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Blanca se sentia a pior mãe do mundo, por não saber ajudar Dulce. Viu Fernando sentado, com um ódio indecifrável no olhar. Fernando queria acabar com a vida de Christopher mais do que nunca naquele momento. Ele não aceitava que seu pior inimigo, estava namorando sua filha. Ah, sua filha. A filha dele, não. Isso não. Dulce sempre foi o ponto fraco do pai, desde pequena. Ele nunca esperou essa atitude dela, não mesmo. Quis bater mais ainda, mas seria inútil. Ele tinha que arranjar um jeito de acabar com aquele namoro. Não podia e não queria ter Christopher como genro. Ninguém quer ter um traficante na família, certo?

Blanca se levantou, foi até o quarto de Dulce, deixando Fernando sozinho na sala. Dulce abraçava forte um travesseiro, enquanto sentia suas lágrimas de dor e desespero queimarem sua face. Soluçava. Sentiu uma mão tocar seu ombro. Era Blanca, sua mãe. Olhou pro lado, e sem pensar mais, a abraçou o mais forte que podia. Queria ser amparada pelo calor materno, algo que sentiu raramente em sua vida. Blanca acariciava o cabelo de Dulce. Percebeu que ali, em seus braços, não estava mais a adolescente que vivia fazendo loucuras besteiras em casa, brigando com o irmão e desobedecendo. A forma como ela aguentou calada por sabe se lá quanto tempo esse segredo, que devia martelar sua alma, a forma que ela defendeu o irmão, mostrava que ali nos braços de Blanca, a flor "mulher" já havia brotado em Dulce. Apesar de tudo, Blanca sorriu. Ainda chorando, não sabia se era de orgulho ou de tristeza.

- Mãe, me perdoa. Por favor. - Dulce dizia baixinho, apertando a mãe. - Não me deixa sozinha mãe.

- Filha... - Blanca tentava secar o rosto dela. - Eu jamais faria isso, mesmo que você fosse a pessoa mais errada do mundo. Eu sou sua mãe, devo te amar incondicionalmente.

- Apenas você, só você. Meu pai me odeia agora, eu sinto.

- Não diga isso, seu pai te ama. Sonhou muito em ter uma filha, e ganhou uma maravilhosa.

- Maravilhosa, onde? Eu envergonhei vocês.

- Tudo bem, não era meu sonho ver você namorando um cara como esse. Mas... as coisas acontecem, né?

- Desculpa, eu não escolhi me apaixonar por ele...mãe.

Blanca aninhou a filha, que apesar de agora parecer uma mulher, chorava como um bebê.

- Ninguém escolhe por quem vai se apaixonar, meu amor. A gente só se apaixona e as vezes não sabe o motivo. - Suspirou. - Me diz, como aconteceu? Como vocês se conheceram?

Dulce respirou fundo e se acalmou. Explicou desde o dia que o conheceu, até o começo do namoro.

- Quando vi, estava amando ele com tanta força... e ele também me ama.

- Como você sabe? - Blanca questionou a filha.

- Quando somos amadas por um homem, a gente não sabe. Apenas sente.

Uma lágrima de orgulho caiu dos olhos de Blanca, que sorriu em seguida.

- Eu não estou aqui para te julgar, de verdade, filha. Eu não queria que você namorasse com ele, estou sendo sincera. Mas... - respirou fundo. - não adianta eu proibir, eu sinto que vocês se amam de verdade, e seria inútil qualquer proibição. Melhor eu... guiar seu vôo, do que cortar suas asas.

- Obrigado mãe... mas, preciso te contar uma coisa.

- Nós vamos ao ginecologista, ela vai te receitar uns anticoncepcionais...

- Mãe eu... preciso falar. - Dulce tentava dizer.

- Você vai tomar os remédios para não correr riscos e além do mais, vai estar protegida.

- Mãe. - Dulce balançou a cabeça negativamente. - Não, mãe. Não. Não adianta.

- Sim, adianta, assim você não corre riscos de...

Dulce notou que tentar falar era a coisa mais inútil naquele momento. Antes que sua mãe pudesse completar a frase, ela pegou a mão se Blanca e colocou sobre sua blusa, passando a mão sobre a barriga. Blanca olhou pra filha, engoliu seco. Não queria acreditar, balançou a cabeça negativamente.

- Sim, mãe. Eu... tô grávida do Christopher! - com o nervoso, Dulce mordeu os lábios.

- Não, não... - Blanca tremia. - Dulce, filha! Você não tomou cuidados?

- Até tomei, mãe... mas foi inútil. O modo como eu tomei o anticoncepcional foi totalmente errado.

- De quantos meses você está?

- Caminhando para o segundo mês, creio eu...

- Dulce! - Blanca levou a mão na cabeça. O que faria? Numa hora, Fernando perceberia a gravidez, todos perceberiam.

- Mãe, não veja como um pecado. Eu também pensei isso mas... Agora, o jeito que você me abraçou, me acolheu... só me mostrou que, assim como você foi escolhida para ser mãe... eu também fui. E olha... -Dulce passava a mão na barriga, que quase não dava para notar, mas estava mais redondinha. - O bebê não tem culpa de nada... ele é tão inocente, e já me ama... sinto isso. Seria muita crueldade me livrar de um anjinho assim.

Blanca sorriu novamente com uma lágrima no rosto. Se perguntava em que parte da vida, Dulce havia crescido tanto.

- Meu amor! - Blanca novamente abraçou a filha. - Estou sem palavras para sua atitude. E... Nos nomes, você já pensou?

- Bom, você sabe que eu sempre adorei o nome Nicolas, então se for menino... Nicolas.

- E se for menina?

- Se for menina... bom, um dia eu estava passeando com Christopher, e uma menina de aproximadamente 3 anos esbarrou na gente, aí ele pegou ela no colo, perguntou se tava tudo bem e perguntou o nome dela... era Sofia. Logo depois, ele disse que sempre adorou esse nome. Então...

- Então... Será Nicolas ou Sofia.

- Isso! - Dulce novamente sorriu.

Mãe e filha, como a muito tempo não estavam, ficaram ali no quarto, conversando por horas. Blanca contava da época que estava esperando Dulce e ensinava ela como cuidar de um bebê. O susto de ser avó, já estava diminuindo. Ela já estava se acostumando com a ideia.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde as histórias ganham vida. Descobre agora