculos, ela deduziu, devido à rusticidade das casas e as eras e musgo que cresciam pelas paredes.

– Chegamos. – O deus anunciou depois que Elena desmontou e ele voltou à forma humana.

– Este lugar é... – Jonathan começou.

– Sim. – Anúbis respondeu. – Está é a Floresta da Infinita Escuridão, uma das portas para o Inferno e o lar de Abakur.

– Vocês têm mesmo coragem de vir até aqui. Mas como pretendem chegar até lá?

– Lá onde? – A garota perguntou.

– No Reino dos Sonhos.

– Onde? – Anúbis perguntou.

– Não tem como explicar de forma simples. Então, vamos lá. – Ele não parecia feliz tendo que explicar. – As sete portas para o Inferno são feitas em três partes. Tomando a que está na nossa frente como exemplo, a Floresta está aqui, na Terra, a segunda parte, onde está o dragão, está entre a Terra e o Inferno, ou seja, no Reino dos Sonhos. E a terceira, é óbvio, está no Inferno. Para que vocês cheguem até o dragão, vocês têm que atravessar esse terço da Floresta. Como vocês pretendem fazer isso?

– Andando, oras. – Anúbis zombou.

– Se você não se perder. – Jonathan retrucou. – Por que acha que este lugar está abandonado? Milhões se perderam nesta Floresta e foram mortos pelas três Feras. Ninguém sobreviveu para contar onde é a entrada do Reino dos Sonhos. Nem mesmo Dante sabe onde é, sabe apenas que de alguma forma chegou lá.

– Então alguém atravessou e sobreviveu a Floresta. – Ela retrucou.

– Sim, apenas por ter a ajuda de uma alma que já estava do outro lado.

– E como, então, vamos chegar lá? – Ela perguntou.

–Igual ao Dante. Você irá dormir. – Jonathan respondeu.

***

Hey there, readers

Hoje é dia de Afterlife! Um capítulo com algumas explicações que podem gerar confusão. Se isso acontecer, deixe nos comentários para que eu possa explicar a vocês!

Espero que gostem e boa leitura!

Até quarta que vem!

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